Resumo

Os jogos indígenas na cidade representam novas formas de celebrar, de jogar, de transpor obstáculos, de superar sem a competitividade intensa que muitas vezes observamos no esporte. Esses eventos, considerados de massa, constituem campos intrigantes de pesquisas, com implicações interdisciplinares socioantropológicas e da educação física. Representam locais e momentos aonde se observam a alteridade, as diferenças, as aproximações, as rivalidades, as cooperações, as disputas, as trocas, as visibilidades e muito mais. Locais de convivência de saberes ancestrais e contemporâneos sobre práticas corporais e suas inter-relações.

No discurso dos líderes e "atletas" indígenas participantes, esses eventos representam momentos aonde se pode celebrar, transmitir a cultura, estabelecer trocas, conhecer os parentes, novas formas de se jogar, dar visibilidade (1). Essas iniciativas não são novidades na história dos indígenas. Se pensarmos, sempre houve iniciativas de guerras, de acordos, de paz e de negociações com os "brancos" e entre as etnias. A novidade é que no caráter "esportivo", a configuração dos jogos indígenas na cidade tem apenas uma década.

As informações trabalhadas neste texto foram obtidas através de (a) fontes bibliográficas na perspectiva de conceituação e mais especificamente nas (b) pesquisas etnográficas realizadas nos Jogos Estaduais de Conceição do Araguaia (PA), 2006, Campos Novos dos Paresis (MT), 2007, Recife/Olinda (PE), 2007, e a Festa do Índio em Bertioga (SP), 2004 e 2006. Nestes eventos foram realizadas entrevistas com líderes indígenas que os acompanhavam, "atletas" indígenas (termo denominado por eles) no alojamento dos jogos, filmagens na área dos jogos e nos alojamentos.

Acessar