Resumo
O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos de fatores nutricionais e do treinamento físico no período perinatal sobre indicadores de crescimento somático e parâmetros bioquímicos da prole na idade adulta. Este estudo foi dividido em três etapas: (1) padronização de um protocolo de treinamento físico para ratas gestantes, submetidas ou não à dieta com restrição protéica, com base no consumo máximo de oxigênio para definição da intensidade do esforço; (2) avaliação murinométricas nos filhotes neonatos; e (3) avaliações de indicadores de crescimento somático e bioquímicos da prole na idade adulta. Ratos machos Wistar foram divididos de acordo com a manipulação de suas mães: não-treinados nutridos (NT-Nf - 17% caseína), treinados nutridos (T-Nf), não-treinados e desnutridos (NT-Df - 8% caseína), treinados e desnutridos (T-Df). O acompanhamento do peso corporal foi diário. No 1º dia pós-natal foi verificado número de filhotes nascidos por ninhada, peso da ninhada e peso ao nascer, eixo látero-lateral do crânio (ELLC) e ântero-posterior do crânio (EAPC), eixo longitudinal do corpo (EL) e comprimento da cauda (CC) de cada neonato. No 3º dia pós-parto, os encéfalos foram extraídos e pesados. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi avaliado aos 30, 60, 90, 120 e 150 dias de idade. Foram realizados testes de tolerância à glicose e à insulina aos 145 e 147 dias de vida, respectivamente. Aos 150 dias foram avaliadas a glicemia, colesterolemia, leptinemia e dimensões corporais. Fêmeas do grupo T+D apresentaram maiores valores de consumo de oxigênio de repouso quando comparadas ao grupo NT+D. A taxa de crescimento dos animais do grupo NT-Df e T-Df foi cerca de 50% menor do que os respectivos controles na lactação. A maior taxa de crescimento foi observada entre os dias 31 e 60 dia de vida com exceção do grupo NT-Df que apresentou redução em relação ao grupo controle. Os animais do grupo NT-Df e T-Df apresentaram menor peso ao nascer quando comparados ao grupo NT-N. O ELLC e EAPC dos filhotes do grupo NT-Df foram menores comparados ao grupo NT-Nf. Animais do grupo NT-Df apresentaram deficit nos indicadores de crescimento em todos os períodos avaliados. Na idade adulta, estes animais apresentaram hiperglicemia, hipercolesterolemia, maior circunferência abdominal e níveis menores de leptina no plasma. Nos ratos do grupo T-Df todas as alterações foram revertidas com exceção da concentração de leptina plasmática. Em conclusão, a desnutrição no período fetal e neonatal acarreta danos ao desenvolvimento dos sistemas fisiológicos e reduz o crescimento intrauterino e neonatal com possíveis repercussões na vida adulta, enquanto que o treinamento físico induz adaptação cardiorespiratória na mãe aumentando o fluxo feto-placentário de nutrientes e oxigênio e pode reverter e proteger o organismo contra as agressões provenientes de um insulto nutricional na fase precoce da vida