Resumo

Historicamente as competições constituem-se atividades sócio-culturais mobilizadoras de um grande número de adeptos. Essas pessoas remetem aos jogos desde: o alívio de suas tensões e estresse, à simulação de vivências corporais, a imaginária ultrapassagem dos obstáculos, enfim a construção e manutenção de expectativas e representações. Apesar do down-hill ser considerado uma modalidade individual que arregimenta pequeno número de pessoas, dentro da União Ciclística Internacional (UCI), os quesitos “torcida” e “receptividade do público” são exigências estipuladas para que os circuitos sejam regulamentados. Este estudo, de natureza qualitativa, objetiva investigar o papel das torcidas no down-hill. Para tanto, utilizou-se como instrumento a observação de pessoas de ambos os sexos, de faixa etária e perfil social variados, que acompanharam pessoalmente a primeira etapa brasileira do “Mountain Bike UCI World Cup”/2005 e pela mídia televisiva, o “Downhill na Mina de Ouro”/2006. O primeiro evento contou com a presença de 3.000 indivíduos em média, ao longo dos percursos, que torciam e vibravam a cada descida dos atletas, manifestando-se mais intensamente nos saltos de grande amplitude, nas manobras executadas com elevado grau de dificuldade e complexidade do movimento, aplaudindo, eventuais acidentes e quedas de atletas. Já no segundo evento havia aglomeração somente na largada e nos 50 metros seguintes, devido à ausência de locais disponíveis para público no interior da mina, sendo a interação praticamente nula. Os resultados, analisados descritivamente apontaram que a torcida colabora para o sucesso dos eventos. Em relação aos atletas, concluiu-se que eles estão bastante sujeitos a sofrer alterações de performance em função da interação simpática ou antipática, estimulante ou escarnecedora das torcidas. E, em relação à relevância das competições de down hill no âmbito do ciclismo, a torcida é bastante importante, pois é ela que permite avaliar o grau de atratividade de público/ audiência, o que denota a concretização de espaço ocupado pela modalidade ou ainda, o quanto o evento é viável em termos de retorno sobre o investimento.

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