Resumo
Este estudo trata da intersubjetividade na temática do movimento humano, num contexto interdisciplinar, com base na ontologia da linguagem em M. Merleau-Ponty e na teoria do agir comunicativo em J. Habermas. O movimento é o transito entre os sujeitos e o mundo, é a experiência primordial, que através da linguagem vamos retomando e criando sentidos e significados. A linguagem é indissociável do corpo, e é este que possibilita fazê-la existir. O corpo é eminentemente expressivo. Existe um sentido de unidade que emerge da própria experiência, traduzindo-se num preenchimento ou completude, que experimento pelo movimento. Um exemplo especial é a própria fala que não só retoma sentidos e significações, mas também os cria, a partir de sua própria experiência. A experiência perceptiva ganha lugar de destaque junto as nossas experiências simbólicas num contexto de comunicação. Desta forma, procuramos pensar o movimento humano a partir do conceito de fundação em M. Merleau-Ponty, apontando uma relação espontânea entre as partes que formam um todo único e indivisível. Da crítica a abordagem funcional e biomecânica em direção a concepção dialógica do movimento humano (Kunz, 1991), em que o movimento encontra-se num contexto de relação e de expressão, buscamos esta parceria movimento e intersubjetividade, com a intenção de abrirmos novos caminhos que complementem um trabalho de educação através do movimento, onde a linguagem seria o ponto fundamental do processo, no sentido de abrir horizontes simbólicos e ampliar possibilidades de comunicação resgatando a importância das nossas experiências tanto perceptivas quanto simbólicas em direção a uma reflexão crítica.