Resumo

Pacientes tratados com fármacos betabloqueadores (BB) apresentam uma importante redução da frequência cardíaca (FC) em repouso e durante o exercício físico. Este efeito cronotrópico negativo dos BB pode apresentar magnitude diferente de acordo com sua farmacocinética, de maneira que implica em mudanças na prescrição do exercício físico para pacientes hipertensos. O objetivo desse estudo foi investigar a influência da farmacocinética dos BB na FC e na atividade autonômica ao exercício físico em adultos hipertensos. Três grupos (atenolol, enalapril e controle) realizaram duas sessões de exercício em cicloergômetro. A sessão I ocorreu após duas horas da administração do fármaco e a sessão II foi realizada 23 horas após a administração do fármaco. O exame de eletrocardiograma foi realizado durante o repouso, o exercício e pós-exercício. Para análise dos dados, aplicou-se o teste de ANOVA e o teste t–student (p<0.05). A FC, durante o exercício físico, foi 10,6% menor na sessão I, quando comparado com a sessão II do grupo atenolol. Quando foi realizado as análises intra-grupos, constatou-se que na sessão I, a FC de exercício do grupo atenolol foi menor do que as do grupo enalapril e controle. Não se observou diferenças nos componentes de baixa frequência (BF) e alta frequência (AF) entre as duas sessões e entre os três grupos. Observou-se que o grupo atenolol apresentou um balanço autonômico de repouso (BF/AF) significativamente menor em comparação com o grupo controle na sessão I, mas não se apresentou diferente no enalapril. Na sessão II a razão BF/AF não apresentou diferenças significativas entre os grupos. Os resultados confirmam o efeito cronotrópico negativo dos BB em hipertensos, no entanto, não ocorreram alterações significativas na atividade autonômica durante o exercício, o que sugere que outros mecanismos podem estar contribuindo para menor frequência cardíaca dos hipertensos.

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