Resumo

Indivíduos que sofrem de depressão frequentemente apresentam uma hiperatividade no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal resultando em concentrações elevadas de cortisol sanguíneo. Um dos principais sintomas dessa condição é a anedonia. Há evidências que o treinamento físico pode ser utilizado como tratamento para desordens depressivas. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito de um protocolo de treinamento aeróbio no comportamento depressivo, anedonia, induzida pela administração repetida de dexametasona. O estudo foi realizado com ratos adultos Wistar machos divididos em quatro grupos: controle (C), exercício (E), dexametasona (D) e dexametasona + exercício (DE). O treinamento físico consistiu de nado (1 h/dia, 5 dias/semana) por três semanas, com sobrecarga correspondente a 5% da massa corporal (esta intensidade é correspondente a 70% da máxima fase estável de lactato, portanto, exercício físico aeróbio). Os animais receberam injeções diárias e subcutâneas de dexametasona (D/DE; 1,5mg / Kg) ou salina (C/E). Foi realizado em paralelo, como controle, um experimento com antidepressivo clássico, fluoxetina, no qual os animais foram divididos em 2 grupos, fluoxetina (F) (10mg / Kg via gavagem) e dexametasona + fluoxetina (DF) (10mg / Kg de fluoxetina via gavagem e 1,5mg / Kg de dexametasona via administração subcutânea). Os animais tratados com dexametasona caracterizaram-se pela redução na massa corporal, nas concentrações de corticosterona no sangue, na síntese de colesterol e na massa das glândulas adrenais, bem como, demonstraram anedonia, medida comportamental avaliada através do teste de preferência pela sacarose. Adicionalmente, foi observado no hipocampo destes animais oxidação do DNA, aumento no conteúdo e na expressão de BDNF, acompanhado este por um aumento no mRNA da citocina IL-10. O protocolo de treinamento previniu estas alterações de forma similar ao antidepressivo fluoxetina, provavelmente por um mecanismo que envolve o aumento nas concentrações de testosterona. Estes dados apontam que o treinamento físico pode ser uma importante ferramenta para a prevenção e tratamento de desordens depressivas. 

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