Resumo

Resgata-se a realização de jogos envolvenfo escolares no Maranhão.

Integra

~As primeiras referências sobre a prática de atividades lúdicas e de
movimento que encontramos em Maranhão datam do período Colonial. Informamnos
os cronistas de que já se praticavam algumas formas de atividade física desde
1678 2.
Naquele ano, quando da chegada do primeiro Bispo ao Maranhão,
realizaram-se as famosas cavalhadas – desfiles a cavalo, corrida de cavaleiros,
jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas... Produtos do feudalismo e da
cavalaria - do tardio medievo português -, período em que os jogos cavalheirescos
se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas (GRIFI, 1989) 3.
Essas manifestações do entusiasmo popular talvez tenham nascido com as
atividades recreativas que pipocaram em certos centros, conforme as feições
econômicas das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as
1 Publicado em LECTURAS: EDUCACIOÓN FÍSICA Y DEPORTES, Revista Digital, Buenos Aires, n. 61,
junho de 2003, disponível em www.efdeportes.com
2 ver: O lúdico e o movimento em Maranhão, disponível em www.efdeportes.com
3 GRIFI, Giampiero. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE. Porto Alegre : D.C. Luzzatto, 1989.
touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de
atração transitória (LYRA FILHO, 1974) 4.
No início do século XIX 5, foram encontradas outras formas de atividade
física, como as caminhadas:
“... as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irrequietos
que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões
pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos
com frutas, cachos de jussaras e de buritis, flores silvestres,
emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos .”
(DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p 28)6.
Além desses passeios, praticava-se a caça, como fazia Garcia de
Abranches - o Censor 7 -: "e , quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco
se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas
visadas".
Seu filho, Frederico Magno de Abranches - o Fidalgote 8 - era
“... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto,
magro e ágil, trepava como um símio até os galhos mais
finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas
jovens ali presentes. Encantava-as também a precisão dos
seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando
trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava
no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma
outra em um salto mortal, confirmando o título que
conquistara entre os da terra de campeão da
bilharda.”(DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 28)
Ainda se referindo ao Fidalgote - Frederico Magno de Abranches -, cabe
lembrar que praticava também, o tênis:
4 LYRA FILHO, João. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA DOS DESPORTOS. 3ª ed. Rio de Janeiro : Bloch, 1974.
5 Ver: Atividades físicas femininas no Maranhão imperial (1823-1889), disponível em www.efdeportes.com
6 ABRANCHES, Dunshe de A SETEMBRADA - A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1831 EM MARANHÃO - romance histórico. Rio de
Janeiro : Jornal do Brasil, 1970
7 JOÃO ANTÔNIO GARCIA DE ABRANCHES - Garcia de Abranches, o Censor - nasceu em 31 de janeiro de 1769, em Macieira,
freguesia de Sant'Iago, junto à vila de Cêa, bispado de Coimbra, em Portugal. É filho do Capitão José Garcia de Abranches e de D. Maria
dos Reys. Seu apelido - Censor - deve-se ao jornal que escrevia, o Censor, no período de 1825 a 1830, em defesa das liberdades, da
Independência e do Imperador, fazendo oposição ao jornal de Odorico Mendes; e ao Lord Cochrane, o que lhe valeu o exílio para
Portugal, onde se bateu pela restauração de D. Pedro ao trono português. Garcia de Abranches aportou a São Luís do Maranhão em 1789,
construindo fama e fortuna, embora procedesse de uma das maiores famílias portuguesas. De seu casamento com D. Anna Victorina
Ottoni, falecida em 1806, nasceram-lhe três filhos: Frederico Magno de Abranches ; João e Antônio, estes dois, falecidos antes de 1812.
O primeiro, conhecido como 'O Fidalgote', teve vida longa, representando papel importante na política e no jornalismo. Garcia de
Abranches, aos 52 anos, casa-se com a fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, com 17 anos à época.
8 FREDERICO MAGNO DE ABRANCHES, o Fidalgote, nasceu em São Luís do Maranhão em 1804; professor de Phylophofia
Racional; Secretário da província do Maranhão; deputado geral de 1835 a 1838; Cônsul geral em Cayenna, onde veio a falecer em 1880.
“... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram
assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo
longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou
passando horas inteiras a jogar a péla 9 de que o Fidalgote era
perfeito campeão ...” (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 31).
Desde 1844, quando foi fundado o primeiro colégio destinado
exclusivamente às moças, em São Luís, as atividades físicas faziam parte do
currículo:
“... não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre
o preparo physico, artístico e moral das alumnas. Às quintasfeiras,
as meninas internas participavam de refeições, como se
fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar
bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de
distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob
a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual
ouviam bôa música e aprendiam a declamar." (ABRANCHES,
1941, p. 113-114).
Esse colégio - o "Collegio das Abranches", como era conhecido o Collégio
N. S. das Graças -, foi fundado por D. Marta (Martinha) Alonso Veado Alvarez de
Castro Abranches 10 - educadora espanhola nascida nas Astúrias provavelmente
por volta de 1800 (JANOTTI, 1996) –, e pela sua filha D. Amância Leonor de
Castro Abranches, e tinha, ainda, como professora, D. Emília Pinto Magalhães
Branco, mãe dos escritores Aluisio, Artur e Américo de Azevedo.
Os banhos de mar também faziam parte dos costumes da época, conforme
se depreende deste anúncio:
“BANHO Público – na praia do Caju, em que um grande banheiro
e seguro, a todas as marés a 40 rs por pessoa trata-se com Jozé
Ferreira do Valle no mesmo lugar casa no. 1.” (CORREIO
D’ANNUNCIOS, Ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de
1851)
9 O jogo da péla - jeu de paume - consiste em bater a bola com a mão e substituiu os "ludus pilae cum palma" romano. Na França, a bola,
nascido no tardo-medievo como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos Em Portugal,
no início do século XVIII, foi introduzido o uso francês de jogar com raqueta. Conhecido já no século XII foi jogado melhor no período
sucessivo, até dar vida ao atual tênis.]
10 A fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, casou-se com Garcia de Abranches, o Censor, quando tinha 17 anos. Foi a
fundadora do primeiro colégio destinado ao sexo feminino em Maranhão - o “Colégio Nossa Senhora das Graças”, mais conhecido como
o Colégio das Abranches - junto com sua filha Amância Leonor, em 1844. Foi - ela, ou uma das filhas - a primeira professora de
educação física do Brasil 10.
Cabe lembrar que Antônio Francisco Gomes, em 1852, propunha além da
ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella
para ambos os sexos (CUNHA JÚNIOR, 1998, p. 152)
Em 1869, é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da
Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira
de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos
Lemos. Internato para alunos de menor idade seria aberto em 07 de janeiro de
1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos
alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º
grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da
instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e
instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores
encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no
Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para
banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE
n. 28, 28 de dezembro de 1869).
MARTINS (1989) aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em
Maranhão, tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por
volta de 1877. Considera que tenha sido praticada antes, trazida pelos escravos
bandu-angoleses. Fugitivos, os negros a utilizavam como meio de defesa,
exercitando-se na prática da capoeira para apurarem a forma física, ganhando
agilidade.
O público tomou conhecimento de um acontecimento esportivo a 10 de
janeiro de 1877, através do Diário do Maranhão:
"JOGO DA CAPOEIRA
"Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto
escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém
em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais
fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de
vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos
encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o
incômodo dos moradores e transeuntes". (MARTINS, 1989, p.
179)
Embora MARTINS (1989) refira-se que o jogo do bilhar tenha sido
introduzido em 1902, por Lino Moreira em seu Bar Richie, Dunshee de
ABRANCHES (1941), lembra em suas memórias que o "Velho Figueiredo, o
decano dos fígaros de São Luís" (p. 155), mantinha em sua barbearia - a princípio
na rua Formosa e depois mudada para o Largo do Carmo - um bilhar, onde:
"... ahí que se reuniam os meninos do Lyceo depois das aulas, e,
às vezes, achavam refúgio quando a polícia os expulsava do pátio
do Convento do Carmo por motivos de vaias dadas aos
presidentes da Província e outras autoridades civis e militares.
