Resumo
Resgate das primeiras manifestações do lúdico e do movimento em terras do Maranhão.
Integra
~~INTRODUÇÃO
As primeiras referências sobre a prática de atividades lúdicas e de movimento que encontramos em Maranhão datam do período de ocupação do território maranhense. CATHARINO (1995) , ao fazer uma análise do “Trabalho índio em terras de Vera ou Santa Cruz e do Brasil”, refere-se, dentre esses trabalhos, a dois que nos interessam particularmente: “O trabalho desportivo” (p. 601-606) e “O Trabalho locomotor” (p. 607-620). Ao analisar o trabalho desportivo, considera que nesse mundo, antes da chegada dos brancos, a sobrevivência exigia qualidades atléticas, exercícios constantes, com descanso e repouso intercalados, de duração sumamente variáveis (p. 601). Por isso, os índios se tornavam atletas naturais, para sobreviver, pois tinham que, em terra, andar, correr, pular, trepar, arremessar, carregar, e, na água, nadar, mergulhar e remar, também realizar trabalho-meio, autolocomotor, com suas próprias forças, apenas e/ou, também, com auxílio de instrumentos primitivos, para obtenção de produtos necessários:
“Entre prática guerreira e desportiva há um nexo de causalidade circulativo, proporcionalmente inverso. Mais prática desportiva, menos guerra. Mais guerra, menos aquela. Causas produzindo efeito repercutindo sobre a causa. Nexo fecjado, de recíproca causalidade e efeito.
“O trabalho-meio, autolocomotor, servia de aprendizado e adestramento – atlético que era – ao competitivo” (p. 602).
O Autor considera que, entre a infância e a puberdade, e a adolescência e a virilidade ou maioridade, entre os 8 e 15 anos, a que chamamos mocidade, os kunnumay, nem miry nem uaçu, tomavam parte no trabalho dos seus pais imitando o que vêem fazer. Não se lhes manda fazer isto, porém eles o fazem por instinto próprio, como dever de sua idade, e já feito também por seus antepassados:
“Trabalho e exercício, esses mais agradáveis do que penosos, proporcionais à sua idade, os quais os isentava de muitos vícios, aos quais a natureza corrompida costuma a prestar atenção, e a ter predileção por eles.
“Eis a razão porque se facilita à mocidade diversos exercícios liberais e mecânicos, para distraí-la da má inclinação de cada um, reforçada pelo ócio mormente naquela idade”. (p. 602).
Após essas explicações, o Autor informa que essa seção – o trabalho desportivo – é dedicada ao trabalho competitivo entre índios, embora caçando e pescando, competissem amiúde com outros animais, considerados irracionais, o que faziam desde a infância. Sem falar nos jogos educativos:
“... jogos e brinquedos (Métraux) dedicou um só parágrafo, quase todos graças a d’Evreux , acerca dos feitos pelos Tupinambás.
“Tratava-se de ‘arcos e flexas proporcionais às suas forças’. O jogo, educativo para a caça, pesca e guerra, era possível porque reunidos plantavam, e juntavam cabaças, que serviam de alvo, ‘adextrandoassim bem cedo seus braços’. Assim, brincavam os meninos de 7 a 8 anos. Kunumys-mirys. As meninas, na mesma faixa etária, Kugnantins-myris, além de ajudarem suas mães, faziam ‘uma espécie de redesinhas como costuma por brinquedo, e amassando o barro com que imitam as mais hábeis no fabrico de potes e panelas’. (em nota à página 605-606).
Quanto às modalidades com caráter esportivo que praticavam, referem-se às corridas, lutas e futebol. Dentre os exemplos, ressaltam a capacidade de correr de algumas tribos, como a dos goitacazes, corredores agilíssimos, que capturavam na carreira veados e corças. Outras, ante um ataque frustrado – emboscada – elogiavam a capacidade de fuga – daquele que corria de volta à sua própria aldeia, chegando antes dos demais -, não a considerando um ato de covardia, mas de capacidade física e poder, antes dos demais, proteger a vida das mulheres e crianças. Faz referência, ainda, ao “esporte nacional dos Tapuya”, que praticavam uma corrida a pé “encetada carregando peso”, registrada por dois historiadores franceses (p. 604).
O Atletismo aparece em Maranhão anterior ao período colonial, através da Corrida de Toras – pertencente ao grupo de provas de revezamentos – dos Índios Kanelas Finas – pertencente à etnia Jê, presente por estas terras há pelo menos cinco mil anos.
PAULA RIBEIRO (2002) descreve uma das principais manifestações do lúdico e do movimento, na cultura Jê, referindo-se à música e à dança:
"... enquanto as muitas mulheres guizam as comidas, dançam eles e cantam ao som de buzinas, maracás e outros instrumentos ... esta dança e música noturna, melhor repetida depois da ceia, dura quase sempre até às cinco da manhã ..." (p. 39).
A Corrida de Toras
Os Jê são conhecidos no Maranhão com a denominação de "TIMBIRAS", e dividem-se em dois ramos principais, segundo seu habitat - Timbiras do Mato e Timbiras do Campo -, estes apelidados de canelas finas pela delicadeza de suas pernas e pela velocidade espantosa que desenvolvem na carreira pelos descampados, confirmando SPIX e MARTIUS (1817) quando afirmam, sobre os Kanelas, gaba-se a sua rapidez na corrida, na qual igualariam a um cavalo.
As formas de movimento dos índios Kanelas se manifestam num contexto de ritual. Por ser uma sociedade dual - onde as duas metades da aldeia se opõe -, o que determina a conseqüente formação de grupos, situações de conflito são resolvidas, por exemplo, com a realização da "corrida de toras". Nela se manifestam os valores e as normas sociais. São as festas que aproximam os jovens dos valores e normas culturais, que lhes permite "vivenciar" o mundo de acordo com suas leis.
Parece verdadeira a interpretação de ser a corrida de tronco um culto aos antepassados, pois as regras da corrida foram ensinadas 'pelos bisavós' e ainda são respeitadas. Há um sentido mais profundo na realização da corrida pois aquele que quiser viver como caçador e coletor e também como guerreiro tem que apresentar uma excelente condição física. Por isso, essa necessidade de sobrevivência foi formulada enquanto objetivo de ensino para os jovens, num contexto cultural, a fim de garantir a continuação da tribo.
