Resumo
Contextualização: O exercício resistido é considerado um dos meios mais utilizados para aprimorar a capacidade funcional do sistema neuromuscular. Esses efeitos têm influência na determinação de uma excelente capacidade funcional e na prevenção de lesões esportivas. Com a finalidade de buscar melhores resultados com o exercício resistido, diversas estratégias têm sido utilizadas, dentre elas, exercício agonista-antagonistas pareado em séries (AAP). Resumidamente, o exercício AAP consiste em realizar, alternadamente, exercícios dos músculos agonistas e antagonistas de uma articulação. Objetivo: Analisar os efeitos de três diferentes intervalos de recuperação (IR) entre as ações musculares agonistas e antagonistas do exercício resistido AAP, no desempenho neuromuscular dos músculos agonistas e antagonistas de indivíduos jovens sadios. Método: A amostra foi composta por 50 voluntários sadios do sexo masculino, com média de 23.2 (2.8) anos de idade, 1.76 (0.10) metros de altura. Os voluntários compareceram em 3 momentos distintos com um intervalo de no mínimo 72 horas entre cada momento, nos quais foram realizado o mesmo protocolo de exercício AAP (exercícios concêntricos alternados dos antagonistas/agonistas (4 séries de 10 repetições de flexão do joelho seguidas por 10 repetições de extensão do joelho na velocidade de 60ºs) utilizando intervalos: imediato (ausência de intervalo), 60 segundos e 120 segundos. Para a análise dos dados, utilizou-se o programa SPSS versão 25.0. Inicialmente, os pressupostos de normalidade foram confirmados por meio do teste de Shapiro-Wilk para as variáveis: trabalho total, pico de torque e eficiência neuromuscular dos músculos extensores do joelho, e trabalho total, pico de torque, eficiência neuromuscular, ativação muscular e fadiga muscular dos músculos flexores do joelho. Aplicou-se uma análise de variância (ANOVA) com medidas repetidas, com teste post hoc de Bonferroni, para verificar as diferenças entre os IR (para as variáveis trabalho total, pico de torque e eficiência neuromuscular dos músculos extensores do joelho e trabalho total, pico de torque eficiência neuromuscular, ativação e fadiga muscular dos músculos flexores do joelho) e uma análise dentro do mesmo IR para verificar as diferenças ao longo das 4 séries de exercício. A significância adotada foi de 5% (p<0,05), com intervalo de confiança de 95%. Para as variáveis, ativação e fadiga muscular dos músculos extensores o pressuposto de normalidade não foi atendido. Assim, utilizou-se o teste de Friedman com post hoc com comparações múltiplas pelo teste de Mann Whitney para comparar os diferentes IR. Nas comparações múltiplas, a significância de 5% foi corrigida para o total de comparações (12 comparações - 3 IR x 4 séries), sendo adotada uma significância corrigida de 0.4% (p<0,004). O intervalo de confiança de 95% foi calculado utilizando os valores da média por ranque, desvio padrão e tamanho da amostra. Resultados: Para os músculos extensores do joelho não verificamos diferenças significantes entre os IR para o trabalho total, pico de torque e eficiência neuromuscular (p>0,05). Verificamos diferenças significantes na ativação muscular entre os IR 60s versus 120s na série 2 (p<0,05). A fadiga muscular foi significativamente menor no intervalo IM versus intervalo de 60s, nas séries 3 e 4 (p<0,05) e entre os intervalos de 60s e 120s a diferença ocorreu na série 4 (p<0,05).