Resumo

O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos do treinamento físico (TF) em parâmetros cardiovasculares e metabólicos, na modulação autonômica cardiovascular e no estresse oxidativo em ratas fêmeas Wistar e em ratas espontaneamente hipertensas (SHR), ambas ooforectomizadas submetidas à sobrecarga de frutose na água de beber. Foram utilizadas 40 fêmeas Wistar e SHR divididas em 4 grupos (n=10 em cada grupo) de ratas ooforectomizadas (remoção bilateral dos ovários) submetidas à sobrecarga de frutose (100g/L de água): sedentária (FOS), treinada (FOT), hipertensa sedentária (FHOS), hipertensa treinada (FHOT). Os grupos treinados foram submetidos a um programa de TF em esteira ergométrica (1 hora/dia, 5 dias/semana, 8 semanas, 40-60% da velocidade máxima no teste de esforço). A concentração sanguínea de glicose e triglicerídeos e o teste de resistência à insulina foram utilizados para avaliar o perfil metabólico. Ao final do protocolo, os animais foram canulados para registro direto de pressão arterial (PA). Além disso, avaliou-se a modulação autonômica cardiovascular no domínio do tempo e da freqüência (análise espectral). O perfil oxidativo foi verificado no tecido cardíaco avaliando-se a quimiluminescência (QL), a relação glutationa reduzida/glutationa oxidada (GSH/GSSG), bem como a atividade das enzimas antioxidantes: superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPx) e a catalase (CAT). O grupo FOS apresentou redução dos valores de triglicerídeos e do KITT (constante de decaimento da glicose) no teste de tolerância à insulina quando comparado ao grupo FOT. Os grupos FOHS e FOHT apresentaram valores de resistência à insulina e valores triglicerídeos semelhantes ao grupo FOS. Os valores de PA foram maiores nos grupos FOHS e FOHT em relação aos grupos FOS e FOT. Além disso, os animais do grupo FOHS apresentaram taquicardia de repouso em relação aos demais grupos estudados. O TF induziu bradicardia de repouso nos grupos treinados. A hipertensão induziu redução do RMSSD (raiz quadrada da média dos quadrados. das diferenças entre os intervalos R-R normais sucessivos) do intervalo de pulso (IP); e o TF induziu aumento do RMSSD somente no grupo FOT em relação aos demais grupos estudados. Com relação à banda de baixa freqüência do IP (BF), os grupos FOHS e FOHT demonstraram uma redução exacerbada desses valores em relação aos grupos FOS e FOT. A banda de alta freqüência do IP (AF) foi menor no grupo FOHT quando comparados ao grupo FOT. A hipertensão induziu um aumento na VAR-PAS e da banda de BF da PAS. No entanto, o TF atenuou tais disfunções nos grupos FOT e FOHT. A hipertensão provocou uma redução no índice alfa, representativa da sensibilidade barorreflexa espontânea que foi atenuada pelo TF (FOT e FOHT). A QL estava reduzida somente no grupo FOT em relação ao grupo FOS. Já a relação GSH/GSSG estava maior no grupo FOHT em relação ao grupo FOHS. A atividade da CAT foi maior nos grupos treinados, mas a atividade da GPx e da SOD foi semelhante entre os grupos estudados. Observaram-se correlações negativas entre a QL e o RMSSD (r=-0,60) e o índice alfa (r=-0,63), sugerindo que animais que reduziram o estresse oxidativo cardíaco apresentavam melhora na modulação autonômica cardiovascular. Concluindo, os resultados demonstraram prejuízos no perfil metabólico e autonômico em ratas ooforectomizadas sedentárias normotensas tratadas com sobrecarga frutose, e que a hipertensão induziu disfunções hemodinâmica e autonômica adicionais nesses animais. Entretanto, o achado mais importante de nosso trabalho foi que o treinamento físico atenuou algumas dessas disfunções decorrentes da privação dos hormônios ovarianos e do consumo crônico de frutose, pelo menos em parte associado à redução do estresse oxidativo; todavia, a presença de hipertensão aboliu alguns benefícios observados no grupo normotenso treinado.

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