Resumo

O objetivo desta pesquisa foi verificar a influência da competência motora, aptidão física e percepção familiar de segurança pública nos índices de prática de atividade física em pré- escolares de baixo nível sócio econômico. Foi utilizado um delineamento transversal contando com a participação de 1017 crianças pré-escolares, porém nem todas possuem dados completos por razões diversas como a falta de uso suficiente do acelerômetro, ausência nos dias de coleta ou recusa em realizar determinados testes. Por isso, em todas as análises o número de sujeitos envolvidos será reportado. Foram utilizados acelerômetros para mensurar a prática de atividade, o teste TGMD-2 foi utilizado como indicador de competência motora e também foram mensuradas a agilidade, força explosiva de membros inferiores, capacidade cardiorrespiratória, peso, estatura e verificada a opinião subjetiva dos responsáveis pelas crianças acerca da interferência da segurança pública na prática de AF de seus filhos. Foram utilizados os recursos da ANOVA a um fator para a comparação das variáveis de acordo com a opinião dos pais acerca da segurança pública e também utilizados os recursos da análise de correlação de Pearson e Análise de Regressão Multipla Forward, tendo a prática de AFMV como variável dependente e as demais variáveis como independentes. De modo geral, os maiores valores de correlação foram identificas entre a prática de AFMV variando de 0,230 e a porcentagem de proficiência em controle de objetos no TGMD. No salto lateral (15s) correlacionado com o Pacer prefit, também houve uma pequena significância, a 0,388 (p< 0,01). De acordo com os resultados da análise de regressão múltipla, variáveis independentes identificadas como preditoras estatisticamente significantes da quantidade de AFMV diária foram a capacidade cardiorrespiratória (shuttle run 20m) e a percepção positiva dos responsáveis acerca da segurança pública adequada para que seus filhos praticassem AF, juntas, essas duas variáveis independentes explicaram 29% da variância nos índices de AFMV. Crianças provenientes de famílias cujos responsáveis não consideram que a segurança pública limita a prática de atividade física de seus filhos apresentaram níveis significantemente superiores de prática de AF, com p<0,05. É plausível supor que a alta prevalência de crianças com baixa CM esteja relacionada a desvantagens socioeconômicas e restrições ambientais que resultam em uma baixa qualidade de prática de AF e, consequentemente, limitar as oportunidades de experiências motoras adequadas para desenvolvimento motor. Podemos concluir que, crianças cujos responsáveis não consideram que a segurança pública limita a prática de atividade física de seus filhos apresentaram níveis significantemente superiores de prática de AF. A descrição desse processo de construção de experiências, os caminhos comuns que as crianças com baixo nível socioeconômico percorrem para estabelecer uma relação com o envolvimento com as práticas corporais, pode contribuir para a compreensão do fenômeno da dificuldade motora sobre uma nova ótica e para o delineamento de práticas pedagógicas mais adequadas em face desses problemas de poucas oportunidades para a prática de atividades físicas.

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