Resumo

A Neuropatia autonômica cardíaca (NAC) é um distúrbio do controle autonômico cardíaco, decorrente de inúmeros processos patológicos, dentre eles o Diabetes Mellitus é um dos mais importantes devido a sua alta prevalência. A NAC promove um desequilíbrio simpatovagal de repouso, que pode ser refletido também durante períodos de recuperação pós-exercício. A mesma pode ser avaliada pela análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC), tanto no repouso quanto na recuperação pós-exercício, sendo esta última avaliada por métodos específicos para tal período, pois o exercício físico proporciona uma alteração nas influências simpáticas e parassimpáticas sobre o coração, necessitando que ocorra o retorno destas influências autonômicas sobre o coração ao equilíbrio de repouso. A lentidão nesta recuperação do equilíbrio autonômico representa um grande risco à saúde cardiovascular devido ao alto risco de acometimento de eventos cardiovasculares decorrentes deste estado de desequilíbrio autonômico. O principal objetivo deste estudo foi avaliar a influência do nível de atividade física sobre a recuperação autonômica após esforço físico em indivíduos diabéticos tipo 2. Foram avaliados neste estudo 14 indivíduos diabéticos de ambos os sexos, divididos em dois grupos: fisicamente ativos (DMFA; n = 7; idade: 57,57 ±2,47 anos) e insuficientemente ativos (DMIA; n = 7; idade: 54,29 ±2,67). A análise da VFC de repouso foi realizada através do registro eletrocardiográfico, utilizando-se métodos, tanto no domínio do tempo quanto da frequência. Para avaliação da recuperação autonômica cardíaca, os voluntários realizaram um teste de esforço submáximo, seguindo o protocolo de Bruce. Foram utilizados os métodos Time-varying e análise Tempo-frequência da VFC, obtendo-se os índices RMSSD e HF, a partir de consecutivas janelas de 30 segundos e de 1 minuto, respectivamente. Para análise comparativa entre grupos foi utilizado o teste t de Student ou teste U de Mann-Whitney, de acordo com presença ou ausência de normalidade. Para análise do efeito agudo do exercício sobre a frequência cardíaca (FC) durante a recuperação foi utilizado o teste One-Way ANOVA e para avaliação da correlação entre nível de atividade física e atividade vagal cardíaca de repouso foi utilizado a análise de correlação de Pearson. O nível de significância adotado foi de 5 %. O grupo de diabéticos fisicamente ativos apresentou uma menor FC de repouso, assim como uma maior atividade vagal cardíaca durante o repouso e recuperação pós-exercício. O comportamento da FC durante o período de recuperação foi similar entre os dois grupos, porém o grupo de DMIA apresentou valores de FC mais elevados quando comparado aos seus níveis de repouso, mesmo após 30 minutos de recuperação. Quanto à análise da reativação vagal plena evidenciamos que somente o grupo DMFA alcançou a completa reativação vagal plena. Concluímos que a prática regular deatividade física é eficaz em promover melhorias no comportamento autonômico de repouso, assim como na recuperação autonômica pós-exercício

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