“Os Escravos do Sr. Manoel Maurício, Convidaram, sem Licença de Seu Senhor, Diversos Companheiros em Número de Dezesseis, para um ‘Samba’"
Por Danilo da Silva Ramos (Autor), Alysson dos Anjos Silva (Autor).
Resumo
Como o samba, no século XIX, atuava como uma prática de (re)existência e sociabilidade entre os/as escravizados/as, mesmo sob repressão? O objetivo geral deste estudo é discutir os processos de (re)existências nos sambas durante o século XIX, a partir da análise de fontes da imprensa nacional. A metodologia consistiu na catalogação de 1179 fontes de periódicos disponíveis na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, utilizando a leitura crítica dessas fontes para identificar menções ao samba e suas implicações na vida dos/as escravizados/as. Os resultados indicam que o samba foi uma prática constante entre os/as escravizados/as, mesmo sob forte repressão, além de funcionar como um espaço de sociabilidade e afetos. As implicações científicas e sociais da pesquisa destacam a importância de trazer a memória dos/as escravizados/as ao campo de estudos do lazer, contribuindo para discussões sobre reparação histórica nesse âmbito.
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