Editora EDUFF. Brasil 1997. 355 páginas.

Sobre

Inscrevendo-se na temática da cultura da classe trabalhadora, o livro procura articular, a partir de trabalho etnográfico, as concepções de homem e trabalhador. Enfoca o processo de construção social de trabalhadores e, por essa via, de uma forma particular de construção da pessoa.

No prefácio, Luiz Fernando Duarte destaca que “esse tipo de trabalho foi desenvolvido sobretudo em relação às sociedades tradicionais (‘primitivas’ ou ‘clássicas’), onde sua diferença em relação aos padrões ‘individualistas’ do Ocidente se impunha como um particular desafio. A condição de pessoa nos segmentos subordinados das sociedades ocidentais modernas foi durante muito tempo um não lugar, ocupado pelas projeções das leituras antípodas das elites individualistas: ora um espaço de permanente ilegitimidade pela ausência de ‘civilização’, ora um espaço de ilegitimidade transitória pela expectativa da eclosão da ‘consciência revolucionária'”.

E acrescenta: “Mesmo hoje, em épocas um tanto mais afetadas pela flexibilização dos modelos culturais, não me parece que as classes letradas se tenham ainda sequer vagamente apercebido do que nos ensina esse trabalho: que os processos simbólicos de produção de si nos meios populares são extremamente complexos, tensos, reflexivos, dolorosos e comoventes. O rigor das miseráveis condições de reprodução socioeconômica não elimina o jogo das possibilidades e alternativas, pelo contrário, o aguça como critério da habilidade social plena, nesse ‘jogo de corpo‘ que se construirá ao longo das odisseias plenas de significação aqui reconstruídas”.