Ao descrever as atividades da educação física no Brasil colonial, MARINHO (s.d.) afirma serem a pesca, a natação, a canoagem e a corrida a pé processos indispensáveis para assegurar a sobrevivência de nossos índios. É através da criação e da valorização cultural da corrida de toras a base para sobrevivência física e cultural dos Kanelas..
Os Tupinambás eram, ainda, excelentes marinheiros, ninguém tomando a vela melhores do que eles. Caminha, em sua carta acerca dos achamentos dos portugueses referia-se às almadias – canoas feitas de tronco ou casca de árvore - e jangadas, com que se deslocavam pelas águas – mares e rios: igará era denominação genérica; ubá a feita de uma só casca de árvore; igaraçú, as grandes, de um só tronco; igaritê, as pequenas. Igaratim chamavam aquelas canoas em que iam os morobixabas e se diferenciavam das demais por levarem à prôa um maracá – maracatim dos Igaraunas, do Maranhão (CATHARINO, 1995).
No Maranhão, faziam-se, e ainda se fazem, balsas de talo de buriti – periperis; delas tomou nome o considerável afluente que o Parnaíba recebe pelo lado esquerdo. Pode-se afirmar que os índios também impulsionavam periperi com remos.
Aos remos – apecuitá; ao leme – yacumá; à pá do leme, iacumã. Em sendo o leme peça fixada na popa, para ser a embarcação governada e dirigida, ficou a dúvida se ela existia em canoa, ou se, como leme, era usado remo, sendo mais provável esta hipótese.
Quanto ao trabalho de remar, variava em conformidade com o tamanho e a capacidade das canoas; variável também o número de transportados e dos remadores. Falando da ida dos Tupinambá para a guerra, Léry (citado por Catharino, 1995, p. 616) disse que vogam em pé, com um remo de pás duplas, ao qual seguram pelo meio. A descrição indica remo usado para impulsionar caiaque, o que permite remar metendo na água alternadamente cada pá por cada borda.
Os Igaraunas, do baixo Maranhão, são tidos em conta dos melhores remeiros do país porque a este exercício se afazem desde a infância (Catharino, 1995, p. 617, citando Dénis). Foram eles, que à força de remos, levaram o comboio do capitão Teixeira desde o Oceano até à costa dos Andes. Esses índios tinham suas canoas de guerra de quarenta a cinqüenta pés de comprimento e feitas de um só tronco de árvore, a qual davam o nome de maracatins.
CATHARINO (1995) acredita ser inconcebíveis vida e cultura índias sem locomoção pelas próprias forças. Por isso, os índios fazem exercícios constantemente. Essa constante movimentação concorria para sua higidez, robustez e estado atlético, tornando-os mais aptos a enfrentar as naturais dificuldades do meio, e a manterem-se sadios.
Tinham profunda intimidade com a água, nela se sentindo à vontade, para o que, por certo, concorria o costume das mães banharem seus filhos logo após tê-los. Não admira soubessem nadar. Os costeiros e os do interior. De todas as idades, mais ainda os meninos e as meninas, moços e moças. Quando da chegada dos primeiros portugueses, relata Vespúcio:
“... e antes que chegássemos à terra, muitos deles lançaram-se à nadar e vieram nos receber a um tiro de nesta no mar (equivalente a 150 metros), que são grandíssimos nadadores... (p. 613).
Continua o Autor:
“Nadam fora de toda expectativa, e melhor as mulheres que os homens, porque os encontramos e vimos muitas vezes duas léguas adentro do mar sem apoio algum iram nadando”. (p. 613)
Serve-se de vários autores, para ilustrar o quanto nossos índios dominavam a arte da natação:
“... Ramirez: ‘ellos som mui ligeros é mui buenos nadadores ... Lopez: ‘E vinham apoz de nós, hús a nado e outros em almadias, que nadam mais que golfinhos; ... Knivet: ‘Levou-me esse cannibal pela praia, e fomos ter a uma penha que sahe ao mar; tomou-se então elle às costas, e, tendo nadado comigo por fóra dos parceis, continuámos a nossa viagem ... D’Abeville :Vimos maravilhados inúmeros índios se lançarem-se a nado (Tupibambá) para nos encontrar e trazer seus agrados. Jaboatam, acerca dos gentios Goyatacá: ‘Costumavão, por não Ter outro modo, andar de nado pelas ribeiras do mar esperando os Tubarões, com um pau muito aguçado na mão, e em remetendo o tubarão a eles, lhes engastavão a ponta pela garganta a dentro, com tanta força, que o affogavão, e morto assim o traziam à terra...”. (p. 613)
Não eram apenas exímios nadadores. Também sabiam mergulhar. Sobre os índios do Maranhão, como acima a nota de Claude D’Abeville citada, serem os
“Tupinambás grandes nadadores e mergulhadores, chegando a nadar três a quatro léguas. Se de noite não tem com que pescar, se deitam na água, e como sentem o peixe consigo, o tomam às mãos de mergulho; e da mesma maneria tiram polvos e lagostins das concavidades do fundo do mar, ao longo da costa (p. 618)... “Eram, os Tupinambás, extremados marinheiros, como os metem nos barcos e navios, onde todo o tempo ninguém toma a vela como eles; e são grandes remadores, assim nas suas canoas, que fazem de um só pau, que remam em pé vinte a trinta índios, com o que as fazem voar ...” (p. 618).
LÚDICO E MOVIMENTO NO MARANHÃO COLONIAL
Do período Colonial informam-nos os cronistas de que já se praticavam algumas formas de atividade física desde 1678, quando da chegada do primeiro Bispo ao Maranhão. Realizaram-se, como costume da época, as famosas cavalhadas – desfiles a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas...
Produtos do feudalismo e da cavalaria - do tardio medievo português, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas (GRIFI, 1989) -, essas manifestações do entusiasmo popular talvez tenham nascido com as atividades recreativa que pipocaram em certos centros, conforme as feições econômicas das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de atração transitória (LYRA FILHO, 1974) .
Os jesuítas fundaram, em Maranhão, a “Casa dos Exercícios e Religiosa Recreação de Nossa Senhora da Madre de Deus”, em São Luís. Localizada na Ponta de Santo Amaro, era destinada à recreação e descanso dos religiosos e dos alunos do Colégio Máximo do Maranhão, nos fins de semana; ou ainda para realização dos exercícios espirituais; além dos religiosos, recebiam pessoas do povo, para os exercícios espirituais (SOUSA, 1977) – hoje, seriam os retiros.
