Influência da Condição Financeira na Composição da Delegação do Distrito Federal nos Jogos Escolares da Juventude 2017
Por Gislane Ferreira de Melo (Autor), Tácio Rodrigues da Silva Santos (Autor), Viviane Torres Ferreira (Autor), André Almeida Cunha Arantes (Autor).
Em Revista de Gestão e Negócios do Esporte - RGNE v. 4, n 2, 2019. Da página 217 a 230
Resumo
No final da década de 60 o Ministério da Educação (MEC) designou uma espécie de competição escolar de âmbito nacional, cuja intenção era de favorecimento para a integração nacional das escolas e a descoberta de talentos esportivos, nasceu então os Jogos Estudantis Brasileiros (JEBs) que se tornaram o ponto culminante do desenvolvimento do Esporte Escolar. Os jogos escolares são importantes para a descoberta e promoção de talentos com demonstrado na literatura. A dúvida que se tem é se a participação neste evento sofre influência do poder aquisitivo, ou seja, para fazer parte dos jogos escolares é necessário pertencer a famílias com boas condições financeiras? A hipótese deste estudo é que atletas escolares oriundos de estrato social com maior poder de renda, tem mais condições de compor a delegação do Distrito Federal que foi aos Jogos Escolares da Juventude 2017. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa foi verificar se a condição financeira familiar foi determinante para fazer parte da delegação do Distrito Federal que participou dos Jogos Escolares da Juventude 2017. Este é um estudo de natureza quantitativa e contou com a participação de 157 atletas escolares, do sexo feminino e masculino, entre 15 e 17 anos. O instrumento de coleta de dados desta pesquisa foi um questionário, desenvolvido na plataforma Google Forms e enviado por e-mail para os entrevistados. Para verificação dos resultados utilizou-se a análise descritiva. Para os procedimentos estatísticos foi utilizada a ferramenta digital Social Science Statistics. O estrato econômico inferior obteve maior representatividade na delegação. Este dado contesta nossa hipótese inicial, e, portanto, ela deve ser refutada. Como os programas da iniciativa pública (Bolsa Atleta / Compete Brasília / Auxílio do Ministério do Esporte) têm uma maior aderência no estrato econômico inferior, esta é uma possível explicação para o resultado desta pesquisa. Estes programas são prováveis mitigadores do desnível de oportunidades associados a diferentes condições econômicas. Ao ter acesso a estes programas, jovens do estrato econômico inferior se equipararam em condições aos jovens mais abastados, o que foi suficiente para aumentar seu poder competitivo. As bolsas de estudo são mais frequentes no estrato econômico inferior, o que faz com que a representação de escolas públicas apareça em número diminuto. Os resultados desta pesquisa, apenas em torno de escolas públicas e privadas, podem criar impressão equivocada. Para futuras pesquisas sugere-se que a categoria de idade de 12 a 14 anos seja investigada.