Resumo

“Karate para toda a vida” é o lema e nome da proposta de ensino intrincada com o desenvolvimento de atletas, treinadores e o pós carreira profissional desse esporte, no Japão, pela Japan Karate Shoto Federation - JKS. Objetivo: Identificar confluências e distanciamentos entre a visão de ensino do “Karatê para Toda a Vida” com os eixos temáticos da Pedagogia do Esporte, para o desenvolvimento de uma metodologia condizente com a realidade brasileira. Metodologia: Trata-se de um estudo exploratório, indutivo, etnográfico, usando a observação participante e produção de diário de campo como métodos de coleta de dados. A coleta de dados ocorreu em duas participações de cursos para treinadores promovidos pela JKS em conjunto com a Universidade Teikyo, em Tóquio, em 2013 e 2015, e outros dois realizados pela entidade, no Brasil, em 2022 e 2023. Apesar dos desafios impostos pelo estudo de caráter etnográfico, especialmente pelo tempo prolongado que esse tipo de pesquisa envolve, foi possível através dele a obtenção das informações necessárias para alcançar os objetivos propostos pelo estudo. Resultados: Há crescente preocupação internacional em minimizar o uso de metodologias técnico-analíticas e avançar para métodos interacionistas e globais. Em todas as oportunidades de observação ocorreram situações de treinamento e debate em que eixos da Pedagogia do Esporte estiveram presentes, com mais ênfase no técnicotático do que no socioeducativo e histórico-cultural. Há uma tímida preocupação na inclusão de mulheres e pessoas de diferentes etnias. Dentro da inclusão de para-atletas há trabalho substancial do Karate para cadeirantes, mas menor para outros públicos, assim como não há trabalhos direcionados a outras minorias. Conclusões: Os resultados indicam uma mudança de paradigma ocorrendo no meio do Karate, especialmente ligada ao desenvolvimento de metodologias mais adequadas às diferentes fases da vida. Apesar dos avanços, há ainda muito a transformar para termos os praticantes como atores centrais; para que possamos produzir práticas através das diferenças; para que minorias tenham espaços seguros para praticar; e para que a autonomia e o prazer superem a visão de dever herdadas do século XX.

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