Resumo

Engajar crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em programas com exercício tem demonstrado influência positiva na comunicação, interação social e redução dos padrões de comportamentos repetitivos, assim como, tem reduzidos comorbidades como déficit motor. O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta 1% da população mundial. Estudos retrospectivos e prospectivos demonstram graves interferências coordenativas para o controle postural, marcha e pobre tônus muscular na população. Objetivo: Identificar possíveis influências dos exercícios de coordenação, equilíbrio e força no perfil de sintomas do transtorno e perfil motor de escolares com TEA. Métodos: Participaram do estudo 7 meninos e 5 meninas, média de idade e desvio padrão 4,5±1,1, escolares de uma instituição de ensino pública de educação infantil da cidade de Maceió-AL. Apresentar diagnóstico fechado para TEA foi critério de seleção. Na etapa 1, pré-intervenção, foi realizada aplicação dos instrumentos Childhood Autism Rating Scale (CARS) e Escala de Avaliação de Traços Autisticos (ATA) para conhecer o perfil de sintomas, assim como, foi utilizado o Inventário Portage Operacionalizado (IPO) para caracterizar o perfil motor. Na etapa 2 foram realizadas vinte sessões de intervenção com exercícios de força, equilíbrio e coordenação; com intensidade leve a moderada; duas sessões semanais com duração de 60 minutos cada uma. Na etapa 3, finalizadas as sessões de intervenções, as crianças foram submetidas aos mesmos instrumentos da etapa 1. A análise dos dados foi realizada por estatística descritiva de frequência absoluta e relativa, considerando variações de pontos percentuais entre os períodos pré e pós intervenção. Resultados: O instrumento de caracterização CARS demonstrou classificação de nível de intensidade severa para 91% dos participantes pré e pós intervenção. A média e desvio padrão do grupo para CARS foi de 41,6±7,9 pré e 38±2,9 pós e para Escala ATA foi de 33±6,8 pré e 31,7±1,9 pós. O IPO demonstrou que os escolares apresentaram para tarefas de perfil motor manipulativas resultados de 50,1% pré e 82,7% pós; tarefas estabilizadoras 53,8% pré e 84,9% pós e tarefas de mobilidade 55% pré e 85% pós. Também foi registrado não aderência as sessões de avaliação do IPO de 33,5% dos escolares para os momentos de pré e pós intervenção mesmo com ajustes procedimentais realizados. Conclusão: Exercícios de equilíbrio, força e coordenação influenciam positivamente o desempenho de escolares com TEA em tarefas motoras manipulativas, estabilizadoras e de mobilidade. Instrumentos como CARS e ATA parecem não demonstrar influência no perfil do transtorno após engajamento de crianças com TEA em intervenção com exercício.