Resumo
Diante dos olhos do mundo, o Brasil sempre foi visto com o país do futebol, do Carnaval e das belas mulheres, contudo a violência, a corrupção e principalmente a desigualdade e exclusão social ofuscaram essas características. Índices como o IG (Índice Gini) o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e o Critério BRASIL de Estratificação Socioeconômico, são apenas três indicadores que caracterizam a péssima situação brasileira acerca das desigualdades sociais, além da proposta de Sen (2000) que discute estas questões em termos de liberdades básicas. Alimentação, educação, saúde e até a atividade física, liberdades básicas que qualquer cidadão deveria gozar, manifestam-se de forma diferente em nossa sociedade. Através de nossa área de atuação, a Educação Física e com base nas reflexões provenientes da Promoção da Saúde, acreditamos que a exclusão e desigualdade social tendem a melhorar. Tendo como ponto de partida estas colocações, o objetivo geral desse estudo buscará identificar o papel da atividade física na saúde a partir da visão de indivíduos desfavorecidos. Este trabalho de enfoque qualitativo caracteriza-se como sendo uma pesquisa descritiva, composta por oito indivíduos, operários no bairro do Cambuci, região sul da cidade de São Paulo. O instrumento utilizado foi uma entrevista narrativa coletado por meio de um gravador de voz. Percebemos que o futebol era a atividade mais comum na infância e adolescência, que abandonar a escola e o esporte para trabalhar era comum, que barreiras como renda, trabalho, tempo, cansaço físico, falta de áreas para prática entre outros, influenciaram negativamente a atividades físicas por parte desses sujeitos e que, apesar de valorizarem essa prática, só alguns têm o costume de exercitar-se regularmente. Quanto às vontades e anseios, apenas metade dos indivíduos entrevistados tem opinião formada sobre o assunto, apontando novamente o Futebol como atividade preferida. Em suma, seguindo essas informações vimos que propor algo antes mesmo de conhecer o indivíduo e comunidade parece ser um erro que não deve ser cometido por nós professores de Educação Física. Desta forma, avaliar quem são, como viveram e vivem, o que sabem, o que querem, nos dá condições de ir além, construindo possibilidades, juntando saberes e vivências com o saber científico que será necessário para que se desenvolvam melhor como cidadãos, tendo a possibilidade de inserir-se em algum tipo de prática, adotando assim hábitos mais saudáveis em sua vida.