Resumo
Este trabalho tem como objetivo investigar a realidade dos jovens do loteamento Vila Ipê, suas opções de lazer e as influências causadas pelo estigma que foi construído de lugar violento. Para tanto, nos fundamentamos filosoficamente nos pressupostos metodológicos do Materialismo Histórico Dialético, orientados pelas sugestões de Triviños (2008) para o desenvolvimento de uma pesquisa na Linha Dialética, esboçado nos três momentos seguintes: a contemplação viva; a análise e a realidade concreta do fenômeno. Os instrumentos empregados foram: questionário com questões abertas, observação livre e entrevista semi-estruturada, tendo como sujeitos, jovens entre 14 e 19 anos, que residem no loteamento e estudam ou estudaram na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ruben Bento Alves. Para concretizar este estudo, primeiramente, delimitamos a realidade e as peculiaridades do Vila Ipê no contexto de Caxias do Sul, demonstrando a importância de conhecer a sua dinâmica e o seu desenvolvimento. Além da formação e urbanização da comunidade, enfatizamos a Escola como referência e o lazer como carência, duas das suas singularidades. Neste contexto, buscamos o entendimento de um dos aspectos desta realidade, que se destaca de forma geral quando nos referimos ao Vila Ipê na sociedade caxiense, que é o estigma de violência que ele carrega. Após esta percepção apresentamos e analisamos a fala dos jovens, a partir dos dados obtidos no trabalho de campo, aonde eles demonstram como entendem a realidade aonde vivem. Para tanto, destacamos as seguintes categorias: “a percepção do Vila Ipê como lugar de moradia”, “as opções de lazer dos jovens no loteamento” e “o estigma de violência e seus desdobramentos”. A compreensão destas categorias acontece através da apreensão do aspecto geral do trabalho, que é o estigma de violência. A partir desta, entendemos a percepção que os jovens tem do local em que vivem, buscando parte deste cotidiano que são as opções de lazer, onde, além da descrição, questionamos quais as suas relações com a violência, aonde definimos sua contrariedade e apontamos para os reais desdobramentos que o estigma promove. Chegamos às considerações finais com o entendimento de que os jovens compreendem o processo de estigmatização do loteamento, porém este não se concretiza dentro da comunidade, pois apesar de carregar esta marca, os jovens demonstram gostar de viver no Vila Ipê, tendo um significativo vínculo com ele. Dessa forma, mesmo que as políticas públicas justifiquem a violência nas regiões periféricas a partir da falta, ou inexistência de opções de lazer, não constatamos esta evidencia, pois os jovens apesar das marcas sociais e da escassez de possibilidades, encontram estratégias para suprir essa carência, no entanto o estigma continua evidente na sociedade. Assim, encontramos alguns dos seus desdobramentos, principalmente quando fora do loteamento, os jovens encontramse em situação escolar ou laborais.