Resumo

A relação entre a ocorrência de eventos cardiovasculares em diferentes gêneros está associada ao advento da menopausa. É bem documentado que após esse período, há uma redução nos níveis de estrogênio, desencadeando alterações nos âmbitos metabólicos, hemodinâmicos e autonômicos. Objetivo: Investigar os efeitos do exercício e da sinvastatina em parâmetros metabólicos, hemodinâmicos e autonômicos após a privação dos hormônios ovarianos. Método: Foram utilizadas 36 Wistar divididas em 4 grupos ooforectomizadas (n=8): sedentárias (OS), treinadas (OT), sedentárias+sinvastatina (OSS) e treinadas+sinvastatina (OTS). A sinvastatina foi administrada por gavagem (1mg/kg/d/7d/8sem). O treinamento foi realizado em esteira (1h/d/5d/sem/8sem). Foi avaliado a concentração sanguínea de glicose, triglicerídeos (4h jejum), teste de resistência à insulina (2h jejum/insulina endovenosa/constante de queda da glicose). Ao final, foram registrados a pressão arterial (PA) diretamente e avaliadas as respostas reflexas taquicárdicas (RT) e bradicárdicas (RB) em relação às alterações na PA, induzidas pela administração de doses crescentes de nitroprussiato de sódio e fenilefrina (CEUA 058/07), assim como a modulação autonômica da frequência cardíaca,  avaliada pelo bloqueio de sistema nervoso autônomo por fármacos anti-colinérgicos (metilatropina, 3mg/kg – parassimpático) e betabloqueadores (propranolol, 4mg/kg – simpático), sendo medidas a PA e Frequência Cardíaca (FC) após 5 minutos. O tônus simpático e vagal foram calculados através da diferença entre as FC máximas e mínimas, e a FC intrínseca (FCI). Resultados: Os valores de glicemia foram menores no grupo OTS (77±3,6 mg/dL) em comparação ao grupo OS ao final do protocolo (92±2,9 mg/dL). Não houve diferença nos valores de triglicerídeos. Tanto as abordagens terapêuticas associadas ou não (grupos OSS: 5,40±0,3; OT: 5,8±0,3; e OTS: 5,1±0,4 mg/dl/%) mostraram aumento da sensibilidade à insulina em comparação ao grupo OS (4,1±0,5 mg/dl/%). A PA foi semelhante entre os 4 grupos estudados. Ambas as abordagens farmacológica e não-farmacológica resultaram em bradicardia de repouso (OSS: 343±6, OT: 339±5; OTS: 340±5 bpm) em comparação ao grupo OS (361±6 bpm). A RB e RT foram maiores nos grupos OSS (-1,86±0,1 e 3,30±0,2 bpm/mmHg), OT (-1,86±0,1 e 3,35±0,3 bpm/mmHg) e OTS (-1,80±0,1 e 3,15±0,2 bpm/mmHg) em relação ao grupo OS (-1,27±0,1 e 2,42±0,1 bpm/mmHg). Os resultados apresentam que o treinamento (OT: 39±2; OTS: 47±2 bpm) teve um efeito positivo no tônus vagal em comparação ao grupo OS (27±4 bpm). Além disso, o grupo OTS, que recebeu tanto o treinamento quanto a sinvastatina, apresentou um aumento ainda maior no tônus vagal em comparação ao grupo OSS (32±2 bpm). As abordagens terapêuticas utilizadas associadas (OTS: 63±9 bpm) ou não (OSS: 58±5; OT: 60±6 bpm), induziram redução do tônus simpático quando comparados ao grupo sedentário (OS: 81±5 bpm). A FCI não foi diferente entre os grupos estudados ao final do protocolo. Conclusão: É possível constatar que o tratamento crônico com sinvastatina associado ao treinamento físico promoveu benefícios no perfil metabólico, hemodinâmico e autonômico após a privação dos hormônios ovarianos. Esses benefícios incluem a diminuição da glicemia sem alteração nos níveis de triglicerídeos sanguíneos; alterações hemodinâmicas, atribuídas à diminuição da frequência cardíaca de repouso, e aumento da sensibilidade dos barorreceptores, e melhora da modulação autonômica da FC, atribuídos a melhora do tônus vagal e diminuição do tônus simpático.