Resumo
O Karatê chegou ao Brasil através das imigrações japonesas e possui hoje mais de um milhão de praticantes. Porém, são raros os cursos de Educação Física que têm disciplinas a ele relacionadas, resultando no distanciamento do profissional desta área do universo das artes marciais. O objetivo deste estudo foi estabelecer uma perspectiva de compreensão do fenômeno Karatê a partir daqueles que o vivenciam. Pautados pela fenomenologia entrevistamos 10 Senseis do Karatê-Do, com a interrogação: O que é isto o karatê para o Sensei? Baseados em suas descrições formamos as categorias: a) Karatê-Do como Própria Vida (afirmaram ser o Karatê uma prática intrínseca à vida); b) Educando e se Educando com o Budô através do Karatê (explicitaram ser o Budô uma possibilidade de ensinar e aprender para além da luta); c) De Luta a Caminho (comentaram que muitos iniciam o Karatê como luta e depois passam a compreendê-lo como caminho de auto-conhecimento). Consideramos que o Karatê-Do, entendido como sabedoria de vida ou modo de viver, embora possua características e similaridades com a filosofia, não possui seu alicerce no pensamento lógico ocidental, ao contrário encontra-se centrado na sabedoria oriental, na qual se privilegia a compreensão e contemplação do mundo através da experiência pessoal cotidiana.