Resumo

O presente estudo visa compreender como o Jornal das Moças (1914-1965) construiu concepções de corpo feminino partir das suas reportagens sobre ginástica e beleza, entre as décadas de 1940 e 1950. Para tanto, as edições deste jornal foram acessadas por meio do acervo da Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional. Após a coleta de fontes, estas passaram pela análise documental. Historicamente, a ginástica disseminou representações de beleza, as quais foram produzidas e reproduzidas por jornais e revistas. Compreender como esta relação se estabeleceu em um jornal para mulheres, possibilita perceber como, e se, as representações de beleza do ontem estão presentes no hoje e com quais roupagens. Este jornal se intitulava como a revista da mulher no lar e na sociedade. Neste cenário, a prática de exercícios da ginástica era recomendada com a justificativa de que as mulheres deveriam buscar o embelezamento de suas silhuetas, como exemplificado neste trecho da revista: “Principalmente as mulheres têm obrigação de praticar pelo menos cinco minutos de ginástica por dia. Escravas da beleza de suas curvas, precisam manter sempre em dia essas formas” (EZAGUI, 1951, p. 11). Contudo, neste período, o país passava por mudanças, Sant’anna (2018, p.111) afirma que, na medida em que as cidades brasileiras cresciam e as mulheres integravam o mercado de trabalho, os conselhos de beleza incluíam recomendações relacionadas ao comportamento. Tal afirmação pode ser vislumbrada em uma nota no Jornal das Moças, a qual explicita que as práticas corporais femininas devem ir para além dos exercícios ginásticos, mas, também, os exercícios de movimentos: “Ela deve saber o que fazer com as mãos quando está sentada em um salão, quando está a mesa, quando passeia ou quando conversa” (JANI, 1954, p. 69). Diante disto, concluímos que, no período determinado, as relações entre beleza e ginástica se estabeleceram por uma construção de representações de corpo da mulher, onde o Jornal das Moças estava envolvido em um duplo movimento, o de produção e o de reprodução de concepções sobre o corpo feminino por meio de práticas e representações de beleza, dentre estas, a ginástica.