Interdependência Entre a Participação em Aulas de Educação Física e Níveis de Atividade Física de Jovens Brasileiros: Estudo Ecológico
Por Pedro Rodrigues Curi Hallal (Autor), Carlos Alex Martins Soares (Autor).
Em Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde - RBAFS v. 20, n 6, 2015. Da página 588 a -
Resumo
Compreender as relações entre Educação Física, atividade física e saúde é uma prioridade atual. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre a participação em aulas de Educação Física e o nível de atividade física de jovens brasileiros, utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Coletas de dados foram feitas em 2009 e 2012, tendo como população-alvo os escolares do 9º ano do ensino fundamental, de escolas brasileiras. Cerca de 40% dos alunos, tanto em 2009 quanto em 2012, tiveram duas aulas semanais de Educação Física. Em 2012, o Nordeste foi a região com o menor percentual de escolares que alcançaram 300 minutos ou mais de atividade física por semana (29,5%; IC95% 28,2 – 30,8) e o Sul (37,3%; IC95% 32,1 – 42,5) esteve no extremo oposto. Em 2009 os percentuais foram mais elevados, tanto no extremo inferior (Nordeste: 37,7%; IC95% 35,9 – 39,5) como no extremo superior (Sul: 49,8%; IC95% 41,9 – 57,7). Foi encontrada uma forte correlação negativa (rho -0,84; p<0,001 em 2009 e rho -0,81; p<0,001 em 2012) entre não ter tido aula de Educação Física nos últimos sete dias e o percentual de estudantes que atingem 300 minutos por semana de prática de atividade física. Apesar de desafios quanto à infraestrutura, falta de materiais, baixa valorização da disciplina e remuneração dos professores inferior a observada em outros países, a existência de mais aulas de Educação Física está relacionada com maiores níveis de atividade física entre os jovens brasileiros. Modificações na legislação criando a obrigatoriedade de três aulas de Educação Física por semana são recomendadas.