Legado Olímpico em Questão - Megaeventos na Cidade do Rio de Janeiro e as Controvérsias em Torno dos Jogos Olímpicos Rio 2016
Por Jimmy Medeiros (Autor), Bernardo Borges Buarque de Hollanda (Autor).
Em Revista de Gestão e Negócios do Esporte - RGNE v. 5, n 2, 2020.
Resumo
O artigo explora as diferentes percepções da população do Rio de Janeiro em torno da categoria nativa “legado olímpico”, de modo a avaliar os supostos benefícios trazidos à cidade-sede da XXXI Olimpíadas de Verão, em 2016. Passados dois anos de seu encerramento, conduziu-se a aplicação de um survey entre os moradores cariocas, com um conjunto de questões avaliativas dos aspectos positivos e negativos acerca desse megaevento esportivo, realizado pela primeira vez na América do Sul. O levantamento e a tabulação permitiram que se trace um perfil quantitativo do respondente e também que se esquadrinhe o modo pelo qual os habitantes da cidade compreendem o significado dos Jogos Olímpicos em seu dia a dia, seja em função da mobilidade urbana, dos equipamentos desportivos ou da infraestrutura legada pelo evento. O esquadrinhamento dos dados levantados na sondagem de opinião possibilitou se chegar à seguinte conclusão: dois anos depois de sua realização, o cidadão carioca avaliou como ligeiramente positiva a ocorrência do torneio no que se refere às vantagens percebidas para sua vida individual e para a cidade. Contudo, a leve vantagem não impediu a identificação de um quadro bastante polarizado, com um percentual expressivo de moradores insatisfeitos, haja vista a desproporção entre o montante de recursos públicos investidos e a ausência de contrapartidas esperadas, simbólicas e materiais, tal como reiterada pela narrativa dos organizadores, nacionais e internacionais, dos Jogos Rio 2016. Como resultado pontual, 22% não souberam indicar benefícios dos Jogos para a cidade do Rio de Janeiro, o item de maior frequência. Os outros 78% indicaram resultados variados, como turismo e infraestrutura de transporte. Ao mesmo tempo, a principal desvantagem mencionada foi o gasto tido como desnecessário