Influência da severidade da apneia obstrutiva do sono sobre o débito cardíaco e duplo produto
Por José Lucas Porto Aguiar (Autor), José Ricardo Vieira de Almeida (Autor), Elton Carlos Felinto dos Santos (Autor), Rodrigo Pinto Pedrosa (Autor), Ozeas de Lima Lins Filho (Autor).
Em IX Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
Pacientes com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), apresentam piores respostas cardiovasculares ao teste de esforço quando comparado a seus pares sem AOS. No entanto, se a severidade da AOS influência nessas respostas, ainda não está claro. OBJETIVO: Verificar a influência da severidade da apneia obstrutiva do sono no débito cardíaco (DC) e duplo produto (DP) durante a realização do teste ergométrico. MÉTODOS: Nesse estudo transversal, 55 pacientes com o diagnostico prévio de AOS foram divididos em dois grupos de acordo com o índice de apneia-hipopneia (IAH), apneia leve-moderado [ALM (IAH <30 eventos/hora)] e apneia grave [AG (IAH ≥30 eventos/hora)]. A AOS foi avaliada através da polissonografia completa. Além disso, as respostas cardiovasculares ao teste de esforço foram avaliadas através de teste ergométrico máximo na esteira (TE), com monitorização por eletrocardiograma e presença de uma profissional médico. O DC foi calculado de acordo com a seguinte formula: DC = volume sistólico x frequência cardíaca; enquanto o DP = frequência cardíaca x pressão arterial sistólica (PAS). DC, DP e PAS, foram verificados a cada estágio durante o TE. Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade. As comparações entre os grupos foram feitas através do teste t para amostra independentes. Todas as análises foram realizadas no pacote estatístico para as ciências sociais (SPSS). Foi considerado p<0,05 como estatisticamente significante RESULTADOS: Participaram dezenove pacientes no grupo ALM e 36 no grupo AG. Os pacientes foram de meia idade (ALM média = 57,7 ± 8,8; AG média = 53,6 ± 9,90, obesos (ALM média = 33,2 ± 6,1 kg/m2 ; AG = 33,9 ± 5,8 kg/m2 ), e apresentam IAH de 18,3 ± 6,2 eventos/hora no grupo ALM e IAH de 55,9 ± 20,5 eventos/hora no grupo AG. O grupo AG apresentou maiores valores do debito cardíaco (17,1 ± 3,9 ml/min x 14,3 ± 4,2 ml/min do grupo ALM; p=0,01), e maior duplo produto (31357,2 ± 7205,3 mmHg.bpm x 25860 ± 5855,7 mmHg.bpm do grupo ALM; p = 0,006).. Não foram observadas diferenças na PAS (ALM média = 195 ± 29 mmHg; AG média = 205 ± 31 mmHg; p< 0,32) e diastólica (ALM = 102 ± 18 mmHg; AG = 100 ± 18 mmHg; p = 0,188) entre os grupos. CONCLUSÃO: Em indivíduos com AOS grave, há um aumento do débito cardíaco e do duplo produto quando comparado à indivíduos com AOS de grau leve a moderado. Além disso, a gravidade da AOS parece não influenciar as respostas de pressão arterial em teste de esforço.