Resumo

Os objetivos da presente pesquisa consistiram em verificar o sentimento de cooperação subjacente a praticantes de futebol e, a partir dos resultados obtidos, aventar os alcances educacionais e suas possíveis distorções no contexto deste esporte. Foram estudados 22 sujeitos do sexo masculino, com idade entre 13 e 15 anos na cidade de São José do Rio Preto - SP, que compunham dois grupos distintos, sendo um denominado de Grupo A formado por 11 sujeitos integrantes de uma equipe de futebol que disputava o campeonato paulista da categoria na primeira divisão e, um outro Grupo intitulado de B configurado por 11 sujeitos alunos de uma escola do ensino fundamental tendo na mesma o futebol como um meio de lazer fora do horário de aula. Todos os sujeitos foram submetidos a uma entrevista, norteada pelos princípios do método clínico piagetiano em que, na mesma, eram apresentados cinco dilemas que versavam, em sua essência, a respeito de hipotéticas situações que comumente são vivenciadas em uma partida de futebol e que, por sua vez, poderiam gerar escolhas a favor ou contra a cooperação. A análise e interpretação qualitativa dos dados permitiram configurar que os sujeitos, apesar de pertencerem a grupos distintos de prática do futebol, apresentavam julgamentos morais semelhantes para um mesmo dilema a ponto de caracterizar dois tipos divergentes de cooperação, quais foram, a cooperação intergrupal e a intragrupal. Na cooperação intergrupal pode ser percebido um contexto que foi denominado de microcooperativo por destoar de uma moral efetiva, em outras palavras, que fosse regulada pelos princípios da reciprocidade e do respeito mútuo e, em contrapartida, na cooperação intragrupal ficou caracterizado um ambiente designado de macrocooperativo por conta de uma comunhão de valores partilhados pelos membros de um mesmo grupo. Pode-se inferir, de acordo com os resultados obtidos que, dentre um amplo complexo de variáveis que afetavam o julgamento moral dos sujeitos, a figura do adulto no papel de professor/treinador teve uma significativa influência sobre as ações dos entrevistados, assim como configurar a pungente necessidade de conformidade de idéias e formação de identidade grupal, inerente ao período de vida entre a puberdade e a fase adulta. 

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