Resumo

A privação dos hormônios ovarianos é a principal responsável por mudanças no corpo da mulher. Pouco se sabe a respeito das alterações morfológicas e funcionais que ocorrem na bexiga urinária mediante a associação do hipoestrogenismo com o exercício físico. O objetivo do trabalho foi investigar o efeito do exercício físico resistido em diferentes volumes de treinamento na bexiga urinária em ratas ovariectomizadas. Materiais e método: Para o estudo, foram utilizadas 40 ratas (Rattus norvegicus albinus – Rodentia Mammalia), linhagem Wistar, adultas, controle e ovariectomizadas, divididas de acordo com o volume de treinamento: CS- controle sedentário; C1- controle treinado por 1 semana (agudo); C3- controle treinado por 3 semanas (intermediário); C10- controle treinado por 10 semanas (crônico); OvxS - Ovariectomizado sedentário; Ovx1- Ovariectomizado treinado por 1 semana (agudo); Ovx3- Ovariectomizado treinado por 3 semanas (intermediário); Ovx10- Ovariectomizado treinado por 10 semanas(crônico). O treinamento foi realizado em escada, seis sessões em dias alternados com duração de acordo com o volume de treinamento. Após os animais foram submetidos à avaliação funcional da BU, através de drogas aplicadas diretamente em sua superfície. Foram analisados os registros: basais da pressão intravesical e da variação da pressão intravesical quando aplicadas drogas diretamente na superfície da bexiga urinária. Ao final dos registros, o animal foi eutanasiado, a bexiga urinária retirada, pesada e fixada em formol a 10%. Os tecidos foram emblocados em parafina para realização de cortes histológicos corados em HE e Picrosirius Red. Os seguintes parâmetros foram analisados: espessuras das camadas da bexiga urinária (muscular, mucosa e epitélio de transição) e densidade de volume de fibras colágenas do tipo I (FCI) e tipo III (FCIII). Os resultados foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA) de duas vias, seguido pelo pós-teste de Tukey. O nível de significância adotado em todos os testes foi de p< 0,05. Resultados: Houve aumento da massa corpórea no grupo ovariectomizado, que foi mantida durante o protocolo de exercício físico. A análise funcional evidenciou diminuição da reação de contração e relaxamento vesical nos volumes agudo e intermediário de exercício físico. A análise morfológica mostrou que o treinamento agudo e intermediário promove diminuição da espessura da camada muscular, com reversão do processo com o treinamento crônico. Nos grupos ovariectomizados o treinamento agudo apresentou redução da espessura da camada mucosa e o crônico aumento. O hipoestrogenismo promoveu diminuição significante na espessura do urotélio nos grupos OvxS e no treinamento agudo. A ovariectomia promoveu redução significante nas FC I dos grupos OvxS, Ovx1 e Ovx3 e aumento das FC III no grupo Ovx1. Na camada mucosa os grupos ovariectomizados promoveram redução significante na densidade de volume das FC I quando comparada a seus controles e o treinamento crônico provocou sua recuperação. Conclusão: Nossos resultados sugerem que o volume de treinamento crônico (10 semanas) promove a reversão das alterações morfofuncionais causadas pelo hipoestrogenismo, podendo ser utilizado como tratamento não farmacológico frente as mudanças do trato urinário inferior, nesta fase marcante na vida das mulheres.

Acessar