Resumo

O esporte pode acarretar mudanças significativas para os seres humanos, em sua maneira de pensar e na construção de valores, e gerar benefícios sociais que podem ser potencializados com a realização de megaeventos esportivos como os Jogos Paralímpicos. Assim, temos como principais questionamentos: quais os legados, significados e impactos sociais dos Jogos Paralímpicos de 2016 para pessoas que assistiram os jogos, para frequentadores de parques públicos do Reino Unido e para profissionais que atendem pessoas com deficiência no Brasil? Este estudo tem como objetivo geral identificar os impactos sociais e significados dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro de 2016 para esses grupos mencionados. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica e de campo, caracterizando um estudo qualitativo e quantitativo. A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir de um levantamento centrado nos Jogos Paralímpicos e nas políticas públicas envolvendo pessoas com deficiência no âmbito do lazer. Para a análise dos textos, utilizamos as cinco fases de análise de Severino (2007): textual, temática e interpretativa, problematização e síntese pessoal. O estudo qualitativo, segundo Minayo (1994), trabalha a partir de um universo de significados, crenças, valores, aspirações e atitudes. O estudo quantitativo é complementar ao qualitativo. Utilizamos as bibliotecas de instituições do Brasil e do exterior para acesso ao banco de dados digitais. A pesquisa de campo foi realizada por meio de questionários e entrevistas semiestruturadas. Assim, destacamos como impactos sociais positivos, tanto para o grupo investigado no Brasil quanto no Reino Unido, uma aproximação da sociedade em relação às pessoas com deficiência, maior inclusão social dessa parcela da população, incluindo na pesquisa de campo brasileira como impacto positivo o orgulho de sediar tal evento. Por outro lado, destaca-se como impacto social negativo para esses dois grupos, os altos custos para sediar tal evento e a dificuldade no trânsito da cidade por conta dos Jogos, e ainda, para os brasileiros há outro ponto negativo que é a desconfiança no poder público, que pode utilizar recursos indevidamente. Para os profissionais que trabalham com pessoas com deficiência, destacou-se como impacto negativo a falta de locais acessíveis para pessoas com deficiência, a falta de acessibilidade e investimento público em outras áreas, contudo observaram como impacto positivo as transformações e adaptações dos locais durante o megaevento esportivo, que podem servir como exemplo e um olhar mais positivo sobre o corpo com deficiência. Assim, esses resultados nos mostram que sediar um megaevento esportivo pode ser um catalisador para a criação e reconstrução de valores e conceitos sociais, beneficiando não só a pessoa com deficiência, mas toda a sociedade. No Brasil, há uma necessidade de alinhar políticas públicas de acesso e inclusão das pessoas com deficiência a partir da elaboração, execução e avaliação de projetos que promovam mudanças nas atitudes da sociedade para que a inclusão social seja um possível legado para a pessoa com deficiência. Os espaços públicos de lazer devem ser administrados vislumbrando ações que vão além das barreiras físicas, contribuindo para um novo olhar sobre inclusão e, consequentemente, para a melhoria do desenvolvimento social.

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