Interface da Capoeira com a Indústria do Turismo na Cidade de Salvador (1960–1980)

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Parte de Histórias da Educação Física no Brasil . páginas 207 - 229

Resumo

O texto propõe-se em discutir a interface da capoeira com a indústria do turismo na cidade de Salvador que passou a ser promovida como “terra da felicidade”, com destaque para seus elementos culturais – culinária, música, danças e religiosidade. Dessa forma, o turismo, impulsionado por políticas públicas e investimentos em infraestrutura (como a criação da Bahiatursa e SUTURSA), passou a interferir nos espaços da cidade e nos corpos de seus habitantes, moldando comportamentos e práticas culturais. Neste sentido, o texto cartografa os centros e academias de capoeira, anteriormente voltados para a preservação de tradições e práticas comunitárias, passaram a adaptar seus rituais e apresentações aos formatos exigidos pelos shows folclóricos voltados ao público visitante.  Para tanto, enveredamos no campo da história social, no intuito de compreender as complexas relações de poder que os Mestres tiveram que lidar a essa nova lógica de espetáculo turístico. Esse processo revela não só a inserção da capoeira na lógica da economia cultural e turística da cidade, mas também sua capacidade de sobrevivência, adaptação e reinvenção diante das pressões do mercado e das políticas públicas.