Resumo

A criança utiliza-se da visão e da percepção tátil para explorar os objetos e o ambiente. Nas crianças com baixa visão, pode existir uma alteração nessa exploração devido à diminuição da capacidade visual, assim como da sensação tátil. O objetivo do estudo foi analisar a influência de propriedades físicas dos objetos, no alcance e na ação exploratória manual de crianças com baixa visão e visão normal, do 1º ao 3° ano de idade. Mediante o consentimento dos pais, participaram do estudo 11 crianças com diagnóstico oftalmológico de baixa visão (3 no grupo de 1 ano, 4 de 2 anos e 4 de 3 anos) e 18 crianças com visão normal, sendo 6 delas para cada idade (1, 2 e 3 anos). As crianças foram avaliadas uma única vez. Os materiais utilizados na avaliação foram: seis cubos, três pequenos e três grandes, sendo os pares com três tipos de estímulos diferentes: luminoso, alto contraste (preto e branco) e texturas diferentes. Todo o teste foi filmado para posterior análise. O teste ocorreu em 2 Fases: na Fase I, foram ofertados à criança os cubos grandes e, na Fase II, os cubos pequenos. Cada cubo era apresentado à criança por 1 minuto, com intervalo de 15 segundos entre eles. O alcance uni e bimanual e as ações exploratórias manuais, como deslizar a mão ou dedos no objeto, levá-lo à boca, bater no objeto com uma das mãos, bater com o objeto, transferi-lo de mão, girá-lo na mão, alternar entre levar à boca e olhar para o objeto, agitar, cheirá-lo e senti-lo foram codificados pela frequência de ocorrências. A partir da análise dos dados coletados, constatou-se que as crianças com baixa visão realizaram mais alcances (p=0,000) e menos ações exploratórias do que as crianças com visão normal (p=0,027). As experiências relativas ao alcance e à ação exploratória manual, em relação aos diferentes cubos, demonstram que o cubo grande de contraste, aos 2 anos, foi o mais alcançado pelo grupo de baixa visão (p=0,003) e o cubo pequeno de contraste o mais explorado pelo grupo de visão normal (p=0,003). Com os envolvidos de 1 ano, houve diferença no alcance uni e bimanual, para o cubo grande de luz, no grupo com visão normal (p= 0,021), e o pequeno de textura na baixa visão (p= 0,046); aos 2 anos, o resultado foi diferente: o cubo grande de textura (p=0,021), o grande de contraste (p=0,018) e o grande de luz (p= 0,031) somente para as crianças de visão normal; aos 3 anos, houve diferença no cubo grande de textura (p= 0,003) e no grande de contraste (p= 0,011), para o grupo de visão normal, e cubo grande de luz, tanto para o grupo de visão normal (p= 0,000) como para o grupo de baixa visão (p= 0,013). Quanto às ações exploratórias manuais, constatou-se uma diferença apenas aos 3 anos, na ação de bater no objeto, sendo esse movimento realizado, mais vezes, pelo grupo com baixa visão (p=0,042). As crianças com baixa visão alcançaram mais e exploraram menos os cubos, embora tenham utilizado estratégia semelhannte a das crianças com visão normal para a explorção manual.

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