Jogos paralímpicos e mídia: quais as possíveis contribuições para a mudança de percepção a respeito das pessoas com deficiência
Por Yasmin Vicente Vieira (Autor), Jackeline Colere (Autor), Doralice Lange de Souza (Autor).
Resumo
As pessoas com deficiência (PCD) tendem a sofrer estigmas e preconceitos, por serem vistas como “diferentes” do padrão estabelecido como “normal”. O contato direto (com interações face-a-face) ou indireto (sem interações face-a-face) com um ou mais membros de um grupo de “diferentes”, desde que determinadas condições sejam respeitadas, podem amenizar estes estigmas. Objetivo: Verificar se o contato indireto com PCD através de materiais midiáticos relacionados com os Jogos Paralímpicos (JP) pode interferir na percepção de estudantes universitários a respeito das PCD. Método: O estudo foi de cunho qualitativo e exploratório. Entrevistamos quatorze pessoas, destes, um grupo de seis pessoas haviam tido contato com materiais relacionados com os JP antes da pesquisa e outro grupo de oito pessoas, não. Todos, exceto um participante, haviam tido contato direto com pelo menos uma PCD durante algum momento em suas vidas. Realizamos um dinâmica perguntando às participantes palavras que eles pensavam quando ouviam a expressão “pessoa com deficiência”. A seguir, os entrevistamos para melhor compreendermos as escolhas das palavras citadas. Posteriormente, mostramos dois vídeos que envolviam atletas paralímpicos praticando esportes. Na sequência, repetimos a dinâmica a fim de identificar se contato com os vídeos mudou as percepções deles a respeito das PCD. Resultados: Verificamos que do grupo de seis pessoas, três afirmaram que o contato indireto com os vídeos durante a pesquisa melhorou ainda mais a percepção deles com relação as PCD. Já os outros três participantes afirmaram que os vídeos não mudaram a percepção deles. Do grupo de oito pessoas, cinco conseguiram modificar de forma positiva, as suas percepções para melhor em relação às PCD. As outras três pessoas que haviam tido um contato mais regular e duradouro e já tinham uma percepção mais positiva a respeito das PCD, aparentemente não modificaram as suas percepções. Conclusões: O estudo sugere que o contato indireto pode ser uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento de uma percepção mais positiva a respeito das PCD principalmente no caso de pessoas que não têm a oportunidade de sustentar um contato direto e duradouro com uma PCD.