Resumo

 

Integra

        A prisão do presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, não deve ser analisada como mais um fato no contexto da “cultura” da corrupção no Brasil. Triste, mas real.

           Da mesma forma, a operação Unfair Play, da Polícia Federal, que investiga o também presidente do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, não pode se limitar às prisões de hoje. É preciso avançar.

           O ponto de partida deve ser 2003, quando foi criado o Ministério do Esporte e o então governo Lula incentivou o aumento de verbas públicas para o esporte.

           Por enquanto, a Polícia Federal concentra investigações nos Jogos Olímpicos. Mas precisa chegar a todos os órgãos que estiveram envolvidos nesse evento, a partir do Ministério do Esporte, estatais patrocinadoras do esporte, com o Banco do Brasil, Caixa, Correios, Petrobras, Infraero, Eletrobras, BNDES, Casa da Moeda e por aí vai.

Da mesma forma, as confederações devem entrar no rol das investigações. A parceria de mais de uma década das estatais e confederações é um saco sem fundo, onde dezenas de mãos-peludas saquearam boa parte da grana que deveria ir para os atletas.

           A Polícia Federal precisa avançar aos ministros do Esporte, a partir de Agnelo Queiroz, Orlando Silva, Aldo Rebelo, George Hilton e Ricardo Leyser. Foram eles que liberaram verbas e mais verbas, no atropelo das necessidades olímpicas, mas sem qualquer fiscalização.

           O Tribunal de Contas da União alertou, em vários relatórios, que o risco de corrupção era “real”, porque a grana que saía não tinha acompanhamento de sua real aplicação. Obras superfaturadas, serviços não-realizados mas que foram pagos, nota fiscal duplicada que era honrada e por aí vai. Ricardo Leyser Gonçalves sabe muito bem sobre isso e, acredito, será chamado a explicar, também, sobre a sua omissão.

           A Polícia Federal precisa avançar sobre o destino da grana da Lei de Incentivo ao Esporte. Aí, meus amigos, a farra é gigantesca. Há suspeitas de pagamento de propinas para funcionários do Ministério aprovarem projetos inexpressivos, que não acrescentaram nada ao crescimento do esporte.

           Que o Ministério Público chegue aos prefeitos cariocas envolvidos com os megaeventos, aos presidentes das Confederações. De todas as confederações. Que chegue ao trambique olímpico da construção do campo de golfe, à destruição do velódromo dos Jogos Pan-Americanos, à destruição do estádio de atletismo Célio de Barros, à terceirização, sem licitação do Estádio do Remo, na Lagoa... E por aí vai.

           A patifaria dos espertos foi gigantesca, e a prisão de Nuzman deve ter colocado muita gente de alerta.

Com certeza tem mão-peluda que não vai dormir a partir de hoje. E os que conseguirem vão acordar mais cedo e olhar pela janela. O Japonês da Federal agora tem missão olímpica. E o Brasil bate o recorde da vergonha mundial, ao ver os dois presidentes dos maiores eventos esportivos do mundo nas mãos da Justiça: Marin e Muzman.

            Agora vai...