Resumo

"...Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo, não dá mais pra plantar
E se plantar não nasce, se nascer não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar

Cadê a flor daqui? Poluição comeu
O peixe que é do mar? Poluição como eu
O verde onde está que tá? Poluição como eu
Nem o Chico Mendes sobreviveu...”

 

“Xote ecológico” – Luiz Gonzaga e Agnaldo Batista

 

O lixo cresce como nunca na sociedade do consumo e da falta de consciência.

Não basta o acúmulo nas cidades, com lixões a céu aberto, cuja duração é postergada “ad infinitum” por leis, influenciadas por lobbies criminosos contra a saúde pública, e o descarte irresponsável nas cidades provocando doenças e enchentes, resultando em famílias perdendo tudo, quando não perdem a vida também.

Muitos países estão exportando seu lixo para outros que aceitem servir de depósitos do excesso consumista.

Os nossos rios estão se transformando em esgotos a céu aberto, impedindo o lazer e a navegação, e levando doenças por onde passam. Esgotos não tratados e material poluente industrial ou de catástrofes anunciadas provocam efeitos devastadores, nas bacias que nos abastecem.

E os oceanos não escapam dessa invasão do descarte irresponsável.

Notícias recentes dão conta que a Ilha de Trindade, paraíso ecológico brasileiro, quase inabitado e fechado para o turismo, ainda assim está ameaçada com a formação de rochas de plástico, que se espalham ameaçando a flora e fauna locais. Lixo de todo tipo, mas fundamentalmente plásticos e redes de pesca, estão se espalhando pela região, onde a riqueza de diversidade de espécies é tão grande que algumas delas ainda nem foram estudadas e catalogadas.

Não se chegou à conclusão definitiva sobre o problema, mas o mais provável é que o lixo chegue através de grandes massas de água, as correntes marinhas, ou que os resíduos sejam descartados por grandes embarcações.

Além de colocarem em risco o ecossistema, essas rochas podem significar um legado que ficará indelével na história humana, de desrespeito ao meio ambiente. Isso porque segundo alguns especialistas, corremos o risco de que a poluição plástica fique registrada biologicamente na história da Terra, nas camadas geológicas, e assim perdurarem como testemunhos do desrespeito humano pela Natureza.

O lixo encontrado em Trindade vem de várias partes do mundo, conforme constatam análises preliminares. O problema não é mais municipal ou nacional.  Virou uma questão internacional, e sempre prejudicando nosso planeta, ainda que não tenhamos a dimensão do seu tamanho.

Como se tudo isso ainda não bastasse, agora o alerta vem, pasmem, do espaço, com sinais de que é crescente o número de fragmentos de detritos espaciais que estão orbitando a Terra.  Eles se movimentam muito rápido podendo causar colisões e gerar ainda mais detritos fragmentados, ou impactar os satélites, que dão o suporte para as novas tecnologias.

É fato que a maioria dos detritos queima ao reentrar na atmosfera terrestre, mas é válido o alerta de que pedaços grandes podem, às vezes, sobreviver e cair no solo, conforme destacam cientistas em reportagens recentes.

Reaproveitamento, reciclagem, limpeza e destino adequado, e leis rígidas são soluções para o lixo em qualquer espaço, terreno ou não.  Mas tudo isso depende de vontade política e conscientização e ao que parece muita sujeira ainda nos espera na terra, na água e no espaço sideral antes que isso se torne uma realidade.

Enquanto isso a grande maioria está preocupada com a limpeza de seus lares, sejam residências ou países, jogando o lixo fora, ainda que seja no quintal de outros, e que se dane o planeta, como se todos nós não vivêssemos nele.

“,,, Cadê o azul do céu
E o verde do mar...
E o paraíso onde está, onde está
A maravilha de um lugar...

E a floresta a serra, o mar
Onça pintada e Jequitibá
Vamos tentar, nossa Terra salvar
Passarinho gosta de voar, e cantar pra sempre deixa o mato verde se espalhar... “

“Pra sempre verde” – Tom Jobim