Essas vaias era quasi diárias...". (p. 157).
Para Aluísio Azevedo – ainda estudante do Liceu nos seus 12 anos de
idade -, havia uma coisa verdadeiramente série para ele 11: "era brincar,
estabelecendo-se entre minha divertida pessoa e a pessoa austera de meus
professores a mais completa incompatibilidade". Narra as estripulias da época, em
companhia dos amigos de infância:
"Criado a beira-mar na minha ilha, eu adorava a água. Aos doze
anos já era valente nadador, sabia governar um escaler ou uma
canoa, amarrava com destreza a vela num temporal, e meu remo
não se deixava bater facilmente pelo remo de pá de qualquer
jacumariba pescador de piabas." (citado por MÉRIEN, 1988: 47).
Esse escritor se bateu pela educação física e pelos esportes, como se
observa de sua biografia 12. Um dos fundadores de “O Pensador” (1879), jornal
anticlerical, publica várias crônicas onde traça o perfil da mulher maranhense,
comparando-as à lisboeta desocupada e denunciando o ócio em que viviam.
Considerava que todo o mal vinha do ócio e da preguiça das mulheres e apenas
uma mudança na educação e na concepção do casamento poderia permitir a
realização da mulher:
11 Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, nasceu em 14 de abril de 1857 em São Luís do Maranhão. Em sua infância e adolescência foi
caixeiro e guarda-livros, demonstrando grande interesse pelo desenho. Torna-se caricaturista, colaborando em “O Fígaro”, “O
Mequetrefe”, “Zig-Zag” e “A Semana Ilustrada”, jornais do Rio de Janeiro. Obrigado a retornar ao Maranhão, em 1878, pela morte do
pai, abandona a carreira de caricaturista e inicia a do escritor.
Publica em 1879, “Uma lágrima de mulher”. Com a publicação de “O Mulato”, em 1881, introduz o Naturismo no Brasil.
Publica, ainda : Memórias de um condenado (1882); Mistério da Tijuca (1882); Casa de Pensão (1884); Filomena Borges (1884); O
Homem (1887); O Coruja (1890); O Cortiço (1890); Demônios (1893); A Mortalha de Alzira (1894); Livro de Uma sogra (1895). Em
1895, abandona a carreira de escritor e torna-se diplomata (AZEVEDO, 1996).
12 VAZ, 1999; VAZ e VAZ, 2.000c; VAZ e VAZ, 2000d
"Do procedimento da mulher (...) depende o equilíbrio social,
depende o equilíbrio político, depende todo o estado patológico e
todo o desenvolvimento intelectual da humanidade (...). Para
extinguir essa geração danada, para purgar a humanidade dessa
sífilis terrível, só há um remédio: é dar à mulher uma educação
sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista,
que se baseia nas ciências naturais e tem por alvo a felicidade
comum dos povos. É preciso educá-la física e moralmente,
prepará-la por meios práticos e científicos para ser boa mãe e uma
boa cidadã; torná-la consciente de seus deveres domésticos e
sociológicos; predispor-lhe o organismo para a procriação, evitar a
diásteses nervosa como fonte de mil desgraças, dar-lhe uma boa
ginástica e uma alimentação conveniente à metiolidade de seus
músculos, instruí-la e obrigá-la principalmente a trabalhar... “.
(Aluísio AZEVEDO, Crônica, "O Pensador", São Luís, 10.12.1880,
citado por MÉRIEN, 1988:166, 167).
O mesmo tema é retomado quando da publicação de "O Mulato" – 1879,
em forma de folhetos publicados em jornal de São Luis, e em forma de livro, em
1880 -, criando-se enorme polêmica na imprensa, ora acusando o autor, ora vozes
se levantando para defendê-lo acerca de sua posição sobre a condição feminina.
Dois amigos de Aluísio Azevedo, Paulo Freire e Luís de Medeiros, fazem publicar
cartas sob pseudônimo - Antonieta (carta a Julia, "Diário do Maranhão", São Luís,
6.6.1881) e Júlia (carta a Antonieta, "Pacotilha", São Luís, 9.6.1881),
respectivamente - falando “de suas impressões e do impacto que o livro lhes
causara" (MÉRIEN, 1988:291).
Julia/Luís de Medeiros faz longas considerações sobre a condição da
mulher maranhense, "lastimando-se da educação retrógrada que recebera em sua
família e no colégio" (p. 290), onde fora do português, não se ensinava mais nada
às moças além de algumas noções de francês, de canto, de piano e de bordado.
Para ela, "a falta de exercícios físicos é a origem das perturbações do sistema
nervoso que atingem a maioria das moças maranhenses" (p. 290).
Embora tenhamos chegado ao "novecento", ainda estávamos, nos seus 14
primeiros anos, vivendo o longo século XIX (HOBSBAWM, 2000)... Os
"sportsmen" maranhenses tentam implantar mais uma modalidade esportiva -
desta vez, voltaram-se para o remo, e a utilização dos rios Anil e Bacanga. Nesse
ano, 1900, é criado o "Clube de Regatas Maranhense", instalado na Rua do Sol,
36. MANOEL MOREIRA NINA, foi seu primeiro presidente.
Na Escola de Aprendizes de Marinheiros o remo também era praticado,
dispondo de uma guarnição que treinava diariamente. Contava com os vogas
Cantuária e Fulgêncio Pinto; como sota-vogas, com Almeida e Abreu; na proa,
Belo e Matos; sota-proas, Zinho e Oliveira e o patrão era Fritz.
Para MARTINS (1989), o ano de 1917 enchia-se de esperança para os
praticantes dos esportes. No Maranhão, diziam-se, dois esportes marcariam
presença definitiva para ficar: o remo e o futebol:
"Apesar da guerra, das crises financeiras, do alto custo de vida,
etc., a mocidade só pensava no futuro, olhos fixos no dia de
amanhã, e, por isso, preparava-se fisicamente. Pensar diferente
era ir de encontro à lógica dos fatos que se nos apresentavam
diariamente, onde se via rapazes, que eram incapazes de
levantar, como dizia o adágio popular, um gato pelo rabo. Era
inadmissível e errônea a educação do espírito sem a educação
dos músculos, como dizia Müller. De tudo o homem devia saber.
Um organismo raquítico nada valia. Era o importante para suportar
uma moléstia, comentavam os críticos. Pregava-se o exercício do
remo, porque esse esporte era de uma real utilidade.
Os esforços foram em vão. Era mais uma modalidade esportiva que fenecia
por falta de oxigênio...
Quando Nhozinho Santos, em 1907, funda um “club sportivo” nos terrenos
da sua Fábrica Santa Isabel – o Fabril Athetic Club -, introduz várias atividades
esportivas. Nos festivais esportivos realizados aos domingos, havia a presença de
crianças e jovens estudantes que, do exemplo dos mais velhos, vinham a
participar dessas matinées. Assim, no dia 26 de dezembro daquele ano, é
registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes
Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras
modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação
física nas escolas:
"Aprendizes Marinheiros:
"Hontem, às 4 horas da tarde, os aprendizes marinheiros, fizeram
exercícios de 'foot-ball' na arena do Fabril Athletic Club e um
assalto simulado de florete, sob a direção do respectivo instructor
da Escola.
"Os alumnos revelaram-se disciplinados e agiram com muito garbo
e desembaraço.
"Domingo próximo, às 5 horas da manhã, haverá novo exercício
no mesmo local". (O MARANHÃO, 26 de dezembro de 1907).
(Grifos meus)
A participação de estudantes - da Escola de Aprendizes Marinheiros - e de
crianças - filhos dos sócios -, dos diversos clubes constituídos, não só para a
prática do "foot-ball association", caso do Fabril e do Maranhense, e mais tarde,
do Onze Maranhense, era comum, nas jornadas que se seguiam. Dentre essas
práticas, a esgrima estava sempre presente, com a participação dos Aprendizes
Marinheiros :
"Fabril Club
"Esteve brilhante a partida realizada hontem. Além de inúmeras
famílias e cavalheiros, compareceram à festa a Escola de
Aprendizes Marinheiros, que sob o comando de seu hábil
instructor Sr. David Santos realisou exercícios de fogo e esgrima
de baioneta.