A Quinta já existia desde 1713, quando o Capitão-Mor Constantino de Sá requisitou à Câmara a utilização de certos materiais existentes nessa ponta de Santo Amaro para uma ermida que estava erguendo a “Nossa Senhora da Madre de Deus, Aurora da Vida”. Os padres compraram a Quinta para Casa de Campo dos Mestres e estudantes do Colégio do Maranhão , no qual havia, em 1731, estudos gerais de Teologia, Filosofia, Retórica, Gramática, e “ultimamente uma escola de ler, escrever e contar”. A este primeiro destino – casa de campo, a tal casa de recreação -, veio juntar-se, anos depois, o de servir para Casa dos Exercícios Espirituais. A casa ficou juridicamente dependente do Reitor do Colégio, mas com administração autônoma, sob a regência de um Superior próprio.
Em 1760, a Casa constava de dois corredores: um que era a frontaria a par do frontispício da nova igreja, com 10 aposentos, cinco em cada andar, “para hospedagem dos exercitantes seculares e habitação dos religiosos da casa”; outro corredor, de norte a sul, com outros tantos cubículos, destinados ao repouso e recreação dos estudantes.
Antes desta Casa da Madre de Deus, houve uma outra, em São Marcos, onde havia uma fazenda dos jesuítas adquirida de Maria Sardinha, provavelmente antes de 1700, pois informa José Coelho de Souza que Antonio Vieira comprara uma propriedade em 1681 no São Francisco, e que, anos depois, os jesuítas compraram outra, de Maria Sardinha.
Em São Marcos, construiu-se uma pequena casa de residência com sua varanda para o mar. Servia de casa de descanso nos dias de folga (dias de sueto).
CORRÊA (1993) , ao comentar carta do padre jesuíta João Tavares a um superior, descrevendo a paisagem da Ilha de São Luís, ante a chegada possível de missionários europeus ao Maranhão, afirma que aqueles religiosos deixariam as delícias da Itália, não pelos trabalhos, mas pelas recreações do Maranhão:
"Como na Ilha Grande foi decantada pelo espaço contrário aos trabalhos (os quais, no mínimo, resguardaria) antieticamente haveria de apresentar expressiva contenção de exercícios corporais, enquanto expressão de labuta, de fadiga e de descanso decorrentes de diligência em atividade física. Permitiria - na contrapartida da terra de gente excepcional - a alternativa das recreações para o cultivo e o requinte do espírito. Desdobrado da hipótese das recreações coletivas, o raciocínio desenclausurado outro não é, senão o de que, no Maranhão, seria comunitária a amizade pelas luzes, pela razão, pela sabedoria etc., considerada a educação do pensamento e do sentimento um fragmento indispensável das recreações. ." (40).
A afirmativa do padre João Tavares foi riquíssima, porque vaticinou uma permuta - as delícias (da Itália) pelas recreações (do Maranhão). Sociologicamente significativa, haja vista que, na substituição, as delícias européias não terminariam trocadas pelos trabalhos americanos. Ao contrário, o fundamento do intercâmbio seria a validade indicada como vantajosa - a das recreações maranhenses (CORREA, 1993, p. 39).
Clovis RAMOS (1986, 1992) , escrevendo sobre o aparecimento da imprensa no Maranhão registra, no período colonial, que "... jornalista era o magnífico João Tavares com sua 'Breve informações das recreações do Rio Munin do Maranhão’", escrito em 1724 .
ATIVIDADES FÍSICAS NO SÉCULO XIX
O corpo - atuando como verdadeiro instrumento simbólico, econômico e social -, persiste na contínua afirmação de certo valor individual e coletivo num conjunto de práticas através das quais se acionam dispositivos que enunciam o seu autentico estatuto cultural numa retificação constante, integrando-se, dentro destas práticas, os gestos e comportamentos do cotidiano, conservando uma tênue reminiscência aristocrática, enquanto outros pretendem vincar a diferença face a um poder social decadente como era o da nobreza, ou ainda, firmar certa distinção perante camponeses e operários (HASSE, 1985) .
Para essa autora, a vida, ao se transferir da cidade para o campo, transforma a casa no centro de toda a vida social, “ponto fulcral onde tem lugar a organização, administração e montagem de cada representação individual” (p. 18). Aí, na casa da cidade, têm lugar momentos privilegiados como as reuniões e os banquetes, os bailes e as partidas, ocasiões que alimentam formas de sociabilidade e de ostentação, situações múltiplas propícias a escolhas de futuras uniões.
No início do século XIX, foram encontradas outras formas de atividade física , como as caminhadas:
“... as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irrequietos que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos com frutas, cachos de jussaras e de buritis, flores silvestres, emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos .” (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p 28) .
Além desses passeios, praticava-se a caça, como o fazia Garcia de Abranches - o Censor -: "e , quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas visadas".
Seu filho, Frederico Magno de Abranches - o Fidalgote - era
“... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes. Encantava-as também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda.”(DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 28)
Os longos passeios pelos arrabaldes permitiam o contato com o ar livre e com a natureza, e se constituíam forma de divertimento salutar, pois reúnem harmoniosamente a solução quanto ao medo de doenças que impedia a vida laboriosa, por um lado, e o medo da crítica que a rígida moral implicava, por outro. Às mulheres, recomendava-se sobretudo os exercícios do corpo que obrigavam a andar ao ar livre, como os passeios a pé ou a cavalo.
Ainda se referindo ao Fidalgote - Frederico Magno de Abranches -, cabe lembrar que praticava também, o tênis:
“... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla de que o Fidalgote era perfeito campeão ...” (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 31).
Sobre as atividades lúdicas dos negros , é publicado em “A Estrela do Norte”, em 1829 a seguinte reclamação de um morador da cidade:
“Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? “.
Domingos VIEIRA FILHO (1971) , ao traçar a história da Rua dos Apicuns dá-nos notícias de ser local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:
"A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís." (VIEIRA FILHO, 1971, p. 36).
O famoso Canto-Pequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. VIEIRA FILHO (1971) afirma que ali, alguns domingos antes do carnaval costumava um magote de pretos se reunir em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato.
