Influência do treinamento físico e da sinvastatina sobre parâmetros metabólicos, hemodinâmicos e autonômicos em modelo experimental de menopausa
Por Thaís Miriã Da Silva Santos (Autor), Janaina De Oliveira Brito Monzani (Autor), Danielle Da Silva Dias (Autor), Katia De Angelis (Autor), Nathalia Bernardes (Autor), Leonardo Ribeiro Miedes (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
A relação entre a ocorrência de eventos cardiovasculares em diferentes gêneros está associada ao advento da menopausa. É bem documentado que após esse período, há uma redução nos níveis de estrogênio, desencadeando alterações nos âmbitos metabólicos, hemodinâmicos e autonômicos. Objetivo: Investigar os efeitos do exercício e da sinvastatina em parâmetros metabólicos, hemodinâmicos e autonômicos após a privação dos hormônios ovarianos. Método: Foram utilizadas 36 Wistar divididas em 4 grupos ooforectomizadas (n=8): sedentárias (OS), treinadas (OT), sedentárias+sinvastatina (OSS) e treinadas+sinvastatina (OTS). A sinvastatina foi administrada por gavagem (1mg/kg/d/7d/8sem). O treinamento foi realizado em esteira (1h/d/5d/sem/8sem). Foi avaliado a concentração sanguínea de glicose, triglicerídeos (4h jejum), teste de resistência à insulina (2h jejum/insulina endovenosa/constante de queda da glicose). Ao final, foram registrados a pressão arterial (PA) diretamente e avaliadas as respostas reflexas taquicárdicas (RT) e bradicárdicas (RB) em relação às alterações na PA, induzidas pela administração de doses crescentes de nitroprussiato de sódio e fenilefrina (CEUA 058/07), assim como a modulação autonômica da frequência cardíaca, avaliada pelo bloqueio de sistema nervoso autônomo por fármacos anti-colinérgicos (metilatropina, 3mg/kg – parassimpático) e betabloqueadores (propranolol, 4mg/kg – simpático), sendo medidas a PA e Frequência Cardíaca (FC) após 5 minutos. O tônus simpático e vagal foram calculados através da diferença entre as FC máximas e mínimas, e a FC intrínseca (FCI). Resultados: Os valores de glicemia foram menores no grupo OTS (77±3,6 mg/dL) em comparação ao grupo OS ao final do protocolo (92±2,9 mg/dL). Não houve diferença nos valores de triglicerídeos. Tanto as abordagens terapêuticas associadas ou não (grupos OSS: 5,40±0,3; OT: 5,8±0,3; e OTS: 5,1±0,4 mg/dl/%) mostraram aumento da sensibilidade à insulina em comparação ao grupo OS (4,1±0,5 mg/dl/%). A PA foi semelhante entre os 4 grupos estudados. Ambas as abordagens farmacológica e não-farmacológica resultaram em bradicardia de repouso (OSS: 343±6, OT: 339±5; OTS: 340±5 bpm) em comparação ao grupo OS (361±6 bpm). A RB e RT foram maiores nos grupos OSS (-1,86±0,1 e 3,30±0,2 bpm/mmHg), OT (-1,86±0,1 e 3,35±0,3 bpm/mmHg) e OTS (-1,80±0,1 e 3,15±0,2 bpm/mmHg) em relação ao grupo OS (-1,27±0,1 e 2,42±0,1 bpm/mmHg). Os resultados apresentam que o treinamento (OT: 39±2; OTS: 47±2 bpm) teve um efeito positivo no tônus vagal em comparação ao grupo OS (27±4 bpm). Além disso, o grupo OTS, que recebeu tanto o treinamento quanto a sinvastatina, apresentou um aumento ainda maior no tônus vagal em comparação ao grupo OSS (32±2 bpm). As abordagens terapêuticas utilizadas associadas (OTS: 63±9 bpm) ou não (OSS: 58±5; OT: 60±6 bpm), induziram redução do tônus simpático quando comparados ao grupo sedentário (OS: 81±5 bpm). A FCI não foi diferente entre os grupos estudados ao final do protocolo. Conclusão: É possível constatar que o tratamento crônico com sinvastatina associado ao treinamento físico promoveu benefícios no perfil metabólico, hemodinâmico e autonômico após a privação dos hormônios ovarianos. Esses benefícios incluem a diminuição da glicemia sem alteração nos níveis de triglicerídeos sanguíneos; alterações hemodinâmicas, atribuídas à diminuição da frequência cardíaca de repouso, e aumento da sensibilidade dos barorreceptores, e melhora da modulação autonômica da FC, atribuídos a melhora do tônus vagal e diminuição do tônus simpático.