...
"3.- Exercício de fogo, bayoneta e esgrima pela Escola de
Aprendizes Marinheiros.
...
"5.- Match de Foot-Ball infantil havendo resultado negativo, por se
acharem organizados os teams com força igual. Tomaram parte as
seguintes creanças: team Bladi & Whate: Fausto Seabra, José
Seabra, Frederico Perdigão, José Lopes, Celso C. Rodrigues,
Sylvio Rego, Ruy C. Rodrigues, Antônio Rego, Antônio Santos,
José M. Lobo, Lúcio Bauerfeldt.
"Team Red & White: João Peixoto, Braulio Seabra, Luiz Santos,
Pedro Paulo R. Araújo, Ivar C. Rodrigues, Acyr Marques, Carlos
Perdigão, Gastão Vieira, Justo M. Pereira, Celso Pereira, José
Vieira. Servio de Refere M. Shipton". (O MARANHÃO, Segundafeira,
08 de junho de 1908). (Grifos meus)
Em setembro de 1908, era apresentado o programa de uma "matineé
sportiva" que seria realizada no Domingo seguinte, na sede do F.A.C., reunindo os
"Team Riachuello" - "Estrella Preta" - e o "Team Humaitá" - "Estrella Branca"-,
ambos da Escola de Aprendizes Marinheiros, marcada para as 3:45 horas,
seguida de outros jogos, como o Concurso gaiato infantil seria disputado por: Ivar,
Luiz, Celso, Bráulio, Soeiro Filho(O MARANHÃO, sabbado, 26 de setembro de
1908).
Na edição da Segunda-feira seguinte - 28 de setembro de 1908 - esse
jornal apresenta o resultado dos "matchs" ocorridos: o jogo entre as duas equipes
da Escola de Aprendizes Marinheiros terminou empatado em 1 x 1. Ficamos
sabendo o que eram aqueles "concursos gaiatos", em que participaram os
"sportemen" ludovicences, a elite econômica e intelectual da Atenas brasileira,
Aluísio Azevedo, dentre eles: o primeiro deles - para adultos - foi vestir bonecas,
saindo vencedor Anthero Novaes e J. Santos Sobrinho; o concurso infantil - enfiar
agulha - foi vencido pelo menino Soeiro Filho, enquanto o concurso de agilidade
consistiu de abrir garrafas de cola e beber o conteúdo, obtendo o primeiro lugar
Manuel Neves.
Nesse início da década de 10, desaparece o hábito de repousar nos fins de
semana, substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas,
corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. Essas atividades,
divulgadas pelos jornais, começaria a apresentar seus primeiros sinais de
mudança ainda nas últimas décadas do século XIX, com o surgimento e
fortalecimento gradual dos esportes:
"É nessa conjuntura que adquirem um efeito sinergético, que
compõem uma rede interativa de experiências centrais no
contexto social e cultural, como fonte de uma nova identidade e
de um novo estilo de vida
"Os 'Clubs' que centralizam essas atividades surgem como
modelos da elite no final do século XIX, e já no final da década de
10 e início de 20, estão difundidos pelos bairros, periferia, várzeas
e se tornam um desdobramento natural das próprias reuniões
sociais". (KOWALSKI, 2000, p. 391).
Verificamos a similaridade com outros países latino-americanos - e outras
regiões brasileiras -, quando da inauguração do Fabril Athletic Club. O então
presidente da Província - Bendito Leite - ante o espetáculo proporcionado
lamentou não poder manter nas escolas públicas o ensino regular da ginástica...
Em outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica"
avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta
feira" (em O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257).
Em 1910, que Miguel Hoerhan começa a prestar à mocidade ludovicence
seus serviços como professor de Educação Física da Escola Normal, Escola
Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, em diversas escolas estaduais e
municipais. Funda o Club Ginástico Maranhense.
É ainda nesse ano que o esporte em Maranhão experimenta mais uma de
suas inúmeras crises, surgidas com o descontentamento de alguns associados.
Desses desentendimentos, surgiam novas agremiações, formadas pelos
dissidentes.
A população, de um modo geral, não participava dessas atividades. Gentil
Braga não concordava com a elitização dos clubes e sai do FAC, junto com um
grupo de outros onze dissidentes, que comungavam do mesmo pensamento:
"foi, sem qualquer sombra de dúvida, Gentil Silva o responsável
pela popularização do futebol em terra maranhense, no momento
que, deixando as hostes do FAC, achou oportuno desenvolver a
prática do apreciado esporte aos olhos do povo, num campo que,
de princípio não possuía cercas". (MARTINS, 1989, p. 332)
Também em 1910, é inaugurada a Escola de Aprendizes Artífices - CEFETMA,
hoje -, instalada na Praça da República (prédio ocupado, hoje, pelo Ministério
da Agricultura). Escola profissional tinha como mestres: Almir Augusto Valente,
Vicente Ferreira Maia, Hermelina de Souza Martins, Cesário dos Santos Véras,
Alberto Estavam dos Reis, Alexandre Gonçalves Véras, Eduardo Souza Marques
e Nestor do Espírito Santo. Como não poderia deixar de ser, entre seus alunos
havia grande interesse pelas práticas esportivas, e dentre, elas, pelo futebol.
Para FRYDENBERG (1999), a adoção do esporte estava associada à
fundação de clubes. Os jovens sentiram a necessidade de ter um terreno, um
espaço próprio, para ser usado como field, como campo de futebol. Assim, o
processo de popularização do futebol que se iniciou contou com três ingredientes
estreitamente unidos: a iniciação na prática do jogo, a fundação de um clube e a
busca de uma cancha própria.
Graças ao empenho do cônsul inglês, a partir de 1915, houve um que
renascimento dos esportes em Maranhão. Os estudantes movimentam-se para
reabilitar o futebol:
"FOOT-BALL
"Um esforçado grupo de rapazes, no intuito de elevar o sport
entre nós, resolvel adquirir o campo do Fabril, para as pugnas do
elevado jogo britânico, 'foot-ball'.
Existe grande animação nos preparativos, entre os sportamen, a
idéia do Campeonato Maranhense de Foot-ball o qual será
disputado em 15 de nowembro, contando ao 'team' vencedor, 11
medalhas de ouro". (O JORNAL, 31 de julho de 1915).
O primeiro encontro desse abnegados "sportistas" aconteceu logo em
seguida
"FOOT-BALL
"No grond da Fabril, jogaram hontem, um match de trenagem.
Alguns moços de nosso escol, que cogitam de fundar dois clubs
desse sport, afim de diliciar o público maranhense, com algumas
de suas partidas" (O ESTADO, 9 de agosto de 1915)
Esses estudantes uniram o agradável - reorganizar os "sports" no
Maranhão - ao útil, chamando a atenção da sociedade para o movimento que
iniciavam. Juntam-se à Maçonaria, oferecendo-se para realizar uma partida de
futebol, em benefício dos flagelados da grande seca de 1914/15, pois as lojas
maçônicas desta capital nomearam comissões com o fim de arrecadar fundos
para socorrer os flagelados, dentre as atividades programadas - seção de cinema,
passeios marítimos - haveria um jogo de futebol, a ser realizado no mês seguinte:
"FOOT-BALL
"Um grupo de moços de nossa melhor sociedade offerecem ao
comité Pró-flagelados, uma partida de foot-ball, entregando-lhe a
renda verificada.
"Essa partida terá lugar no grond da Fabril e será opportunamente
anunciada" (O ESTADO, 13 de agosto de 1915).
Percebe-se que havia dois grupos, ou mais, envolvidos no soerguimento
das atividades esportivas, pois "o grande match de foot-ball" entre os partidos
"Francez" e "Allemão", em benefício dos flagelados da seca, era anunciado para o
dia 12 de setembro. (O JORNAL, 02 de setembro de 1915). No Sábado anterior, é
anunciada novamente a realização do jogo, no campo do Fabril, "com entrada
franca a todas as pessoas que se apresentarem decentemente trajada”. O jogo
teria início às 16 horas, devendo os jogadores se apresentarem com meia hora de
antecedência, "realizando-se antes exercícios de ginástica por uma turma dos
Aprendizes Marinheiros". É apresentada novamente a escalação dos dois times, e
designados o "referee" - McDowal; os "Line Man"- Clissold e Fellowe; e o
enfermeiro - Garrido.
