Resumo

O presente estudo teve como objetivo analisar a associação da inteligência emocional com a motivação e a ansiedade pré-competitiva em atletas brasileiros por meio de dois estudos. No Estudo 1, foram analisadas as propriedades psicométricas da Escala de Inteligência Emocional de Schutte para o Esporte (SSEIT) no contexto esportivo por meio de três etapas. Foram sujeitos da pesquisa, no Estudo 1, 508 atletas jovens e adultos participantes dos Jogos Escolares de Arapiraca-Al (JEAR) e dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBS) no ano de 2019. Como instrumentos foram utilizados a SSEIT e o Inventário de Ansiedade do Estado Competitivo-2R (CSAI-2R). A análise de dados foi conduzida por meio da Análise Fatorial Exploratória (AFE) e Confirmatória (AFC), alfa de Cronbach, confiabilidade composta, coeficiente de correlação de Pearson (p < 0,05) e Validade Externa. Os resultados da AFE revelaram que o modelo unifatorial com 26 itens apresentou melhor ajuste para os dados. Diferentes modelos foram testados na AFC, sendo o modelo unifatorial com 26 itens com melhor ajuste [χ2=592,20; χ2/gl=2,12; RMSEA=0,05; CFI=0,91; TLI=0,90]. A validade externa foi encontrada na correlação significativa da inteligência emocional com a ansiedade cognitiva (r = -0,13) e autoconfiança (r = 0,33). No estudo 2, foi verificado o papel preditor da inteligência emocional sobre a motivação no esporte e ansiedade pré-competitiva em atletas universitários. Este estudo objetivou-se em investigar o papel preditor da IE sobre a motivação e a ansiedade pré-competitiva em atletas brasileiros universitários. Foram sujeitos deste estudo transversal 407 atletas universitários, que participaram de competições oficiais nos anos de 2019/2020, de ambos os sexos (225 homens e 182 mulheres) de todas as regiões do Brasil, com média de idade de 22,77 anos (dp = 3,72). Os instrumentos utilizados foram a Escala de Inteligência Emocional de Schutte para o Esporte (SSEIT), Escala de Motivação para o Esporte II (SMS-II) e Inventário de Ansiedade do Estado Competitivo-2R (CSAI- 2R). A análise dos dados foi conduzida por meio de estatísticas descritivas, correlações de Pearson e regressão múltipla (P < 0,05). Em seguida, os atletas foram agrupados/classificados por meio de análise de cluster hierárquica e não-hierárquica. As diferenças entre os clusters para as regulações de motivação e ansiedade competitiva foram testadas pela Análise de Variância Multivariada (MANOVA). Os resultados revelaram que a IE explicou uma quantidade significativa das regulações de motivação (R2 entre 0,01 e 0,14, p < 0,05), contribuindo positivamente para regulação externa (β = 0,13, p < 0,05), regulação introjetada (β = 0,21, p < 0,001), regulação identificada (β = 0,38, p < 0,001), regulação integrada (β = 0,36, p < 0,001) e regulação intrínseca (β = 0,36; p < 0,001). Em relação à ansiedade, a IE explicou positivamente a autoconfiança (β = 0,43; p < 0,001). A análise de cluster não hierárquica confirmou a solução de três clusters, denominados de cluster 1 (n = 243) “Alta IE”, cluster 2 (n = 127) “Moderada IE” e os atletas do Cluster 3 (n = 37) “Baixa IE”. Concluiu-se que as analises psicométricas apresentaram valores satisfatórios e o instrumento mostrou-se confiável e aplicável para o contexto esportivo brasileiro. A IE parece ser um fator preditor da motivação autônoma e da autoconfiança de atletas universitários brasileiros.

Acessar