Indicadores multidimensionais do potencial esportivo de jovens futebolistas
Por HLB de Paula (Autor), EM Coelho (Autor), DM Barbosa (Autor), MO Matta (Autor), JCB Marins (Autor), FZ Werneck (Autor).
Resumo
O processo de identificação, seleção e desenvolvimento de um jovem futebolista requer análises de fatores relevantes para que o mesmo alcance seu melhor desempenho. Devido aos altos investimentos no futebol, pesquisadores têm investigado quais são os critérios utilizados pelos treinadores neste processo.
Objetivo: Comparar indicadores multidimensionais do talento esportivo em jovens futebolistas classificados como alto e baixo potencial esportivo, de acordo com a percepção subjetiva dos treinadores.
Metodologia: O estudo contou com 188 futebolistas das categorias sub13 (n=41), sub15 (n=95) e sub17 (n=52) do Projeto Futebol-UFJF, com treinamento regular nos últimos seis meses. Participaram como avaliadores sete técnicos formados em Educação Física, com idade média de 25,4 ± 2,2 anos e com experiência na modalidade de 3,2 ± 2,6 anos. Os futebolistas foram submetidos a uma bateria de testes para avaliação de indicadores antropométricos, físico-motores, psicológicos, socioambientais, maturacionais, técnicos e táticos. Os treinadores classificaram os seus atletas quanto ao potencial para desempenho no futuro numa escala de um (ruim) a cinco (excelente), sendo classificados como alto potencial (quatro e cinco: n=75) e baixo potencial (um a três: n=113). O tratamento estatístico empregado foi o teste t de Student com nível de significância de 5% e o d de Cohen para avaliação do tamanho do efeito.
RESULTADOS: Os futebolistas de alto potencial foram mais rápidos na corrida de 10 m (s) (1,78 ± 0,15 vs. 1,82 ± 0,12; p=0,05) e mais ágeis (s) (7,7 ± 0,5 vs. 8,0 ± 0,5; p=0,001), apresentaram maior experiência esportiva nas variáveis idade de início (anos) (7,1 ± 2,3 vs. 8,3 ± 3,0; p=0,005) e tempo de prática (anos) (7,4 ± 2,8 vs. 6,3 ± 3,2; p=0,03), maiores valores de confiança/motivação (2,30 ± 0,54 vs. 2,11 ± 0,51; p=0,03) e livre de preocupação (1,44 ± 0,71 vs. 1,23 ± 0,70; p=0,04), maior conhecimento tático declarativo (pts) (6,8 ± 0,6 vs. 6,5 ± 0,7; p=0,002) e melhor desempenho no teste de habilidade técnica de drible (s) (10,80 ± 0,80 vs. 11,35 ± 1,60; p=0,01).
Conclusões: Jovens futebolistas de alto potencial apresentaram melhores resultados em indicadores físico-motores (velocidade e agilidade), psicológicos (confiança/motivação e livre de preocupação), socioambientais (idade de início e tempo de prática) e tático-técnico (conhecimento tático declarativo e habilidade de drible) quando comparados aos futebolistas de baixo potencial.