Estavam envolvidos os alunos do Liceu Maranhense, do colégio Marista
Maranhense e do Instituto Maranhense (este, inaugurado um ano antes). Segundo
MARTINS (1989),
“... promoveram sessões, usando as próprias salas de aula,
estimulados pelos mestres. Graças a essas reuniões, surgiram os
quadros do Brasil F. Club, do S. Luís F. Club, do Maranhão
Esporte Club, e do Aliança F. Club. Essas entidades, aos poucos,
foram agrupando-se, tornando-se clubes. A cada dia, os
estudantes melhor se integravam, e para exercitar-se utilizavam o
velho 'field' da Fabril, que tinha sido desativado pela FAC.
Estávamos com o campo da rua Grande muito mal, mato tomando
conta de todas as dependências, inclusive das arquibancadas." (p.
328).
No dia 15 de agosto, Domingo, foi realizado um jogo-treino:
"FOOT-BALL
"Conforme noticiamos, realizou-se hontem, às 16 horas, o
primeiro match de trenagem da série instituída.
"O público já principia a tomar interesse pelas partidas, tanto que
a concorrência foi animadora.” (O ESTADO, 16 de agosto de
1915).
Segundo MARTINS (1989), o movimento estudantil havia ganhado as ruas,
tudo se fazendo para reanimar o futebol. Gentil Silva tinha retornado do Amazonas
- onde havia trabalhado pelo esporte amazonense, ajudando ao Manaus Sporting
Club - e integra-se ao movimento estudantil, tendo-o acompanhado nessa jornada
um caixeiro viajante conhecido como "Zé Italiano", muito estimado pelos
estudantes. Dessa união, foi fundado o "GUARANI ESPORTE CLUBE", que
recebeu esse nome do proprietário do "Bar Guarani", sr. Gasparinho. É que as
reuniões eram realizadas neste bar, situado na esquina da Rua Grande com a
Godofredo Viana, em frente ao cine Éden. Formaram-se duas onzenas,
denominadas "Alemão" e "Francês", formando-se, também, duas torcidas, uma
apoiando os "aliados", e a outra, formada pelos "germanófilos". Essa torcida ainda
tinha o incentivo dos tripulantes dos navios alemães, abrigados em nosso porto,
devido à Primeira Guerra Mundial.
Em função desse movimento em prol dos flagelados dos estados vizinhos -
Ceará e Piauí - reuniram-se - na Cervejaria Maranhense, localizada na Praça João
Lisboa - os idealizadores do Campeonato Maranhense de Foot-ball, para a
organização do grande "match" que pretendiam realizar (O JORNAL, 14 de agosto
de 1915). Nessa reunião ficou resolvido que
"... na impossibilidade de fundação do Clube, se organizem dois
'team' denominados Franco Alemão - que terá de se bater em
benefício dos flagelados da seca.
"Ficam assim compostos os team
"Presidente: Carlos Alberto Moreira
"Thesoureiro: Affonso Guillon Nunes
"Secretário: Hugo Burnett
"TEAM FRANCEZ
"Forwards - Gastão Vieira; Trajano Lebre, Carlos Moreira, Hugo
Burnett, Manoel Borges, Antonio Ferreira;
"Half-backs - Carlos Leite; Antonio Cunha;
"Backs - Affonso Guillon Nunes; João Torres, dr.;
"Goal-keeper - Antonio Carvalho Branco
"Captain - Carlos Moreira
"TEAM ALLEMÃO
"Forwards - Nestor Madureira; Gentil Silva, José Souza; José
Cantanhede; Maralteno Travassos;
"Half-backs - João Guedes; Antonio Paiva;
"Backs - Julio Gallas; Raul Andrade
"Goal-keeper - Albino Faria
"Captain - José Souza". (O JORNAL, 14 de agosto de 1915).
O mundo esportivo maranhense estava em ebulição, havendo grandes
movimentações, fundando-se várias agremiações. É nesse período que surge
nesse cenário o vice-cônsul inglês no Maranhão, Mr. Charles Clissold, um grande
amante dos esportes - em especial, do futebol. Se junta aos dirigentes do FAC,
incentivando a prática de vários esportes. Muitos jovens tinham feitos suas
inscrições, com o clube revivendo seus grandes dias e sendo oferecidas várias
modalidades, como salto em altura simples, com vara, distância; corridas de
velocidade, de resistência, com obstáculos; lançamento de peso, de disco, do
martelo; placekick (pontapé na bola, colocando-a na maior distância); cricket;
crockt; ping-[ong (Tênis de mesa); bilhar; luta de tração, etc. (MARTINS, 1989, p.
334).
A movimentação esportiva nesse final de ano - 1915 - estava bem
movimentada. O Brazil Foot-ball Club convocava seus sócios para a partida de
final de temporada (O JORNAL, 12 DE DEZEMBRO DE 1915). Haveria outro jogo
entre o "team" Allemão, do Internacional e os jogadores da Escola de Aprendizes
Marinheiros. Eram convocados, pelo time Alemão, Branco, Fereth, Guillon, Albino,
Paiva, Guedes, Trajano, Leite, Travassos, Madureira e Cunha. (O JORNAL, 13 de
novembro de 1915). O Barrozo Foot-ball Club desafiara o "team" infantil dos
Aprendizes, com o jogo terminando em 2 x 1 , para o Barrozo (O JORNAL, 22 de
novemnro de 1915). É anunciado um jogo do Internacional no campo da fabril (O
JORNAL, 18 de novembro de 1915).
OS ANOS 30/40 - PRIMEIRA REFERÊNCIA A JOGOS ESCOLARES
Na década de 1930, o voleibol era bastante praticado em São Luís, no meio
escolar, como lembra o Sr. Glacymar Ribeiro Marques. Chegado à cidade em
1937, passou a jogar voleibol no Colégio de São Luiz, participando das
Olimpíadas Intercolegiais, ao lado de Rubem Goulart (professor de educação
física da ETFM, já falecido); Alexandre Costa (senador, já falecido); José Carlos
Coutinho (coronel do exército); coronel José Paiva, e Raimundinho Vieira da Silva
(ex-deputado, suplente de Senador, presidente do grupo de comunicações Vieira
da Silva).
Em 1932, é criado o GREMIO “8 DE MAIO”, por estudantes do Liceu
Maranhense, liderados por Tarcísio Tupinambá Gomes. Como entidade
representativa dos estudantes junto à direção do Liceu, foi um fracasso, por falta
de interesse da rapaziada, que só queria se divertir. Mas os outros fundadores,
dentre eles Paulino Rodrigues De Carvalho Neto 13 e Dílio Carvalho Lima
resolveram levar o Grêmio para o esporte, com o intuito de jogar Voleibol, pois as
13 BIGUÁ, Edivaldo Pereira; BIGUÁ, Tânia. Onde anda você ? Paulino, fundador do 8 de Maio. O ESTADO DO
MARANHÃO, São Luís, 8 de novembro de 2000, 2ª feira, p. 4. Caderno de Esporte.
opções de esportes para os jovens da época eram, além do futebol, o voleibol. O
pessoal do “8 de Maio” também se envolvia com o Basquetebol.
Em 1937, sua equipe era formada por Zé Rosa, Manolo, Zé Heitor Martins,
Reinaldo Nova Costa, Raposo, Rubem Goulart, Paulo Meireles, Zé Carvalho, Zé
Meireles. Desses, vamos encontrar Rubem Goulart e Zé Rosa como professores
de educação física, formados pela Escola Nacional, nos anos de 1941 e 1942.
O grupo representou o Maranhão em um Campeonato Brasileiro de
Basquete disputado em Belém do Pará em 1938; viajaram de navio. Paulino
largou tudo em 1942, deixando o Grêmio “8 de Maio” para a nova geração,
liderada por Rubem Goulart e Zé Rosa...
