Resumo

O inexorável declínio das capacidades motoras ao longo do envelhecimento propicia uma população idosa com diversas limitações funcionais. Dentre estas, a capacidade de locomoção, por estar associada ao risco de queda, tem sido objeto de estudo de diversos trabalhos. A adoção do treinamento de força e de potência como estratégia de intervenção para atenuar os efeitos negativos do processo fisiológico ou patológico do envelhecimento têm sido bastante discutidas. Contudo, os efeitos dessas intervenções em indicadores biomecânicos da marcha não foram ainda plenamente debatidos. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo comparar os efeitos desses dois protocolos de treinamento nas capacidades funcionais e em parâmetros biomecânicos da marcha de idosas. Foram formados três grupos de estudo do sexo feminino, homogeneizados pela idade, índice de massa corporal e nível de atividade física: o grupo controle (GC: n=8, 69±4 anos de idade), o grupo força (GF: n=6, 67±4 anos de idade) e o grupo potência (GP: n=7, 68±4 anos de idade). Ao GC não foi induzida qualquer atividade extra à sua rotina. Já o GF e o GP foram submetidos a 12 semanas de treinamento de força e de potência, respectivamente, com periodicidade semanal de três sessões. Enquanto que o GF executou os exercícios propostos com velocidade moderada (70-90% de 1RM), o GP executou-os com velocidade rápida (40-60% de 1RM). Prévia e posteriormente ao período de intervenção, foi conduzida uma avaliação cinemática e eletromiográfica da marcha das participantes, bem como da sua capacidade funcional e de equilíbrio. Enquanto que o GC não apresentou alterações significativas após as 12 semanas de intervenção, o GF e o GP melhoraram a força de extensores de joelho (g=2,39 e g=1,47, respectivamente), a potência de membros inferiores (=0,58 e =0,31) e de membros superiores (=0,33 e =0,53), a flexibilidade de membros inferiores (=-0,14 e =-0,18), apresentaram uma redução da velocidade (g=-0,58 e g=-1,18) e do pico de frenagem horizontal do calcanhar (g=-1,27 e g=-1,35) antes do contato inicial, e uma redução da co-ativação de vasto lateral e bíceps femoral (g=-1,18 e g=-0,95). Os resultados sugerem que tanto o treinamento de força quanto o de potência são eficazes para promover melhoras funcionais e na marcha de idosas, consistentes com um padrão de movimento mais seguro e econômico

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