“O público tomou conhecimento de um acontecimento esportivo a 10 de janeiro de 1877, através do Diário do Maranhão:
"JOGO DA CAPOEIRA
"Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (MARTINS, 1989, p. 179)
Em Turiaçú, no ano de 1884, é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava:
“Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca . Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124). (Grifos nossos)
A GYMNÁSTICA
Para HASSE (1985), a importância da ginástica estaria sobejamente reconhecida pelo enorme apreço que dela haviam feitos as nações mais célebres da antigüidade. O desporto e a ginástica estabelecem a conciliação entre o contato com a natureza e a promoção de uma disciplina cada vez mais apurada e despercebida. Só a partir do século XIX se torna possível o desenvolvimento da ginástica no sentido de contribuir para o controle e o autodomínio de cada indivíduo tendo em vista o benefício coletivo (p. 32). Através da ginástica procede-se a uma racionalização das atitudes selecionando, organizando e sistematizando novos gestos mais adequados também às representações da nova elegância.
O primeiro registro encontrado onde aparece a palavra “ginástica” data de 1841, conforme anúncio no “JORNAL MARANHENSE” sob o título de:
“THEATRO PUBLICO
“Prepara-se para Domingo, 21 do corrente huma representação de Gimnástica que será executada por Mr. Valli Hércules Francez, mestre da mesma arte de escola do Coronel Amoroz em Paris; e primeiro modelo da academia Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro, que terá a honra de apresentar se pela primeira vez diante d’este Ilustrado público, a quem também dirige agradar como já tem feito nos principais Theatros de Europa , e deste Império.
“Mr. Valli há contractado o Theatro União, para dar sua função, junto com Mr. Henrique, e tem preparado para este dia um espetáculo extraordinário que será composto pela seguinte maneira:
- Exercícios de forças, Agilidade e posições Acadêmicas
- Exercícios no ar e muitas abelidades sobre colunnas assim como admiraveis sortes nas cordas
“Nos intervalos de Mr. Valli, se apresentará Mr. Henrique, para executar alguns exercícios de fizica, em quanto Mr. Valli descansa.”
Novo anuncio é publicado em 16 de novembro daquele ano de 1841 , sob o mesmo título, em que eram anunciadas as novas atrações do programa a ser apresentado:
“Theatro Publico
“Domingo 21 do corrente 1841, 1ª apresentação gimnastica dirigida por Mr. Valli, Herculez Francez, que tem a distinta honra de apresentar-se diante deste ilustre publico para executar seis noites de divertimentos:
1ª noite – exercícios gimnasticos, malabares, fizica
2ª dita – grande roda gyratoria
3ª dita – jogos hydraulicos como existem em Europa
4 dita – a grande luta dos dois gladiadores”.
Ainda nesse mesmo ano, aparecem anúncios de aulas de esgrima:
“Annuncios Diversos
“Manoel Dias de Pena, se dispõe a encinar com toda a prefeição o jogo de espada, e assim roga a todos os Snrs. que quizerem aprender esta Arte, tão útil a mocidade, se diriga a esta Typographia que se dirá aonde mora o annunciante.”
Ao mesmo tempo, e logo abaixo deste, outro anunciando a venda de espadas:
“Vendem – Antonio Joaquim d’Araújo Guimarães & Sobrinhos tem para vender... espadas com copos dourados...”. (in JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 49, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841).
O Prof. Antônio Joaquim Gomes Braga, diretor do Colégio de Nossa Senhora da Conceição, localizado Rua do Desterro, ao apresentar o Plano de Estudos para o ano de 1842, informa que as aulas de “Dansa e Muzica para os internos serão pagas à parte”. (in JORNAL MARANHENSE, 1º de outubro de 1841) .
Em 1843, outro colégio particular anuncia em seus planos de estudos as aulas de dança para seus alunos, aberta à comunidade:
“AULA DE DANÇA, começará em Novembro próximo a ter exercícios no Colégio de N. S. dos Remédios na rua do Caju em os dias feriados, isto é, duas vezes por semana das 9 as 11 horas da manhã. Os que já frequentam outras aulas do Colégio são admitidos mediante o premio de 3:000 rs. mensais; porém os que não estão neste caso concorrerá com 4:000 reis.
“Também haverá outra aula, que principiará com a noite na 3ª e 6ª feiras para as pessoas que não podem ir de dia, os quais farão despesa de 5:000 reis. Nestes serão ensinadas as danças nacionais e estrangeiras, tanto simples, como dobradas, e etc.
“O diretor do Collégio está convencido de que os pais de familias tendo no seu devido apreço esta prenda não deixarão de promover, que ele não falte a educação de seus filhos: muito principalmente não alterando esta aula no Colégio a introdução dos meninos, por ser somente nos feriados.
“Collegio de N. S. dos Remédios, 24 de outubro de 1843.” (A REVISTA, n. 207, Quarta-feira 8 de novembro de 1843)
Desde 1844, quando foi fundado o primeiro colégio destinado exclusivamente às moças, em São Luís, as atividades físicas faziam parte do currículo:
“... não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo physico, artístico e moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e aprendiam a declamar." (ABRANCHES, 1941, p. 113-114) .
Esse colégio - o "Collegio das Abranches", como era conhecido o Collégio N. S. das Glória -, foi fundado por D. Marta (Martinha) Alonso Veado Alvarez de Castro Abranches - educadora espanhola nascida nas Astúrias provavelmente por volta de 1800 (JANOTTI, 1996) –, e pela sua filha D. Amância Leonor de Castro Abranches, e tinha, ainda, como professora, D. Emília Pinto Magalhães Branco, mãe dos escritores Aluizio, Artur e Américo de Azevedo.
Mas a primeira aula de dança de que se tem notícia data de 1829, como se vê de anúncio publicado em “O FAROL”:
“Carlos Carmini, de nação italiana, recentemente chegado a esta cidade, faz saber aos ilustres habitantes da mesma que ensina tôda e qualquer dança, segundo o gosto moderno, tanto em sua casa (que ao presente é na rua da Palma, no. 10), como também pelas particulares para que seja chamado; prestando-se ao ensino das ditas danças, tanto a pessoas grandes como para meninos...” (In “O FAROL MARANHENSE”, 25 de agosto de 1829, citado por VIVEIROS, 1954, p. 376) .
Considerando o caso concreto dos bailes, HASSE afirma que a dança desempenha aí uma função particular, pois, ela é a forma de entretenimento adequada a tornar mais elegantes e agradáveis os gestos, soltando vigores em excessos. Entre as diferentes qualidades do entretenimento umas, como aquelas que promovem os exercícios do corpo contribuem para a conservação da saúde outras, tendo por principal objeto a utilidade, prestam-se a tornar os jovens mais agradáveis como é o caso da dança e da música:
“... A dança seria a arte de mover o corpo, os braços e os pés com elegância, ao som da música. Representava uma prenda necessária a quem tem de viver no mundo e um exercício verdadeiramente proveitoso. O seu ensino devia ser indicado desde cedo para poder fornecer desembaraço ao corpo e chegar a dançar com graça e a tempo.” (HASSE, 1985, p. 19).