Em 1942, o Governo Federal distribui bolsas para a recém criada Escola
Nacional de Educação Física e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de
Santana, convidou o jovem médico Alfredo Duailibe para cursar especialização em
Medicina Desportiva, juntamente com Rubem Goulart, Mary Santos, Maria
Dourado e Lenir Ferreira, estes, para cursarem Educação Física. Um ano antes, o
hoje Coronel PM reformado, Eurípedes Bernardino Bezerra fora para a Escola de
Educação Física do Exército fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação
Física. Ao regressar de seu curso de especialização (1943), o Interventor Paulo
Ramos nomeou o Dr. Alfredo Duailibe para trabalhar no Departamento Geral de
Instrução Pública, propondo ao Prof. Luiz Rêgo, então seu Diretor, a criação do
"Serviço de Educação Física". Em abril, dava início a uma nova fase da Educação
Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a
exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas
escolas...
O Prof. Dimas – como é mais conhecido Antonio Maria Zacharias Bezerra
de Araújo -14, chegando do interior a São Luís em 1944, para estudar, lembra-se
de como eram organizadas as aulas de educação física, naquela época:
"Eu tive a sorte de estar no Liceu e o professor era José Rosa; ele
estava com muito entusiasmo, tinha chegado [do curso de educação
física], então ele levava muito a sério e ele teve muito sucesso
naquela época... [As atividades, eram realizadas] duas vezes por
14 ver Querido Professor Dima, em www.efdeportes.com
semana, com a duração de uma hora, no próprio Liceu; tinha espaço.
A minha experiência com ele foi só ginástica e Educação Física,
agora ele ia entre Calistenia e paradas, saltos de obstáculos, saltos
acrobáticos.
Quanto aos esportes nas escolas, Dimas informa que não era praticado:
“se fazia naquela época, eu não tive oportunidade de participar, nem
via, muito embora houvesse grupos de alunos que se reuniam para
praticar esportes, mas isoladamente; então tinha os peladeiros, eu
joguei futebol... joguei futebol pelo Liceu; nós tínhamos um time que
jogava futebol, era: o goleiro, dois zagueiros, três halfs e cinco
atacantes; eu era center-half, Celso Coutinho era half direito e
Raposa era half esquerdo... até hoje eu me lembro disso, era nosso
time do Liceu, acho que da segunda série do ginásio ou da terceira
mais ou menos...” (DIMAS, entrevista).
Cláudio Vaz dos Santos, o Cláudio Alemão, lembra como era a educação
Física nessa época - 1951/53 -, em que era aluno dos Maristas:
“... não tinha professor de Educação Física, nós éramos praticantes
de esportes... foi ter depois, no Colégio Maranhense, já aqui na Rua
Grande, na Quinta do Barão; mas na minha época de estudante, nós
não tínhamos professor de Educação Física... não tive Educação
Física no Marista, a não serem práticas de esportes, comandada
sempre pelos irmãos Maristas. Nós não tínhamos professor de
Educação Física, nem leigo; nós tínhamos apenas os irmãos
Maristas, que nos colocavam para praticar esporte, era: o futebol de
campo e o espiribol; o Basquete, o volei não existiam também; nossa
prática maior era o futebol de campo, onde é hoje o Vila Rica, ali era
o nosso campinho de futebol; pagávamos 500 réis para o Colégio
Marista, para participar; depois do almoço arregaçávamos as calças
antes de começar as aulas, nós praticávamos esporte de 12:30 até
às 13:30h. ... Nós tivemos uma quadra, onde eu pratiquei basquete,
foi no "8 de Maio", atrás do Cassino Maranhense; hoje... ali era um
matagal, o 8 de Maio, comandado por Rubem Goulart, era o time
dos “ erres”..., Rubem, Ronald, Raul Guterres ... Rubem Goulart, que
foi o líder; praticava o Paulinho Carvalho, Zeca Carvalho, e foi onde
eu comecei a praticar vôlei e basquete. Essa quadra era do 8 de
Maio, atrás do fundo do Casino Maranhense hoje..
"O Atletismo nós tivemos aqui, eu tive a oportunidade, mais ai de, já
eu praticava pelo Colégio São Luís; eu era corredor de 100 metros,
eu era corredor de 200 metros, eu corria, nessa época os atletas... o
Ari Façanha foi muito antes, o Ari Façanha foi uma fase bem mais
antiga ... Já foi em outra época, bem anterior a nossa, a nossa foi
uma fase que nós praticávamos, praticávamos é atletismo, 52,53, foi
quando eu cheguei no Colégio São Luís, que eu comecei a fazer
atletismo, ... 53... Mauro Fecury ... então nós praticávamos atletismo
numa pista improvisada no Santa Isabel, onde praticávamos
atletismo, corridas, lançamento de peso, lançamento de dardo e
lançamento de disco..." (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista).
Aldemir Carvalho de Mesquita, outro "menino do Liceu", também lembra do
Professor José Rosa, com muito carinho, com quem aprendeu a gostar da
educação física:
“... o prof. Zé Rosa, que foi o diretor de Liceu, e uns dos professores
de educação física. Esse foi um dos incentivadores. Quando eu era
garoto - 9, 10 anos (1957) -, mas eu ouvia falar muito do prof. Zé
Rosa - era treinador de basquete daqui dentro de São Luís, no Liceu,
Colégio São Luís Então, essas pessoas, essas que têm que ser
lembradas, temos que citar os seus nomes de Mary Santos, Braga,
Rubem Goulart ...No basquete, todo mundo sabia, pelo menos
quando cheguei do interior (1957), era o Rubem Goulart. Todo
mundo sabia a paixão que o prof. Braga tinha pelo boxe. No
basquete falava muito bem do prof. Zé Rosa... (MESQUITA, Aldemir
Carvalho de. Entrevistas).
OS JOGOS DAS DÉCADAS DE 1950-60:
Carlos Vasconcelos x Mary Santos
Nas lembranças de Dimas, lá pelos anos de 1955/56, o Maranhão tinha um
Basquete muito bom, com Rubem Goulart, Ronald Carvalho, Fabiano Vieria da
Silva, Cláudio Alemão, aquele pessoal do “Oito de Maio”, dos “Milionários”, mas
só adulto, a nível de colégio mesmo, não tinha nada, só de adulto, porque vinham
terminado o Colégio e continuaram em faculdade, em clubes, em quartéis; muitos
serviram o Exército - eram as experiências vindas de fora, não era como hoje que
os esportes do Maranhão vem tudo do colégio -, naquela época não, está o
inverso hoje... (DIMAS, entrevistas).
Em meados da década de 1950, o Dr. Carlos Vasconcelos, então delegado
do MEC no Maranhão, especializado em Educação Física, começa a promover os
“Jogos Intercolegiais” - 1956. Nas lembranças do Prof. Emílio, durante esses
jogos, é que o Batista conquistou seu primeiro título - em voleibol -; esses Jogos
eram disputado no Cassino Maranhense. O Prof. Emílio lembra de um resultado
em Basquete - cujo professor era Rubens Goulart - 1x 0 -, perdido para o Colégio
de São Luís 15.
No final dos anos 60, a o setor de educação física está reorganizado
organizado; a profa. Mary Santos dirigia o Departamento de Educação Física no
Estado, e havia um outro no Município, dirigido pela Profa. Dinorá. Já se cumpria
a obrigatoriedade da lei, com as três horas semanais, mínimo de 45 minutos,
dentro da legislação vigente.
Dimas lembra que a educação física, nessa época, era muito rudimentar, só
mesmo na base da ginástica, {de esporte] só mesmo futebol de salão e um
voleibolzinho. Se disputava Voleibol, Basquetebol, Futebol de Campo; o currículo
já era voltado para o esporte, agora se existia alguma deficiência deveria ser de
instalações dos colégios e talvez dos próprios profissionais de Educação Física,
mas que já constava do currículo, da grade curricular...”.
