Resumo

Devido às mudanças físicas e psicossociais que ocorrem na adolescência, muitos jovens podem sofrer insatisfação com sua imagem corporal, influenciada por fatores biológicos e socioculturais. Por isso, este estudo buscou analisar a incidência de insatisfação corporal de adolescentes que vivem em cidades de pequeno porte, bem como a influência da idade, do sexo e do estado nutricional na insatisfação com o corpo. Realizou-se uma pesquisa epidemiológica do tipo transversal com escolares de 15 a 19 anos, moradores de cidades com até 5.000 habitantes, localizadas na Zona da Mata mineira, em um raio de 70 km de Juiz de Fora, MG. Foram encontradas 9 cidades com 1.015 alunos matriculados no ensino médio, em 4 cidades, selecionadas de forma aleatória simples. Em cada uma, foi feito um censo com todos os alunos elegíveis para se alcançar um número de jovens relevante, sendo a amostra composta por 413 escolares. A insatisfação corporal foi avaliada pelo Body Shape Questionnaire e pela Escala Evaluacíon de Insatisfacíon Corporal para Adolescentes, ambos validados para a população adolescente brasileira. A idade, o sexo e o estado nutricional foram as variáveis independentes selecionadas para verificar a relação dos escolares com a insatisfação corporal. Foi usado o software SPSS v.17.0 para fazer análise descritiva das variáveis e os testes estatísticos para verificar a relação das variáveis biológicas com a insatisfação corporal, usando nível de significância de 5%. O teste de normalidade de Komolgorov Smirnov, o teste de variância de Kruskall-Wallis com post hoc Bonferroni e o teste de Mann-Whitney foram usados para analisar a relação das variáveis independentes com a insatisfação corporal. A média de idade foi de 16,6±1,4 anos, sendo 178 do sexo masculino (41,3%) e 235 do sexo feminino (56,9%). A maioria dos adolescentes, 71,9%, foi classificada com índice de Massa Corporal normal. As médias gerais de insatisfação corporal foram 66,78±29,63 pontos no Body Shape Questionnaire, sendo que 73,6% dos adolescentes mostraram-se livres de insatisfação Corporal pela análise desse instrumento. Já a Escala de Avaliação da Insatisfação corporal para Adolescentes obteve 17,96±11,74 pontos de média de insatisfação. Nas cidades pesquisadas, houve diferença significativa de insatisfação (p<0,05) e observou-se que as meninas estavam, significativamente, mais insatisfeitas que os meninos. Os jovens que apresentaram IMC acima do normal estavam mais insatisfeitos. Concluiu-se que a insatisfação não teve alta incidência entre os adolescentes das cidades pequenas pesquisadas, contudo percebeu-se que algumas variáveis, como o estado nutricional e o sexo, são fatores que contribuem para insatisfação corporal. Estudos epidemiológicos são importantes para avaliar a relação da imagem corporal com a insatisfação corporal entre os adolescentes de regiões com contextos sociodemográficos diferentes. Além disso, servem para detectar quais são os principais fatores que influenciam no aumento da insatisfação dos jovens com o próprio corpo. 

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