Resumo
Tomaram-se as incapacidades físicas da hanseníase (IFH) como objeto central de estudo, no sentido de deslindar se, na atualidade, constituem coisa do passado ou problema do futuro. Partindo-se do amplo patamar de textos acadêmicos e de documentos de organismos nacionais e internacionais voltados à epidemiologia e controle da hanseníase, procurou-se estudar, no seu interior, destacadamente, as incapacidades físicas. A reconstrução metodológica adotada foi de natureza qualitativa, fulcrada nas técnicas de revisão bibliográfica e análise de conteúdo. Esta aqui foi empregada na tipificação documental categorial frequencial contigencial, de acordo com devida fundamentação pertinente. Uma das principais tendências das IFH que repetidamente se constatou foi o reconhecimento oficial da importância que vêm merecendo, em flagrante contraponto com a prioridade que lhes é conferida, em termos de decisões, investimentos e práticas, na medida em que estes elementos têm centralizado seus saberes e agires na ação bacilar direta dentro e fora do organismo humano, abrindo, em conseqüência, espaço expressivo para atuação de organizações não governamentais e associações congêneres quantos aos aspectos reabilitacionais da moléstia. Esta incursão pelo plano macro-analítico do passado se complementa com a revisita crítica que se procede a dimensões mais estritamente aplicadas das IFH com questões contemporâneas do corpo e do movimento. A decorrência desta realidade é posta, a seguir, na direção de respectivas conclusões: projeta-se que os coeficientes de incidência da doença colocam reptos econômicos e sanitários a desafiar desde o modelo neoliberal de organização societária e mundial até competências específicas das ações das equipes de saúde em campo.