Resumo

Introdução: A locomoção em superfície inclinada promove alterações nos parâmetros energéticos e mecânicos, o que pode gerar vantagens para a prescrição do exercício para adultos com obesidade. Os objetivos deste estudo foram: i) desenvolver uma Revisão Sistemática relacionada aos desfechos mecânicos, energéticos e hemodinâmicos durante a locomoção em inclinação de pessoas com obesidade e sobrepeso ii) propor um método de avaliação integrativa entre os sistemas energéticos, mecânicos e hemodinâmicos durante a locomoção em inclinação; iii) comparar os efeitos da inclinação positiva (POS) e negativa (NEG) sobre os parâmetros máximos, limiares ventilatórios (LV) e percepção de esforço (PE) de adultos obesos; iv) comparar os efeitos POS e NEG nas respostas relacionadas ao gasto energético, trabalho mecânico, demanda cardiovascular e pico da força de reação vertical do solo (FRSv) em adultos com obesidade. Métodos: para o estudo dos parâmetros máximos, participaram 11 homens (idade = 24,32±2,32 anos) com obesidade (% massa gorda = 39,38±4,56%) que realizaram três testes máximos nas inclinações de -5, 0 e + 5% com, no mínimo, 72h de intervalo. Dados cardiorrespiratórios foram avaliados para determinar o primeiro LV (LV1), o segundo LV (LV2) e o VO2pico. O protocolo para 0 e +5% iniciou em 3km.h-1 com aumento de 0,5 km.h-1/min, e para -5% iniciou em 4km.h-1, com aumento de 1km.h-1/min. A análise estatística utilizou ANOVA de medidas repetidas com post-hoc de Bonferroni e α=0,05. Para o estudo dos parâmetros submáximos, participaram 4 homens (idade = 25,7±4,5 anos, % gordura = 36,9±1,7%, VO2pico = 34,06±7,29 ml.kg-1.min-1). As variáveis foram coletadas em velocidade fixa (4,5 km.h-1), velocidades de LV1 e LV2, nas inclinações -5%, 0%, + 5%. Utilizou-se um analisador de gases, um sistema cinemático 3D, uma esteira instrumentada e um dispositivo de impedância cardíaca. A análise dos dados foi feita com tamanho de efeito e intervalo de confiança. Resultados: No estudo dos testes máximos, o VO2pico foi semelhante entre as inclinações. As velocidades de LV1, LV2 e máximo foram menores em POS (4,4, 6,5 e 7,3 km.h-1), intermediárias no plano (5,3, 8,4 e 9,5 km.h-1) e maiores em NEG (5,9, 10,5 e 11,5 km.h-1). A PE foi menor em -5% em LV1 e semelhante nas três inclinações em LV2. O VO2 em LV1 foi maior em POS e no LV2 foi semelhante entre as inclinações. No estudo dos parâmetros submáximos, as velocidades absolutas foram menores em POS e maiores NEG em relação ao plano. POS apresentou maior gasto energético nas três velocidades. O trabalho mecânico externo apresentou relação direta com a inclinação e trabalho mecânico interno com a velocidade absoluta. FRSv na maioria das condições foi menor em POS. Ainda, POS apresentou maiores valores de frequência cardíaca. Conclusão: A inclinação positiva promove demanda metabólica e percepção de esforço semelhante em teste máximo sob menores velocidades, sendo uma boa alternativa para adultos com obesidade. Em condições submáximas, a inclinação positiva é capaz de promover maior gasto calórico em menores velocidades, com redução do impacto e com carga cardiovascular semelhante.

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