Resumo

O presente estudo investigou um aspecto fundamental do sistema visual
que subsidia a aquisição de informação relevante para o controle postural,
a estratégia de movimentos dos olhos e da cabe ç a . Oito bailarinas
experientes foram analisadas durante a execução da pirouette, um giro do
b a l l e t cl á s s i c o, em d u a s c o n d i ç õ e s d i s t i n t a s : c om ( o l h o s ab e rt o s
normalmente) e sem (olhos vendados) informação visual disponível.
Objetivou-se 1) verificar o efeito da disponibilidade de informação visual
no controle postural das bailarinas; 2) descrever a cinemática do tronco e
cabeça na ação da pirouette; 3) testar hipótese de VICKERS (1996) que associa
a maior duração da fixação do olhar antes do início do giro (Olho Quieto,
OQ) com a melhor performance motora, e (iv) averiguar a validade de
dicas dadas por professores de ballet, segundo as quais as bailarinas devem,
ao rodar a cabeça, manter o olhar fixo numa referência espacial o máximo
possível (marcar a cabeça), sendo este o último elemento, após o tronco e
a cabeça, a abandonar a direção original e o primeiro a se encontrar nesta
direção novamente, enquanto tronco e cabeça ainda completam o giro.
Em suma, os resultados não corroboram a hipótese de forte correlação
entre a duração de OQ e redução da instabilidade, mas mostram longas
durações de OQ com pequena instabilidade postural durante as execuções.
As execuções sem informação visual disponível foram de instabilidade
postural significativamente maior. Um nítido sequenciamento do início dos
giros foi observado: primeiro o tronco, seguido da cabeça e olhar; os
términos foram em ordem inversa. As durações mais curtas foram as do
giro do olhar, seguidas pelas do giro da cabeça e do tronco, respectivamente,
caracterizando a presença da estratégia de marcar a cabeça em bailarinas
experientes.

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