Os banhos de mar também faziam parte dos costumes da época, conforme se depreende deste anúncio:
“BANHO
“Público – na praia do Caju, em que um grande banheiro e seguro, a todas as marés a 40 rs por pessoa trata-se com Jozé Ferreira do Valle no mesmo lugar casa no. 1.” (CORREIO D’ANNUNCIOS, Ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de 1851)
Cabe lembrar que Antônio Francisco Gomes, em 1852, propunha além da ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella para ambos os sexos (CUNHA JÚNIOR, 1998, p. 152)
Em 1856, aparecem na imprensa, anúncios de venda de pianos, da firma francesa Duchemin & Cia – havia, ainda, a de Gunston Ede & Cia, que diziam vender pianos fortes de Ralph Alion & Sons, de Londres. Convém observar que desde 1822 existiam pianos no Maranhão, como se vê do anúncio:
“Quem quiser comprar um piano forte, de muito boa qualidade, fale com André Ferreira da Silva Porto, e à vista dele se ajustará o seu preço” (O CONCILIADOR, 05 de junho de 1822, citado por VIVEIROS, 1954, p. 379).
Em 1869, é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869).
Considerando-se sob o aspecto de quem começou a praticar exercícios com pesos, podemos afirmar que o pioneiro foi JOÃO DUNSHEE DE ABRANCHES MOURA, ainda no século passado. O autor de "O Captiveiro", de "A esfinge do Grajaú", "A setembrada”, nasceu na estreita Rua do Sol, 141, situado entre a Rua do Ribeirão e o Beco do Teatro, a 2 de setembro de 1867, como informa GASPAR (1993, p.12) .
Nos livros de memórias desse festejado historiador, advogado, polemista, sociólogo, crítico, romancista, poeta, jornalista, parlamentar e internacionalista maranhense, relata-nos que o "Club dos Mortos" - proposto por Raymundo Frazão Cantanhende -, reunia-se no porão da casa dos Abranches, no início da Rua dos Remédios:
"E como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos" (ABRANCHES, 1941, p. 187).
Relata, ainda, que os membros desse clube abolicionista, juntando o útil ao agradável:
"... não raras noites, esse grupo juvenil de improvisados athletas e plumitivos patriotas acabava esquecendo os seus planos de conjuração e ia dansar na casa do Commandante Travassos...". (ABRANCHES, 1941, p. 188).
Anos mais tarde, Aluísio Azevedo, tanto em "O Mulato" - publicado em 1880 -, como em uma crônica publicada em 10.12.1880, propõe uma educação positivista para as mulheres maranhenses:
"... é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista... é preciso educá-la física e moralmente... dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente..." (MÉRIEN, 1988, p. 166-167) .
Djard MARTINS (1989) , registra que o nascimento das atividades esportivas no Maranhão se deu pelas mãos de Nhozinho Santos - Joaquim Moreira Alves dos Santos -, quando foi fundado, em 1907, o Fabril Athletic Club . Nessa primeira década do século XX, a juventude maranhense estava principiando a entender o quanto era importante praticar esportes e desenvolver a formação física. Miguel Hoerhan foi nosso primeiro professor de Educação Física, tendo prestado relevantes serviços à mocidade ludovicense, como professor na Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, nas escolas estaduais e até nas municipais, estimulando a prática da cultura física.:
"E para coroar de êxito esse idealismo, esteve à frente da fundação do Club Ginástico Maranhense..." (MARTINS, 1989).
No início da década de 1910, desaparece o hábito de repousar nos fins de semana, substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. Essas atividades, divulgadas pelos jornais, começaria a apresentar seus primeiros sinais de mudança ainda nas últimas décadas do século XIX, com o surgimento e fortalecimento gradual dos esportes:
"É nessa conjuntura que adquirem um efeito sinergético, que compõem uma rede interativa de experiências centrais no contexto social e cultural, como fonte de uma nova identidade e de um novo estilo de vida
"Os 'Clubs' que centralizam essas atividades surgem como modelos da elite no final do século XIX, e já no final da década de 10 e início de 20, estão difundidos pelos bairros, periferia, várzeas e se tornam um desdobramento natural das próprias reuniões sociais". (KOWALSKI, 2000, p. 391) .
Verificamos a similaridade com outros países latino-americanos - e outras regiões brasileiras -, quando da inauguração do Fabril Athletic Club. O então presidente da Província - Bendito Leite - ante o espetáculo proporcionado, lamentou não poder manter nas escolas públicas o ensino regular da ginástica ...
A "gymnástica" era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende desse anúncio, publicado em 1904:
"PARA OS ALUMNOS DE AULA PARTICULAR DE GYMNÁSTICA
"A Chapellaria Allemã acaba de despachar:
"camizas de meia com distinctivos
"Distinctivos de metal com fitas de setim e franjas d'ouro
"Distinctivos de material dourado para por em chapéus
" Chapellaria Allemã de Bernhard Bluhnn & Comp.
23 - Rua 28 de julho - 23"
(A CAMPANHA, 6ª feira, 8 de janeiro de 1904, p. 5).
O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época:
"CURSO ANEXO
"Foi este o resultado dos exames de hontem:
"GYMNÁSTICA
" Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10
"Faltaram 12".
(O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907).
Em outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica" avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta feira" (em O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257).
No dia 26 de dezembro de 1907, é registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação física nas escolas:
"Aprendizes Marinheiros:
"Hontem, às 4 horas da tarde, os aprendizes marinheiros, fizeram exercícios de 'foot-ball' na arena do Fabril Athletic Club e um assalto simulado de florete, sob a direção do respectivo instructor da Escola.
"Os alumnos revelaram-se disciplinados e agiram com muito garbo e desembaraço.
"Domingo próximo, às 5 horas da manhã, haverá novo exercício no mesmo local". (O MARANHÃO, 26/12/1907)
Em 1908, o FAC fez as reformas de seus estatutos, para incluir o manejo de armas - prática do tiro - entre suas atividades, com o fim de prestar um serviço às juventude, valendo-se da Lei do Sorteio Militar. Com a ajuda do então tenente Luso Torre foi fundada uma seção de Instrução Militar, a fim de preparar os sócios que nela quisesse tomar parte e gozar dos favores da referida lei.
