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Afinal, o que representam para o Brasil as inéditas 21 medalhas em Tóquio? Para a história do esporte é um registro fenomenal! Para o alto rendimento foi mais uma etapa olímpica vencida. 

O que representam para o governo os pódios no skate de Rayssa Leal, Kelvin Hoefler e Pedro Barros? Euforia, apenas! Porque os governos, de ontem e o de hoje, desconhecem o potencial da indústria do esporte. E que só o mercado do skate movimenta R$ 1 bilhão anual no país. Imagino o que ocorrerá, agora, com a canoagem, boxe, surfe... 

Mais: Isaquias Queiroz começou na canoagem em 2005 no “Segundo Tempo”. Que fim levou esse programa? Quantos competidores ficaram pelo caminho com o desleixo dos governos que ignoraram a importância de projetos desse nível, principalmente em comunidades pobres? Seria por isso (falta de políticas públicas) que o atletismo, com 54 competidores, figurou em apenas quatro finais, com duas medalhas, nos Jogos de Tóquio? 

E o que dizer da natação indoor, com centenas de clubes Brasil afora, presente em apenas seis finais, nenhuma semifinal feminina e apenas dois pódios de bronze? 

Enfim, nunca tivemos projetos públicos de longa duração para massificar o esporte. Desperdiçamos o potencial que existe nas escolas. Nosso modelo é o clubístico, elitista e seletivo. O potencial humano existe. Dinheiro e corrupção também. Há vida riquíssima fora do futebol. Falta as excelências se voltarem para esse segmento que repercute no turismo, na economia e na qualidade de vida de milhões de brasileiros.