Resumo

A pesquisa busca identificar os argumentos que se associam atribuindo à Educação Física uma hierarquia (status) acadêmica pouco esclarecida no contexto da Universidade. Para o tratamento do problema, a atenção não estará centralizada na Educação Física, e sim na Universidade considerada como continente de uma série de propostas curriculares organizadas na forma de cursos. Através deles alcançam-se um título final: profissional, técnico ou docente. Essas diversas alternativas para atingir uma formação de grau não ocupam o mesmo lugar institucional no nível de consideração dos universitários. Existe, porém, uma série de elementos intrínsecos que privilegiam ou não levam em consideração algumas áreas do conhecimento; o fato de ter a Universidade a faculdade de se providenciar seu próprio governo, dificulta a possibilidade de reverter a situação no seio de uma cultura acadêmica tradicionalista e preconceituosa.Foi entrevistado um universo de sessenta e seis pessoas (membros da Assembléia Universitária, máximo órgão de governo da Universidade), cuja opinião poderia considerar-se qualificada, pois a sua posição em frente de um problema desta natureza pode incidir significativamente na tomada de decisões sobre os rumos de uma área acadêmica tradicionalmente não universitária. As opiniões não atribuem à Educação Física méritos acadêmicos suficientes para atribuir-lhe o status de disciplina universitária ou de carreira de grau, seja qual for o setor de representatividade de onde provém: docente, estudante, não docente (funcionário) ou graduado.As antigas antinomias mente-corpo, idéia-matéria, espírito-corpo, visível-invisível, que tiveram e tem singular aceitação em diversas culturas através do tempo, parecem obstáculos difíceis de vencer, ainda hoje, mesmo que o esporte e o corpo sejam emergentes imperativos da pós-modernidade e que as práticas de atividades físicas também não sejam alheias aos universitários respondentes. Contudo, o status acadêmico que deve ocupar é essencialmente uma questão de méritos atribuídos pelos representantes de outras áreas de conhecimento ou profissões, que circunstancialmente observam à Universidade como uma totalidade, estabelecendo "hierarquias" na medida das suas próprias escadas de valores, estabelecendo comparações. Em conclusão, a Educação Física, imersa nesse universo acadêmico tradicional e plural, com pretensões de ser reconhecida como um novo campo epistemológico, deverá resolver sua situação identificando e revertendo suas próprias dificuldades e limitações, produtos de uma história particularmente não universitária no contexto nacional. Essa pesquisa aspira, entre outras coisas, a trazer elementos para adequar a área ao perfil institucional geral. Os cenários do futuro, não são desafios apenas para a Educação Física, mas ela deverá reorganizar-se no âmbito de uma Instituição diferente, conforme às exigências do terceiro milênio, sem preconceitos de elite, nem dualismos que historicamente a caracterizaram restringindo sua universalidade.A Educação Física do futuro, a partir da Universidade, deverá assumir a responsabilidade de contribuir para a definição de uma nova antropologia.

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