Talvez para se beneficiar dessa Lei, e livrar os jovens da elite maranhense da instrução militar, em 1909, o Tiro Maranhense informava que já chegava a 120 o número de pessoas inscritas naquela Sociedade. Em 10 de abril é anunciada a posse da diretoria, na Câmara Municipal. (O MARANHÃO, sábbado, 03 de abril de 1909).
Embora MARTINS (1989) registre o primeiro jogo entre duas agremiações distintas como ocorrida em janeiro de 1908, entre o FAC - o grêmio fabrilense fora formada com o recrutamento dos melhores atletas que militavam nos quadros internos do 'Black and White' e do "Red and White' - e o MARANHENSE FOOT-BALL CLUB - formado por rapazes empregados no comércio - encontrou-se que a inauguração dessa agremiação ocorreu apenas em 07 de fevereiro de 1909, conforme registrado em O MARANHÃO:
"Maranhense Foot-ball Club
"Programma da festa inaugural d'este Club, em 7 do corrente, na sede do Fabril Athletic Club:
"juiz da partida (fita verde) - José Alves dos Santos - juizes de chegada (fita azul) - Edmundo Fernandes, Charles Clissold - Commissão de policiamento (fita branca) - Almir Saldanha Silva, Aírton Santos Romeu, Carlos Nunes, Manoel Ribeiro L. da Silva, Antônio Sena
-
"Concurso gaiato (3 1/2 h)
"M. F. Club -J. Jones, J. Ferreira, R. Neves
"F.A.C. - J. Santos Sobrinho, M. Sardinha Ribeiro
-
"Concurso gaiato a Carnaval (3,45 h)
"M.F. Club - J. Santos, A. Figueiredo, A. Casson, A. Gonçalves, R. Nunes
"F. A.Club - F. Ribeiro, M. Sardinha, J. Alvim, J. Mário, R. Almeida
-
"Concurso Mathemático (4 h)
"M. F. Club - E. P. Souza, J. Ferreira
"F.A. Club - J. Alvim, F. Ribeiro
"Match de foot-ball entre os dois teams (às 4 1/2 da tarde)
"Green and Whyte
"goal - B. Queiroz
"Full-Backs - G. Bello C. P. Souza
"Half Backs - J. Ribeiro, Cunha Júnior, A. Lobão,
"Forwards - A. Figueiredo, R. Nunes, J. Gomes, J. Mário, A. Gonçalves
"Reserves - J. Torres, J. F. Costa
"Captain - J. Gomes
"Blue and Whyte
"goal - S. Meireles
"Full backs - F. Mendes, M. P. Santos
"Half-Backs - A. Faria, S. Pinheiro, J. Teixeira
"Forwards - A. Santos, J. Santos, J. Ferreira, P. Rodrigues, S. Bello
"Rezervas - A. M. Figueiredo, A. Casson
"Captain - J. Ferreira
"Refere - Coronel Joaquim M. Alves dos Santos
"Os sócios do F. A. Club terão entrada sem ingresso.
"A sessão solemne para declarar-se o 'Club' inaugurado propiciará a 2 1/2 hora em ponto". (O MARANHÃO, 05/02/1909)
Em 1915, ao mesmo tempo em que era anunciada a criação de um clube para a prática dos esportes,
"UM CLUBE ESPORTIVO
“Fundado um club esportivo - Club Zinho - com o fim de proporcionar aos seus associados diversão como sejam passeios maritimos, pic-nic, exercícios físicos, ginástica pelos processos mais modernos.
"Presidente: Hilton Raul
"Vice presidente: Guilherme Matos".
proibia-se a brincadeira de empinar papagaios:
"PROIBIDO O BRINQUEDO DE PAPAGAIOS
"O coronel chefe do executivo municipal determinou o cumprimento do art. 149 do Código de Posturas que proibe a brincadeira de papagaios, no perímetro da cidadde, prejudicando as linhas telegráficas e telefônicas em que danificam os telhados".
Para FRYDENBERG (1999) , a adoção do esporte estava associada à fundação de clubes. Os jovens sentiam a necessidade de ter um terreno, um espaço próprio, para ser usado como “field”, como campo de futebol. Assim, o processo de popularização do futebol que se iniciou contou com três ingredientes estreitamente unidos: a iniciação na prática do jogo, a fundação de um clube e a busca de uma cancha própria.
Em Maranhão, estavam envolvidos os alunos do Liceu Maranhense, do Colégio Marista Maranhense e do Instituto Maranhense:
“... promoveram sessões, usando as próprias salas de aula, estimulados pelos mestres. Graças a essas reuniões, surgiram os quadros do Brasil F. Club, do S. Luís F. Club, do Maranhão Esporte Club, e do Aliança F. Club. Essas entidades, aos poucos, foram agrupando-se, tornando-se clubes. A cada dia, os estudantes melhor se integravam, e para exercitar-se utilizavam o velho 'field' da Fabril, que tinha sido desativado pela FAC. Estávamos com o campo da rua Grande muito mal, mato tomando conta de todas as dependências, inclusive das arquibancadas." (MARTINS, 1989, p. 328).
O F. A. Club é (re)inaugurado - agora, como Foot-Ball Athletic Club. Foi realizado a tradicional soireé, ao som de polkas e valsas, e antes, aconteceu o jogo (match) de foot-ball. As senhoritas presentes vibravam com as jogadas de seus "sportman" favoritos, destacando-se Guilhon, Gallas, Paiva, Anequim, Ribeiro, Cláudio, e Schleback. Ainda ao "Red" coube a vitória da "luta de tração", tendo vencido o grotesco "maçã em água salgada" o Travassos, e Nava a disputa da "quebra potes cheio d'água, com olhos vendados".
Dos chamados "concursos grotescos" - no início das atividades do FAC, em 1907, eram chamados de gaiatos - constava: frutas em água salgada - que deveriam ser tiradas com a boca, ganhando com conseguisse cinco primeiro -; boxe com olhos vendados (disputado em um tempo de cinco minutos; quebrar potes cheios de água com os olhos vendados. Constavam ainda provas de Atletismo, o place-kick (chute à bola) e a luta de tração (cabo de guerra) .
