Interferência da Postura Corporal nas Medidas da Variabilidade da Frequência Cardíaca
Por Felipe de Ornelas (Autor), Tiago Volpi Braz (Autor), Vlademir Meneghel (Autor), Danilo Rodrigues Batista (Autor), Kayene de Souza Pereira (Autor), Márcio Antônio Gonçalves Sindorf (Autor), Marlene Aparecida Moreno (Autor).
Resumo
Introdução: Na literatura sobre variabilidade da frequência cardíaca (VFC) ainda carecem informações se as posições corporais influenciam as medidas calculadas no domínio do tempo (ex. RMSSD), frequência (ex. LF:HF) e não linear (ex. SD1), sobretudo na comparação da posição supinada e ortostática. Objetivo: Verificar a interferência da postura corporal supinada (SUP), sentada (SEN) e ortostática (ORT) na VFC. Metodologia: Participaram do estudo 18 indivíduos hígidos do sexo masculino (26±4 anos, 1,76±0,07m, 23,54±2,27 kg/m², atividade física rigorosa ≥ 3 h/semana). As análises foram feitas em laboratório, mantendo-se as condições de horário (7:00 e 10:00 AM), ruído, iluminação e temperatura (22oC). Foi utilizado um eletrocardiograma da marca MicroMed® com trechos de 12 minutos de gravação dos intervalos R-R. Por inspeção visual, 2 avaliadores experientes selecionaram trechos de 5 minutos com maior estabilidade do sinal. Os sujeitos mantiveram a respiração espontânea. Além disto, não realizaram exercícios extenuantes e consumo de bebidas alcóolicas/estimulantes 48 horas antes do experimento. Exportou-se os intervalos R-R para o software Kubios HRV versão 3.0®, calculando-se as variáveis rMSSD (raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre intervalos RR normais adjacentes), razão LH:HF (componente de baixa frequência dividido pelo de alta frequência-representa o balanço simpato-vagal sobre o coração) e SD1 (desvio padrão da plotagem de Poincaré). Testou-se a normalidade, homocedasticidade e esfericidade dos dados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, Levene e Mauchly, respectivamente. A diferença das posições corporais foi testada pela ANOVA com medidas repetidas seguida do post-hoc de Bonferroni quando necessário, com p<0,05. Resultados: rMSSD= (SUP= 74,1±43,8 ms, SEN= 59,3±31,9 ms, ORT= 40,6±19,0 ms); LF:HF= (SUP = 2,65±3,93 ms, SEN= 4,25±4,52 ms, ORT = 5,85±3,89 ms); SD1= (SUP= 52,5±31,0 ms, SEN = 41,9±22,5 ms, ORT = 28,7±13,4 ms). Foi observada diferença significativa para rMSSD (F2,34= 7,633; p= 0,002; η²p= 0,310), LF:HF(F2,34= 5,393; p= 0,009; η²p= 0,241), SD1(F2,34= 7,624; p= 0,002; η²p= 0,310). O post-hoc demonstrou diferença significativa de rMSSD, LF:HF e SD1 da ORT para SUP, rMSSD e SD1 da ORT. Considerações finais: Em condições de repouso a posição ortostática modifica atividade parassimpática e balanço simpato-vagal em comparação com a supinada e sentada.