Investigação da correlação de valores de tônus muscular com o desconforto muscular em praticantes de treinamento resistido

Nos dias atuais a prática esportiva tem se tornado cada vez mais recorrente entre a população e o treinamento resistido (TR) é muito práticado para benefícios de saúde, estética e capacidade funcional. Durante o treino, períodos de estresse corporal que ocasionem a fadiga são necessários, o que pode levar a consequênicas perceptivas, como desconforto muscular. A partir disso, torna-se relevante o questionamento de quais variáveis podem ajudar a explicar as sensações derivadas de um treinamento. O tônus muscular é essencial para o funcionamento muscular, contrações eficientes e transmissão de energia durante o movimento. Estudos mostram que níveis muito elevados ou diminuídos dessa variável esta associado com dor miofascial e risco de lesão muscular e, o tônus muscular pode se alterar após sessões de treinamento. Objetivo: Investigar a correlação entre o tônus muscular com o relato de desconforto muscular em praticantes de TR. Métodos: Trata-se de um estudo derivado de um ensaio clínico randomizado (CAAE:56214722.6.0000.5402). Os critérios de inclusão foram ter idade entre 18 a 35 anos, praticar TR por no mínimo 2 meses, treinar membros inferiores (MMII) 2 vezes na semana e não apresentarem lesões nos últimos 6 meses. O estudo ocorreu durante 4 semanas compostas por duas sessões de TR de MMII com um dia de intervalo entre elas. Depois do treino foi avaliado o desconforto muscular no membro inferior do praticante por uma escala Likert de 5 pontos (1=nada, 2=pouco, 3=moderado, 4=muito, 5=extremo) e o tônus muscular por meio do dispositivo MyotonPRO® no quadríceps, isquiotibiais, sóleo e multífido lombar, no membro dominante. A análise estatística foi realizada no software SPSS (versão 25; SPSS Inc. Chicago, IL, EUA) e para avaliar a correlação do tônus muscular com o desconforto muscular foi realizada pela correlação de Spearman, devido a distribuição dos dados. A magnitude da correlação foi interpretada como: pouca ou nenhuma correlação (de 0,00 a 0,25), razoável (de 0,25 a 0,50), moderada a boa (de 0,50 a 0,75), boa a excelente (acima de 0,75). Todas as análises consideraram o nível de significância de 5%. Resultados: Foram incluídos 58 praticantes de TR. Os dados descritivos da amostra estão apresentados por média e desvio padrão: 39 homens, idade 22 ± 2,90 anos, peso 73 ± 12,40 kg, altura 173 ± 7,92 cm. Os resultados mostraram que não houve correlação entre o desconforto muscular com o tônus muscular dos isquiotibiais (r=0,11 p=0,40), do quadríceps (r=0,15 p=0,28), multífidos lombar (r=0,19 p=0,15) e sóleo (r=0,10 p=0,47). Conclusão: Valores de tônus muscular não se correlacionaram o auto relato de desconforto muscular em praticantes de TR, concluindo assim que uma variável não apresenta influência na outra. Assim, outras consequências derivadas do treinamento, como microlesões, podem influenciar no aparecimento dessas sensações.