Nas datas importantes, o jogo de futebol aparece como parte das programações, como as comemorações da Batalha do Riachuelo, pela Escola de Aprendizes Marinheiros, quando seriam executadas "Gymnástica Sueca com armas, Gymnástica sueca sem armas, corridas com três pernas, corrida do sacco" e uma partida de futebol, entre os "teams" "Marcílio Dias" e um formado por representantes do F. A. Club.
Nhozinho Santos, após um longo período no sul do país, retorna a São Luís e é programada uma recepção digna desse "sportman", introdutor do esporte moderno em nossa cidade. O futebol continuava sendo praticado com entusiasmo e vibração, e outras modalidades esportivas desenvolviam-se: tênis, crocket, basquetebol, jogos olímpicos (atletismo), bilhar, boliche, ping-pong (Tênis de Mesa), e outras mais (MARTINS, 1989).
No final de 1916, é anunciada para o dia 3 de dezembro a inauguração do Bragança Sport Club, contando a programação com uma regata entre as equipes 1 e 2, a se realizar no Rio Bacanga, às 7 horas da manhã. Às 15 horas, estavam programados exercícios militares pelos alunos do Instituto Maranhense; às 16 horas, haveria um "Momento Literário", com recitação de poesias e monólogos, pelos sócios, e, às 17 horas, a partida de foot-ball entre os teams 1 e 2. Às 19 horas, a sessão solene de inauguração, seguida de soireé dançante.
"Como um novo sol refletindo nas paragens longínguas do azul, appareceu o Club Sportivo 'José Floriano'", fundado por um grupo de rapazes de nossa terra com o fim único de "cultivar o physico e revestir de ganho e belleza todas as linhas plasticas do corpo".
Com essas palavras era saudada a fundação de mais um clube esportivo em São Luís. O nome, em homenagem ao maior dos mestres da cultura física do país,
"inflamando-se de enthusiasmo e de energia para combater o enfraquecimento de uma geração e dar vida e armonia aos músculos, admirados com embevecimento, nos grandes athletas e nas antigas estátuas de mármore guardadas nos velhos museus de Roma e Grécia"
- dizia F. de Souza Pinto, ressaltando o quanto era importante a boa forma física em Grécia e Roma antigos, nos Estados Unidos e na Alemanha atuais, como exemplo de uma raça:
"E o Brasil, a terra verdejante de palmeiras e bosques floridos tem também os seus representantes e mestres de luta e acrobacia em que figura como principal elemento de nossa raça o afamado José Floriano Peixoto, cujo nome cercado de sorrisos e de feitos foi escolhido por patronimico do club, que acaba de apparecer nesta terra tristonha do norte, que há-de um dia figurar nos campeonatos, tendo para saudar as suas victórias a música melodiosa dos cântigos cheios de saudade e poesia dos nossos queridos sabiás". (F. de Souza PINTO, in "O ESTADO", 15 de fevereiro de 1917).
CONCLUSÃO
É possível extrair os vestígios de uma Educação Física - também denominada de ginástica e/ou instrução militar (LIMA, 2002) –, tendo como fonte trabalhos acadêmicos, periódicos, além da literatura regional que enfocam o Maranhão daquele período como narrativa. Entre os autores estão Aluísio de Azevedo e Dunshe de Abranches .
Algumas atividades do lúdico e do movimento aparecem desde o período colonial e, a partir do Século XIX, essas atividades podem ser identificadas como início da disciplina do corpo (Hasse, 1985) – da ginástica, da educação física – conforme descrito em Dunshe de Abranches (em A Setembrada) onde são descritos os passeios pelos campos, as atividades físicas e a primeira informação de um esporte praticado em Maranhão (jogo da pella). Aulas de dança, de esgrima, “gymnástica” – demonstrações e aulas em colégios – aparecem em anúncios de jornais e planos de cursos de escolas, inclusive àquelas destinadas exclusivamente às mulheres (1844, Colégio das Abranches).
Nos escritos de Aluísio de Azevedo – especialmente em O Mulato, apresentado ao público em 1879. Quando de seu aparecimento, muitas discussões - através de jornais - se levantaram, ora defendendo as idéias do autor sobre a educação da mulher maranhense - inclusive a educação física -, ora acusando-o, devido às idéias – positivistas - abordadas em seus textos – literários e jornalísticos...
Já no Século XX, governantes se desculpavam por não haver educação física – gymnástica – nas escolas públicas, após virem demonstrações de alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, de jogos de futebol envolvendo filhos de associados de clubes recém-fundados (FAC, Euterpe, Onze Maranhense ...) e alguns movimentos esportivos envolvendo alunos de várias escolas – Liceu Maranhense (esta, púbica, fundado em 1838...), Maristas, Instituto Maranhense .... A prática do futebol – inaugurado em 1907 -, do Atletismo, e de outras atividades atléticas; de ginástica – na década de 1870, havia uma sala de ginástica, inclusive com pesos, instalada no porão da casa dos Abranches – haviam aulas particulares, conforme se depreende de anúncios de jornais e resultados de exames de escolas, conforme costume da época, estas, para alunas ...
Como se vê, em Maranhão a Educação Física – lúdico, movimento, gymnástica/instrução militar - são praticadas desde o período colonial, isso, pelos brancos, pois os índios a têm desde tempos imemoriais
~~ CATHARINO, José Martins. TRABALHO ÍNDIO EM TERRAS DA VERA OU SANTA CRUZ E DO BRASIL – tentativa de resgate ergonológico. Rio de Janeiro : Salamandra, 1995.
Refere-se a Ives d’Evreux, em sua “Viagem ao norte do Brasil feita nos anos de 1613 a 1614”, em que relata sua viagem ao Maranhão, junto com Daniel de LaTouche.
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MARINHO, Inezil Penna. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL. São Paulo : Cia. Brasil Ed.(s.d.).
Refere-se a Claude D’Abeville, missionário que esteve em Maranhão com Daniel de LaTouche, quando da fundação da França Equinocial, autor de “ História d Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas”.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Primeiras manifestações do lúdico e do movimento em Maranhão. In SILVA, José Eduardo Fernandes de Sousa (org.). ESPORTE E IDERNTIDADE CULTURAL. Brasília : INDESP, 1996
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SOUZA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís : Fundação Cultural do Maranhão, 1977
São Luís foi a primeira cidade do Estado onde os jesuítas exerceram o ensino. O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais). Era o que melhores condições de estudos oferecia. Já em 1709, o Colégio do Maranhão era Colégio Máximo, nomenclatura usada pelos discípulos de Loyola para seus estabelecimentos normais de estudos superiores. Nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégio da Companhia: Humanidades, Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. Os estudos filosóficos compreendiam: no 1º ano, Lógica; no 2º, Física; no 3º, Matemática.