O Professor Emílio Mariz, chega em São Luís em 1950, para estudar no
Liceu Maranhense e ser professor de Matemática. Destacou-se como
Coordenador de Esportes do Batista - como ele mesmo diz na época de ouro do
esporte maranhense, de início dos JEM's.
Dá-nos detalhes de como era a educação física nesse tradicional colégio de
São Luís:
“... o colégio [Batista], apesar de ter iniciado em 1957, só em 61
passou a ter o Ginásio; então Rubens Goulart foi o professor
fundador do Departamento de Educação Física; depois ele trabalhou
até a sua morte; depois veio o Dimas, que trabalhou todo esse
período ai; após o Dimas, nós fomos Diretor de Esportes e vários
professores trabalharam conosco.
No auge do esporte maranhense, no famoso período de inicio, de
inicio dos JEM’s... Nessa época, além da Escola Técnica [Federal do
Maranhão, hoje, CEFET-MA] - sempre foi um concorrente forte -, nós
tínhamos Marista, Batista - o Dom Bosco era apenas forte no
15 Essa partida de Basquetebol foi realizada no Casino Maranhense, em 1968, para a decisão do Inter-colegial, entre o Colégio Batista x
Colégio de São Luís. Jaime Santana e Mário Brazuca eram os árbitros; nos aros, não havia a rede. Os irmãos Leite - Olivar, Adalberto e
Alvinho - comandavam o time do São Luís; Luís Fernando Figueiredo, Raul Guterrez, Wagner, Alex e Estevinho defendiam o Batista.
Alguns arremessos foram feitos dos dois lados e algumas bolas caíram no aro. Mas os árbitros, na dúvida se a bola era boa ou não, não
validavam os pontos. Numa cobrança de lance livre, Olivar Leite acabou convertendo um arremesso e a partida acabou em 1 x 0, para o
São Luís. De acordo com Hermínio Nina, o aro do Casino era menor do que o oficial, mais a falta da rede, dificultava aos árbitros a
certeza de que a bola tinha entrado, ou não. Antes, foram jogadas duas outras partidas: o primeiro jogo, na Escola Técnica Federal do
Maranhão, terminou com a vitória do Batista, por 18 x 14; a segunda partida, realizada no 24º BC, vitória do São Luís, por 20 x 16; a
terceira - a do Casino - naquele 1 x 0, para o São Luís, que sagrou-se campeão daquele Inter-colegial de 1968.
voleibol; o próprio Ateneu, e Meng ... Diga-se de passagem, que os
primeiros JEM’s terminou empatado entre o Batista e o Marista - foi a
época também que no Campeonato Paulista houve empate entre a
Ponte Preta e outro time, que não me lembro agora - então adotamos
o mesmo critério, de considerar dois campeões; e daí para essa
época, nós sempre estivemos fazendo um trabalho todo voltado para
os JEM’s;
Foi a época da implantação da Educação Física voltada parta o
esporte; toda a nossa Educação Física era voltada para esportes;
havia ai, como ainda hoje há uns poucos colégios que trabalham,
têm um bom trabalho de base, ”. (MARIZ, Emílio. In ENTREVISTAS).
Para Geraldo Menezes – coordenador de esportes do Colégio Marista nos
anos de 66 a 72, a educação física no final da década de 1950 era voltada para a
Ginástica Calistênica, onde se fazia exercícios de corrida, saltos, flexões,
agilidade; era puxada para o lado militar:
“... nós começamos a montar uma equipe de trabalho voltada para a
prática desportiva. Então nós começamos a montar as escolinhas
das diversas modalidades, e para cada escolinha nós buscamos um
professor experiente na área
Esta montagem já para prática esportiva era em função dos
Jogos que eram promovidos pelo Carlos Vasconcelos, ela já tinha o
objetivo de preparar os alunos para a disputa, até porque nós
estávamos fazendo do esporte um Marketing promocional do
Colégio, está certo; fazer com que o Colégio saísse das quatro
paredes e marcasse presença na sociedade; era o objetivo maior,
era esse. A equipe de professores, nós tínhamos o professor
Furtado – Atletismo; eu coordenava e dava Futebol de Salão - fui
inclusive o 1º campeão de Futebol de Salão masculino, e o 1º
campeão de Handebol Feminino - coordenava os esportes e tomava
conta do Futebol de Salão e do Handebol feminino, o handebol
masculino era o professor Dimas; em 66, tinha o Paulo Macedo que
dava Futebol e voleibol.
Aí, nós começamos montando as escolinhas, depois nós
expandimos, começamos a oferecer bolsas para atletas que se
destacavam nas competições, nós levávamos para o Maristas.
Esses jogos eram promovidos pela Mary Santos – uns jogos
promovidos pelo Departamento de Educação Física do Estado e os
do Carlos Vasconcelos, delegado do MEC... As bolsas já foram no
período do Festival Esportivo da Juventude primeiro, e JEM’s em
seguida. Levamos para o Colégio Marista, uma geração de atletas,
contribuindo para a formação de treinadores, por exemplo, Carlos
Tinoco, Paulão, Gil - Gilmário Pinheiro, do Voleibol -, e eles entraram
no Maristas como atletas, Raul Goulart. Nós formamos um time com
esses atletas. Depois eles deixaram de ser alunos e viraram
treinadores: o Gil ficou como professor de vôlei, o Paulão - já foi em
75, 76 - treinador de Basquete, Carlos ficou com o Vôlei, levamos
Biguá para o Colégio Marista para colaborar no Handebol, e aí
completou a equipe, comigo no Futebol de Salão, com o Dimas na
Ginástica e Handebol..." (MENDONÇA, José Geraldo de. In
Entrevista)..
Cláudio Vaz, criador dos JEM’s, nos esclarece como eram aqueles jogos
organizados pelo Dr. Carlos Vasconcelos, delegado do MEC no Maranhão:
"... eu conheci Carlos Vasconcelos me convidado para apitar os
jogos dele, do MEC; mas eram jogos na quadra do Cassino
Maranhense, o nível técnico limitadíssimo voleibol, o basquetebol por
incrível que pareça o basquetebol era uma (???). As mulheres
jogavam de saia, não existia praticamente nada, o voleibol era um
pouquinho mais desenvolvido, mas em termos de jogos era mais
uma participação, quase uma obrigação em participar, não tinha
aquela dedicação espontânea dos colégios em praticar, não
praticavam, não podiam participar nos jogos, então quem não
praticava o ano todo, não tinha nada para mostrar. Não tinha
Educação Física, não tinha desporto, era muito limitado esse
trabalho, eu me lembro como se fosse hoje...". (VAZ DOS SANTOS,
Cláudio. Entrevista).
Aldemir Mesquita também se refere àqueles jogos, desde a época em que
chegou a São Luís, para estudar (1959), até se tornar professor de educação
física e técnico esportivo:
“os jogos que eram feitos pela Mary Santos, eu realmente não me
recordo se era o Município ou o Estado que fazia, mas acontece que
esses jogos eram nos principais colégios da capital, outros colégios
também participavam, colégios de menos expressão, não tinha
realmente, não participavam. Marista, Liceu, Colégio São Luis,
Ateneu, Rosa Castro, era do doutor Carlos Vasconcelos...”
(MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas).
Geraldo Meneses, coordenador de esportes do Maristas na época, lembra
desses jogos, que participou já em seu final. O Carlos Vasconcelos era um
medico de educação física e era o delegado do MEC, unia os grandes colégios da
capital, mais Escola Técnica, e fazia uma competição com esses colégios; nessa
época não havia limite de idade, então todos os alunos poderiam participar.
“Então o que acontecia os jogos escolares era assim uma espécie
de vitrine do esporte maranhense, por exemplo, os times de futebol
selecionavam atletas estudantes para o profissionalismo dessas
competições. De onde saiam a grande maioria desses atletas:
Escola Técnica, Liceu Maranhense, e alguns do Colégio Marista,
muito pouco do Colégio Maristas. Do Colégio Marista saiu:
Canhotinho, saiu Adalpe que hoje é juiz em Imperatriz, saiu um que
chamavam, um escurinho que chamavam Pula-Pula, a da Escola
Técnica saiu Gojoba, Alípio, Alencar, Chamorro, Milson do Liceu
Maranhense... Houve época em que o Sampaio Correia era
presidido pelo Prof. Ronald Carvalho e os atletas eram ex-alunos ou
alunos da Escola Técnica, Liceu Maranhense, Colégio de São Luís e
Colégio Maristas; não havia jogador de fora, era a base estudantil.".
(MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. In Entrevista).
Para Geraldo, foi cometida uma grande injustiça com esse pioneiro da
Educação Física, pois Carlos Vasconcelos era um grande batalhador, era um
guerreiro, lutava para conseguir dinheiro, lutava para conseguir os espaços para
realização dos jogos;
"e cometemos uma injustiça muito grande, porque o Ginásio Costa
Rodrigues foi iniciado pelo Dr. Carlos Vasconcelos. Pedindo dinheiro
daqui da escola, primeiro ele fez uma quadra coberta, e ai ele foi
levando, tirando um pedaço... ali era o fundo do Liceu Maranhense...
ele conseguiu... construiu a quadra, depois ele cobriu a quadra, e aí
foi que no governo de Pedro Neiva, sei lá qual foi, terminaram o
Ginásio e deram o nome do Costa Rodrigues, quando poderia ser
Ginásio Carlos Vasconcelos.".
É o Prof. Emílio Mariz quem nos dá notícia dos “Jogos Escolares das
Escolas Públicas”, promovidos pelo Departamento de Educação Física do Estado,
chefiado pela Profa. Mary Santos quando se refere a um eterno problemas dos
Jogos Escolares – de qualquer época - : os "gatos"; quando foi diretor do Liceu
Maranhense:
“O Liceu tinha um problema, que era o uso de jogadores irregulares;
eu tive de agir com a autoridade do diretor, e assinar as fichas de
inscrição, conferir. No ultimo ano em que estive no Liceu, nós fomos
campeões da uma olimpíada estadual, que o Estado promovia, os
Jogos Escolares das Escolas Públicas]. (MARIZ, Emílio, in
ENTREVISTA).
Aproveitemos a oportunidade para esclarecer quem introduziu o Handebol
no Maranhão. Muito embora o Prof. Dimas seja considerado o introdutor dessa
modalidade – conheceu-a em 1972, nos JEB’s -, foi o prof. Braga, da ETFM que
conforme relembra Geraldo Meneses:
“... a primeira exibição de Handebol no Maranhão foi realizada na
quadra da Escola Técnica, em 1960, por dois grupos de atletas que
o professor Braga treinou, no dia 23 de setembro. O Prof. Braga foi
participar de um treinamento de professores das Escolas Técnicas
fora do estado; quando veio, trouxe uma bola de Handebol,
selecionou dois grupos de atletas, alunos dele de educação física,
marcou na quadra interna - aqui onde hoje o prédio grande -, com
fita esparadrapo no chão as áreas de gol do Handebol e fez no dia
23 de setembro uma exibição que até então era desconhecida no
Maranhão, mais só ficou nisso; ele trouxe a idéia, treinou dois
grupos de educação física no dia 23 de setembro. Eu estava nesse
grupo; além de mim Edir Muniz, Eldir Carvalho, Abdoram Frazão;
Walmir da Mecânica, me parece que o Macário ... agora, dimensão a
nível de que hoje está, começou com Dimas, mas o maior
responsável foi o Laércio. Começou com o Dimas, como o Laércio
...”. (MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. In Entrevista).
Porém tem-se registro de que na década de 1950, houve um curso de
Educação Física, dada pelos Prof. Júlio Mazzei e Darcimires do Rego Barros, em
que se falou em Handebol; assim como em 1969/70, um outro curso dado pelo
Major Leitão, preparatório para o concurso de professor de educação física do
CEMA, deu-se algumas aulas sobre a modalidade.
1971 – INÍCIO DOS JEM”s ?
No ano de 1971, o Maranhão já tinha um Basquetebol de nível, na classe
juvenil masculina; naquele ano, foi disputado o Campeonato Brasileiro de Juvenil,
em Brasília; os jogadores eram aqueles meninos que jogavam tudo: volei, futebol,
basquetebol: Gafanhoto, Paulão, Carlos, Phil, os Ninas 16.
16 GAFANHOTO, como é conhecido JOSÉ DE RIBAMAR MIRANDA, foi atleta de Basquetebol da Escola Técnica Federal do
Maranhão, sagrando-se campeão brasileiro; foi Coordenador de Desportos da SEDEL, na administração Elir Gomes; graduado em
Economia, exerce a função de assessor parlamentar do deputado Manoel Ribeiro, presidente do Sampaio Corrêa.
PAULÃO, como é conhecido PAULO ROBERTO TINOCO DA SILVA, também daquela segunda geração de ouro do esporte
maranhense; dentista, e professor de educação física; técnico de basquetebol, chegou a atuar como assistente técnico da Seleção
Brasileira Feminina.
CARLOS TINOCO ou CARLÃO, como é conhecido CARLOS ROBERTO TINOCO DA SILVA, irmão de Paulão, também
formado em educação física, exerce a função de técnico de basquete; é professor do CEFET-MA.
Os irmãos HERMÍLIO, ZECA, FILOMENO e GILSON e o cunhado ALBINO; os três primeiros e o cunhado, destacaram-se no
Basquetebol, o último, na natação, onde é técnico até hoje, dos Maristas e da Escola Nina de Natação
Nessa mesma época, estavam acontecendo os III Jogos Escolares
Brasileiros - JEB's - em Belo Horizonte. Dimas, que fora como técnico daquela
seleção de Basquete, após a competição, dirige-se a Belo Horizonte para ver o
que eram aqueles “JEB’s”, que tanto Mary Santos falava e cobrava a participação
do Maranhão. Lá, encontra o maranhense Ari Façanha de Sá, coordenador geral
dos Jogos, que lhe dá todo o apoio. Dimas volta entusiasmado com o que vira. O
Maranhão precisava participar dos JEB’s !
Cláudio Vaz dos Santos 17·, por essa época, já assumira o cargo de chefe do
DEFER, no lugar de Mary Santos. É a ele que Dimas apresenta seu relatório,
sobre os JEB's. Cláudio Alemão já tinha idéia de fazer uma espécie de jogos
estudantis, então com o relatório de Dimas, fez os FEJ.
Segundo Dimas, quando Cláudio assumiu o DEFER, não encontrou
nenhuma estrutura montada. O Maranhão não tinha participado ainda dos JEB's, e
já se estava realizando os III Jogos e o Maranhão já os perdidos, sem condições
de participar. (DIMAS, entrevistas).
