Resumo

Numa sociedade multicultural e democrática, é desejável que a escola possibilite a presença de manifestações culturais dos diferentes grupos sociais que abriga. No entanto, historicamente, a escola e suas atividades educacionais, como os jogos internos, que estão atrelados a disciplina/ componente curricular educação física, têm supervalorizado as práticas culturais dominantes e silenciado as culturas dominadas. Essa perspectiva tem reverberado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do estado do Pará (IFPA), que, inserido no contexto amazônico, seus projetos e ações, em especial de extensão, parecem não contemplar e legitimar a cultura corporal afro-amazônica de maneira tão intensa e digna como as culturas europeias. Nessa conjuntura excludente estão situados os jogos internos dessa instituição. Portanto, o objetivo dessa pesquisa é realizar uma análise documental dos projetos de extensão dos jogos internos de cinco campi do IFPA, a saber: Tucuruí, Santarém, Itaituba, Altamira e Abaetetuba. A investigação dos projetos desvelou elementos que configuram os jogos internos como colonizados, como também levantou reflexões sobre a educação multicultural e a ressignificação dos jogos internos como multiculturais, a fim de se valorizar as práticas corporais que representam a cultura afro-amazônica. A pesquisa é do tipo documental e está ancorada em uma abordagem qualitativa. Os resultados apontam a necessidade de construção coletiva e conflituosa de jogos internos multiculturais, que considere os saberes e a cultura corporal dos povos da floresta.

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