O Colégio Máximo do Maranhão outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 36).
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RAMOS, Clóvis. OPINIÃO PÚBLICA MARANHENSE. São Luís : SIOGE, 1992
Este documento encontra-se no Arquivo Nacional, Seção de Manuscritos, 3, 5, 24, este ano de 2003, quando concluiu-se a catalogação dos manuscritos avulsos. Disponho de uma cópia, em microficha, a qual estou transcrevendo.
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ABRANCHES, Dunshe de A SETEMBRADA - A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1831 EM MARANHÃO - romance histórico. Rio de Janeiro : Jornal do Brasil, 1970
JOÃO ANTÔNIO GARCIA DE ABRANCHES - Garcia de Abranches, o Censor - nasceu em 31 de janeiro de 1769, em Macieira, freguesia de Sant'Iago, junto à vila de Cêa, bispado de Coimbra, em Portugal. É filho do Capitão José Garcia de Abranches e de D. Maria dos Reys. Seu apelido - Censor - deve-se ao jornal que escrevia, o Censor, no período de 1825 a 1830, em defesa das liberdades, da Independência e do Imperador, fazendo oposição ao jornal de Odorico Mendes; e ao Lord Cochrane, o que lhe valeu o exílio para Portugal, onde se bateu pela restauração de D. Pedro ao trono português. Garcia de Abranches aportou a São Luís do Maranhão em 1789, construindo fama e fortuna, embora procedesse de uma das maiores famílias portuguesas. De seu casamento com D. Anna Victorina Ottoni, falecida em 1806, nasceram-lhe três filhos: Frederico Magno de Abranches ; João e Antônio, estes dois, falecidos antes de 1812. O primeiro, conhecido como 'O Fidalgote', teve vida longa, representando papel importante na política e no jornalismo. Garcia de Abranches, aos 52 anos, casa-se com a fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, com 17 anos à época.
FREDERICO MAGNO DE ABRANCHES, o Fidalgote, nasceu em São Luís do Maranhão em 1804; professor de Phylophofia Racional; Secretário da província do Maranhão; deputado geral de 1835 a 1838; Cônsul geral em Cayenna, onde veio a falecer em 1880.
O jogo da péla - jeu de paume - consiste em bater a bola com a mão e substituiu os "ludus pilae cum palma" romano. Na França, a bola, nascido no tardo-medievo como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos Em Portugal, no início do século XVIII, foi introduzido o uso francês de jogar com raqueta. Conhecido já no século XII foi jogado melhor no período sucessivo, até dar vida ao atual tênis.]
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) em Maranhão. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Ponta Grossa - Pr, 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa : UEPG, 2002. Publicado em CD-ROOM.
ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46
VIEIRA FILHO, Domingos. BREVE HISTÓRIA DAS RUAS E PRAÇAS DE SÃO LUÍS. 2a. ed. rev. E aum. São Luís : (s.e.), 1971.
ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834, e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836.
De acordo com a chefe do Arquivo Público do Estado do Maranhão, sra. Maria Raimunda Araújo, esta é a única referência sobre Capoeira encontrada naquele Arquivo. A Sra. Maria Raimunda tem como tema de pesquisas, o Negro no Maranhão, buscando referências sobre as atividades dos escravos – batuques e capoeiras (in ARAÚJO, 2002)
Cabe esclarecer que a partir de 1835, a importação de escravos negros se acentua no Maranhão, dada a expansão da economia algodoeira e os centros fornecedores eram, além da África, o Brasil, especialmente Salvador e o Rio de Janeiro. Turiaçú recebeu grande contingente de escravos vindos do Rio de Janeiro. Devem ter trazido suas lutas, daí a denominação “capoeira” ou “carioca”.
Em Cururupú, até alguns anos atrás, se praticava uma luta semelhante à capoeira, que denominavam de “carioca”.
JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 36, 12 de novembro de1841
JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 37, 16 de novembro de1841
JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841, n. 49
JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 1º de outubro de 1841, n. 24
ABRANCHES, Dunshe de. O CAPTIVEIRO. Rio de Janeiro : (s.e.), 1941
A fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, casou-se com Garcia de Abranches, o Censor, quando tinha 17 anos. Foi a fundadora do primeiro colégio destinado ao sexo feminino em Maranhão - o “Colégio Nossa Senhora das Graças”, mais conhecido como o Colégio das Abranches - junto com sua filha Amância Leonor, em 1844. Foi - ela, ou uma das filhas - a primeira professora de educação física do Brasil .
JANOTTI, Maria de Lourdes Monaco. Três mulhes da elite maranhense. In REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA, São Paulo, v. 16, n. 31 e 31, p. 225-248, 1996
VIVEIROS, Jerônimo de. HISTÓRIA DO COMÉRCIO DO MARANHÃO – 1612+1895. São Luís : ACM, 1954
CUNHA JÚNIOR, Carlos Fernando Ferreira da. A produção teórica brasileira sobre educação physica/gymnastica no século XIX: questões de gênero. In CONGRESSO BRASLEIRO DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSCA, VI, Rio de Janeiro, dezembro de 1998. COLETÂNEA... . Rio de Janeiro : Universidade Gama Filho, 1998, p. 146-152.
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O ESTADO, 02 de fevereiro de 1916
O ESTADO, 10 de junho de 1916.
O ESTADO, 30 de novembro de 1916.
LIMA, Ariza Maria Rocha, Vestígios da Educação Física em Fortaleza (1863-1945). In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Ponta Grossa - Pr, 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa : UEPG, 2002. Publicado em CD-ROOM.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. Aluísio Azevedo e a educação (física) feminina. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Gramado – RS, 29 de maio a 01 de junho de 2000 ... ANAIS ...., p. 250-255
VAZ, Delzuite Dantas Brito; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Construção de uma antologia de textos desportivos da cultura brasileira: proposta e contribuições. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Gramado – RS, 29 de maio a 01 de junho de 2000 ... ANAIS ...., p. 603-608
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. UM NOVO MERGULHO NO TEMPO: A INTRODUÇÃO DO ESPORTE (MODERNO) EM MARANHÃO. São Luís (inédito), 2003. 156 p.