Resumo

As investigações em ciências do esporte sustentam-se frequentemente em inferências baseadas na declaração de um valor estatisticamente significativo, ou não significativo, com base no valor de p que deriva dos testes de hipótese nula. Considerando que os estudos são iminentemente amostrais, o recurso aos testes de hipótese nula apenas possibilita estimar os valores verdadeiros (população) das estatísticas utilizadas. Contudo, tem crescido a evidência, em diversas áreas do conhecimento, de que esta abordagem origina frequentemente interpretações confusas e até erradas7. Para ultrapassar esta limitação têm surgido recentemente recomendações no sentido de sustentar as análises estatísticas com abordagens que recorram a interpretações mais intuitivas e mais práticas, baseadas sobretudo nas magnitudes (certezas/incertezas) dos valores verdadeiros encontrados. Com o intento de fornecer pistas alternativas aos desenhos metodológicos recorrentemente utilizados na investigação em ciências do esporte, neste trabalho procuraremos i) enunciar sucintamente algumas das fragilidades associadas aos testes de hipótese nula sustentados no valor de p; ii) refletir sobre as implicações da utilização da significância prática/clínica em oposição à significância estatística; iii) apresentar propostas de utilização das técnicas de inferências baseadas na magnitude, particularmente na visualização e interpretação dos resultados; iv) apresentar as principais limitações do uso das inferências baseadas em magnitudes. Assim, neste artigo de atualização desencoraja-se, de forma sustentada e fundamentada, o uso dos testes de significância baseados apenas no conceito de hipótese nula. Em alternativa, propõe-se a utilização de métodos de inferências baseados em magnitudes por possibilitarem interpretações dos efeitos práticos/clínicos dos resultados obtidos.

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