(In)atividade física: Um comportamento intrínseco humano? Um ensaio baseado em teorias emergentes
Por Fábio Hech Dominski (Autor), Willian Arins Medeiros (Autor), Guilherme Torres Vilarino (Autor).
Parte de Boas práticas na educação física Catarinense 2023 . páginas 44 - 61
Resumo
Apesar de o crescente corpo de evidências científicas apresentar dados consistentes sobre os benefícios da atividade física para a saúde humana (WARBURTON; BREDIN, 2017), isso não tem sido suficiente para manter as pessoas fisicamente ativas. Dados de estudos populacionais mostram que 27,5% dos adultos (pesquisa com 1,9 milhão de pessoas) e 81% dos adolescentes (pesquisa com 1,6 milhão de pessoas) são fisicamente inativos (GUTHOLD et al., 2018; GUTHOLD et al., 2020). De fato, existe e já existia antes da covid-19 uma pandemia de inatividade física, que é caracterizada pela insuficiência em praticar atividades físicas e não necessariamente por comportamento sedentário: este é o tempo gasto em posições com baixo gasto energético, como sentado, deitado ou reclinado, sendo o último outro constructo, mas que diversas vezes é confundido. A combinação da inatividade física com o elevado comporta mento sedentário é nociva à saúde (KATZMARZYK et al., 2019). Uma em cada seis mortes ocorre devido à inatividade física, sendo ela a quarta principal causa de morte no mundo (OMS, 2010). Com esforços de promoção de atividade física, consegue-se aumentar o conhecimento das pessoas sobre os benefícios da atividade física, porém a população, mesmo consciente desses benefícios, tem falhado em converter intenções em ações, não realizando atividade física regularmente (MALTAGLIATI et al., 2022). Parece que o modelo educacional médico que orienta “atividade física faz bem para a saúde, então faça” não é suficiente. É preciso reconhecer que é improvável que os benefícios esperados para a saúde influenciem a favor da atividade física em detrimento de alternativas sedentárias (MALTAGLIATI et al., 2022). O comportamento de saúde não se baseia apenas no processamento reflexivo de informações (SCHINKOETH; ANTONIEWICZ, 2017).