Resumo
O treinamento de força (TF) tem sido recomendado no combate à perda de força e massa muscular comuns ao envelhecimento por promover melhoras nessas variáveis. Entretanto, essas adaptações nem sempre são revertidas em aumento da funcionalidade. Nesse sentido, o treinamento de força com instabilidade (TFI) caracteriza-se pela alta demanda de controle motor e maior sobrecarga sobre mecanismos neurais, que podem ter mais influência sobre adaptações neuromusculares que, por sua vez, tem o potencial de melhorar escores de funcionalidade e qualidade de vida (QV). Contudo, poucos estudos abordaram o tema em idosos, e esses não empregaram métodos capazes de elucidar mecanismos responsáveis pelas adaptações neuromusculares observadas. O objetivo deste estudo foi comparar os efeitos do TF e TFI nas adaptações neuromusculares, nos mecanismos inibitórios medulares, na funcionalidade e na qualidade de vida de idosos. Para tanto, 29 indivíduos (±69,8 anos) foram balanceada e aleatoriamente alocados em três grupos, controle (GC, n=10), TF tradicional, (GF, n=10) e TF com instabilidade (GFI, n=9). GF e GFI participaram de 12 semanas de TF progressivo, duas vezes por semana, iniciando com duas séries de 10 a 12 repetições, progredindo para 4 séries de 6 a 8 repetições, realizando os exercícios agachamento, puxada pela frente, leg press, chest press e flexão plantar. O GFI realizou os mesmos exercícios com a adição de acessórios de instabilidade entre a principal base de suporte do indivíduo e o aparelho, ou o solo. O grau de instabilidade foi ajustado utilizando-se acessórios cada vez mais instáveis. Os resultados apontaram menor volume total para GFI nos exercícios agachamento (22%), leg press (24,8%) e flexão plantar (8,5%). Aumentos significantes na força dinâmica máxima, para GF e GFI respectivamente, em membros superiores (14,46% e 10,57%), e inferiores (15,8% e 17,6%). Aumentos no pico de torque extensor de joelho (32,7% e 30,9%), e flexor plantar (40,7% e 78,3%%) para GF e GFI, respectivamente. Aumentos da taxa de desenvolvimento de torque extensor de joelho (34,42% e 48,13%,) e flexor plantar (47,66% e 81,33%,) para GF e GFI respectivamente. Redução do retardo eletromecânico, para GF e GFI respectivamente, no VM (-0,7% e -18,39%), VL (-8,97% e -16,92%), e gastrocnêmio (-9,4% e -24,21%). Aumento da RMS, para GF e GFI respectivamente, no VM (43,84% e 50,27%), VL (43,39% e 55,51%) e gastrocnêmio (68,95% e 80,56%). A funcionalidade melhorou no teste de sentar e levantar (9,44% e 24,21%) e flexão de cotovelo (12,7% e 24,5%), para GF e GFI respectivamente. Os mecanismos inibitórios medulares, o equilíbrio e QV não apresentaram aumentos significantes e isso foi atribuído a alta variabilidade intra-sujeitos, aos fatos de os indivíduos não apresentarem déficit no equilíbrio, e de a variável ser multifatorial, respectivamente. O teste de tamanho do efeito apontou vantagem para GFI no REM do VM, do gastrocnêmio, e no T1/2R dos flexores plantares. Concluímos que o TFI pode ser uma alternativa ao TF, por questões motivacionais ou de variação de exercícios, ou em substituição ao TF quando se deseja melhorar as variáveis que apresentaram vantagem ou treinar com menor VT