“Jongo, uma roda pela igualdade”: tematizando o jongo na educação infantil
Por Carolina Gitahy Hamburger (Autor).
Parte de Escrevivências da educação física cultural - Vol. 2 . páginas 117 - 135
Resumo
“Jongo, uma roda pela igualdade” foi fruto da tematização do jongo, de-senvolvida entre fevereiro e agosto de 2019, na turmaClementina de Jesus, composto por 30 crianças de 4 e 5 anos, da Escola Municipal de Educação Infantil Nelson Mandela, localizada no bairro do Limão, zona norte de São Paulo. O jongo é uma dança de roda advinda das regiões da Angola e do Congo, trazida para o Brasil por populações que foram escravizadas. Res-significado ao longo do tempo, o jongo, como forma de saudação da ances-tralidade e afirmação identitária, representa a resistência do povo negro, a riqueza de suas culturas e é matriz de outras manifestações culturais relevantes para a cultura brasileira, como o samba.Desde 2011, a EMEI Nelson Mandela vem transformando as relações ra-ciais dentro da escola a partir da construção coletiva de um Projeto Político Pedagógico baseado na Lei 10.639/0370, e trabalha para que os princípios de uma educação antirracista atravessem todas as dimensões de seu currícu-lo. A escola entende que as estruturas sociais, políticas, econômicas e cul-turais do Brasil foram historicamente construídas a partir de concepções e mecanismos racistas que favorecem as pessoas brancas em detrimento das não-brancas e que esse racismo estrutural afeta as pessoas de diversas formas desde a primeira infância. A história do Brasil, tal como narrada até os dias de hoje, apagou ou distorceu traços fundamentais da luta das pessoas negras e suas contribuições para formação das áreas cultural, social, econômica e política nacionais. A maneira como as pessoas negras, suas histórias e culturas são apresentadas, representadas ou excluídas das escolas podem determinar com que aspectos as crianças vão construir suas identidades e referências. A EMEI Nelson Mandela acredita ser dever da escola assegurar que essa história seja recontada e garantir representa-tividade, valorizando a negritude e desconstruindo estereótipos.