Naquele mesmo ano aconteceu o I FEJ - Festival Esportivo da Juventude. É
o próprio Cláudio Vaz quem nos conta como:
“... em 1970, nós precisamos da quadra do Costa Rodrigues para
treinar nossa seleção de Basquete, para irmos para Porto Alegre,
mais precisamente, Santa Cruz do Sul; e nós precisamos do Ginásio,
o técnico era o Chico Cunha - Cearense -, era mineiro, mas
trabalhava no Ceará, e veio trabalhar com a gente aqui, na época do
governo Sarney; nós fomos pedir; não podia ceder o Ginásio para
17 CLÁUDIO ANTÔNIO VAZ DOS SANTOS, o Cláudio "Alemão" - nasceu em São Luís, no dia 24 de dezembro de 1935. Foi atleta de
Basquetebol, Voleibol, Futebol de Campo e de Salão, Atletismo e Natação. Pertenceu àquela famosa "Geração de 53", do esporte
maranhense, atuante nas décadas de 50 e 60. Em 1971, formado em Economia, foi nomeado coordenador do Departamento de Educação
Física, Esportes e Recreação, da então Secretaria de Educação e Cultura - DEFER/SEC; reestruturou o esporte e a educação física
maranhenses, implantando as escolinhas de esportes, no Ginásio Costa Rodrigues, que passou a funcionar das 5 da manhã, às 11 horas da
noite, com futebol de campo, de salão, voleibol, basquetebol, judô, boxe (que também praticou), Karatê, capoeira, xadrez, ginástica
olímpica, folclore ... Nesse mesmo ano, criou o Festival Esportivo da Juventude - FEJ -, embrião dos Jogos Estudantis Maranhenses -
JEM's . Após os JEB's de 1973, dá início, em 1974, à contratação de técnicos e professores, para reforçar as equipes representativas do
Estado nos diversos jogos e campeonatos regionais e brasileiros. Nessa época, trouxe os professores Laércio Elias Pereira, Domingos
Salgado e o atleta Edivaldo Pereira (Biguá), de Handebol. Realizou os primeiros JEM's. Foi coordenador do DEFER até 1978; em 1979,
transfere-se para Brasília, indo coordenar a Unidade Esportiva do DF; em 1980, está de volta à São Luís, passando a dirigir a então
Fundação Municipal de Esportes - FUMESP -; foi, também, Coordenador de Desportos, da então Secretaria de Desportos e Lazer -
SEDEL -, nas administrações de Phil Camarão, Marly Abdala e já na época da GEDEL. Atuou, também, na Prefeitura Municipal de
Caxias, na administração Paulo Marinho, onde permaneceu por dois anos. Hoje, aposentado como fiscal de rendas, trabalha como
assessor parlamentar do Deputado Manoel Ribeiro.17
O jornalista Benedito Buzar conta que, para comemorar a investidura do engenheiro Haroldo Tavares na Prefeitura de São Luís, o
Governador Pedro Neiva de Santana ofereceu à sociedade maranhense um jantar na casa de veraneio em São Marcos. O assunto mais
comentado era o secretariado do novo prefeito. Um dos convidados resolveu, com franqueza e sinceridade, dissertar a respeito dos nomes
escolhidos por Haroldo, considerando-os fracos, à exceção de alguns. Pedro Neiva que ouvia, com muita atenção, a exposição do
convidado, foi direto ao assunto:
- Você acha o secretariado de Haroldo fraco porque ainda não pegou um murro de Cláudio Alemão".] 17
nós treinarmos nossa seleção porque estava tendo jogral; aí depois
do jogral, não podia porque ia ter um reunião - não vou declinar o
nome da pessoa que dirigia, não interessa, só interessa o fato -, não
podia porque tinha que fazer silêncio, porque ia ter uma reunião, e o
Ginásio não podia ser ocupado para treino porque ia ter uma reunião
na sala de reunião, e o barulho ia prejudicar... então nós ficamos do
lado de fora do Costa Rodrigues sem poder treinar...
“- Mas isso vai acabar, Alemão, te prepara que isso vai acabar, dizia
Jaime Santana.
“Quando em 1970, Neiva Santana assumiu o Governo, Jaime me
chama:
- olha, tu vai ser Coordenador de Esporte da Prefeitura; o prefeito
era Haroldo Tavares, e nessa época, nomeado pelo Governador.
“Nós começamos primeiro na Prefeitura, foi nosso primeiro passo; foi
na Coordenação de Esportes; então foi criada a Coordenação de
Esporte da Prefeitura; procurei Carlos Vasconcelos - era da
Coordenação de Educação Física -, aí foi criada a Coordenação de
Esporte, na área estudantil... na área do esporte aberto sem limites,
foi a Coordenação de Esportes; nós tivemos o direito de agir com a
Ildenê, a gente fez esse trabalho, trabalhava só com esporte escolar.
Por sinal, era o mesmo problema, era muito limitado, ele, o esporte
escolar no Maranhão...
"... fomos funcionar onde é o Parque do Bom Menino; tem um
açougue ali em baixo, ali que era a coordenação, alugamos de
Antônio o prédio e fomos fazer a explanação, primeira medida, eu fiz
uma equipe muito boa, foi Geografia, Fernando Sousa, Jaime
Sampaio e Fernando Sousa, jornalista, Diretor Técnico; bom, foi
minha diretoria, ai eu convoquei os professores; fiz o levantamento
de quem é que podia ser útil, quem é que eu tenho para trabalhar,
porque eu tinha o direito de formar escolinhas, que não tínhamos
nada nesse sentido, de formação de atleta.
Então veio o Dimas, veio o Major Alves, professoras... as duas
professoras ... Maria José e Tarcinho; Odinéia; Maria José, Ildenê
Menezes, Dinorah e Celeste Pacheco... Tinha uma que era
funcionária do Ipem, era, eu não sei o nome dela na memória, faz 31
anos, a professora eu não me lembro, mas eu sei que é de nome
conhecido ... Graça Helluy, voleibol; viajou comigo para o primeiro
JEB's em 72, ela foi a técnica; nós já fomos para os JEB's em
Maceió, em 1972; em 71 foi que nós fizemos a escolinha com esse
trabalho e criamos o primeiro FEJ.
“FEJ foi Prefeitura, a Coordenação de Esporte da Prefeitura de São
Luís, em 1970. O primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude).
A Mary Santos fazia Jogos Intercolegiais do interior, ela nunca fez
uns jogos na capital; ela fazia Jogos Intercolegiais; Carlos
Vasconcelos era do MEC, tinha uma rivalidade com ela e fazia os
jogos dele, ele fazia o dela, eram jogos isolados. Com o pessoal da
capital, e a gente trazia o pessoal do interior.
A Mary Santos era do Estado, da Secretaria de Educação e Cultura,
onde tinha uma Secretaria de Esporte, Secretaria de Educação
Física do Estado, era serviço de Educação Física do Estado. Carlos
Vasconcelos que pertencia ao MEC; A Mary estava no Estado, a
Ildenê, no Município. A Ildenê era Secretaria de Educação e a Mary
era de Educação Física, era diretora do Serviço de Educação Física.
"Foi ai que eu entrei, fui dirigir pela primeira vez em 71, nós
entramos no Governo, se não me engano, foi em março ou por aí;
em setembro, nós tivemos o primeiro FEJ (Festival Esportivo da
Juventude) - Semana da Pátria, onde o Colégio de São Luiz foi o
primeiro campeão do FEJ.
“Em 71, eu estava só na Coordenação de Esporte na Prefeitura, e
nós fizemos o primeiro FEJ; aí teve o segundo FEJ, foi quando o
Jaime criou o Departamento de Educação Física e Desportos; Pedro
Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos; já foi no governo de
Pedro Neiva, com Haroldo Tavares; eu entrei primeiro na Prefeitura;
então para que eu pudesse assumir o Estado, criaram o
Departamento de Educação Física e Deporto do Estado; saiu de
Serviço para Departamento; acumulei Coordenador de Esporte da
Prefeitura e Diretor do Departamento de Educação Física e
Desportos do Estado, ligado à Secretaria de Educação, do professor
Luis Rego - era o Secretario na época.
"Já em 72, fui nomeado Diretor do Departamento, lá no Costa
Rodrigues. Transferi a Coordenação, acumulei no Costa Rodrigues,
eu levei tudo para lá, ficou a Coordenação... Eu era Coordenador e
Diretor do Departamento de Educação Física do Estado, e
Presidente do C.R.D.
“Eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte
principal, quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72,
seria em setembro, Dimas foi a Belo Horizonte... ai Dimas trouxe
toda a informação, e o Maranhão podia participar dos JEB's em 72;
ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe... Dimas me
trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do
Handebol, primeira equipe que nós viajamos para o JEB's; Ginástica
Olímpica e Handebol, o Dimas; Coronel Alves, basquete; voleibol,
Graça Hiluy; Coronel Alves - antes era Major -, foi isso para dar
coletivo; que eu levei foram 52 pessoas; não levamos atletismo,
natação, não levamos nada.
"E uma de nossas iniciativas foi justamente essa, de criar esse jogos
escolares; foi o primeiro e o segundo, e depois nós o transformamos
em JEM's.
O primeiro JEM's foi em 73 - sempre tem essa dúvida; o pessoal não
guarda isso mas, o primeiro FEJ foi em 71. o segundo FEJ, em 72; e
o primeiro JEM's, em 73, porque?
Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, mas por bem achamos
melhor mudar para JEM's - Jogos Estudantis Maranhenses -, nós já
tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso...". (VAZ
DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista).
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