Influência da Atividade Física Vigorosa/muito Vigorosa na Variabilidade da Frequência Cardíaca de Adultos: Resultados Longitudinais do Estudo Epim
Por Rodrigo Pereira da Silva (Autor), Wesley de Oliveira Vieira (Autor), Vinicius Tonon Lauria (Autor), Maria do Socorro Morais Pereira Simões (Autor), Krom Marsili Guedes (Autor), Matheus Bibian Nascimento (Autor), Rodolfoleitearantes (Autor), Alan Carlos Barbosa (Autor), Agatha Caveda Matheus (Autor), Victor Zuniga Dourado (Autor).
Em 43º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A quantidade mínima de atividade física necessária para obter benefícios para a saúde já foi amplamente determinada. Diferentemente, a influência da atividade física vigorosa/muito vigorosa (AFVMV, ≥ 6 equivalentes metabólicos) na saúde cardiovascular permanece controverso, sobretudo considerando seguimento de curto prazo. Objetivo: Avaliar a influência da AFVMV na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em adultos seguidos durante dois anos. Metodologia: Foram selecionados 1.290 indivíduos assintomáticos (60% mulheres, 42 ± 14 anos, 28 ± 6 kg/m2) do Estudo Epidemiológico do Movimento Humano (EPIMOV). Destes 754 voltaram para as reavaliações após um ano e 498 retornaram após dois anos de seguimento. Os participantes foram avaliados quanto à VFC em decúbito dorsal por 10 min, e selecionamos uma janela intermediária de 5 min para a análise. Foram quantificados o desvio padrão dos intervalos RR, raiz quadrada da média dos intervalos RR (RMSSD), potências das bandas de baixa e alta frequência e desvios padrão do gráfico de Poincaré. Os participantes usaram um acelerômetro triaxial (Actigraph GT3x+) acima do quadril dominante por 4-7 dias consecutivos para quantificar a quantidade e intensidade da atividade física habitual. Também avaliamos diretamente o consumo máximo de oxigênio (VO2max) durante um teste de exercício cardiopulmonar em esteira. Os participantes foram estratificados em cinco grupos de acordo com o AFVMV em min/semana (grupo 1, ≤ 1,30; grupo 2, 1,31-2,83, grupo 3, 2,84-6,83; grupo 4, 6,84-27,91; e grupo 5, > 27,91). Utilizamos modelos lineares múltiplos de efeitos mistos considerando as transformações logarítmicas da VFC e a frequência cardíaca de repouso (FCrep) como desfechos, os grupos de AFVMV e o tempo de seguimento como fatores fixos e os participantes como efeitoaleatório. Idade,sexo,riscocardiovasculareVO2maxforamajustadoscomocovariáveis.Resultados:AAFVMVassociou-secomalteraçõespositivasprogressivasdo RMSSD e da FCrep ao longo de dois anos de seguimento. Para o RMSSD, o grupo 5 não foi significativamente melhor que o grupo 4. Diferentemente, para a FCrep, o grupo 5 apresentou valores ainda melhores que o grupo 4 (p < 0,05) (Figura 1). Não houve efeitos significativos da AFVMV para as outras variáveis no curto follow-up do presente estudo. Contudo, observamos melhor VFC com o aumento da AFVMV para todos os índices de VFC estudados (p for trend < 0,05). Entretanto, o grupo 5 não diferiu do grupo 4 (p > 0,05) para nenhum dos índices como efeitos fixos. Conclusão: Podemos concluir que apenas 27 min/semana de AFVMV são suficientes para melhorar a VFC e a FCrep de adultos, com benefícios progressivos em curto prazo (i.e., apenas dois anos). Os resultados obtidos sugerem não haver efeitos deletérios da AFVMV para a modulação autonômica de adultos assintomáticos em curto prazo e, portanto, devem ser encorajadas para a prevenção de doenças cardiovasculares.